61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
O USO DO EXTRATO DO FUNGO Pycnoporus sanguineus COMO INIBIDOR DO CRESCIMENTO DE FORMIGAS CORTADEIRAS DE ORDEM HYMENOPTERA E FAMILIA FORMICIDAE
Raimundo Julio Albuqurque de Lima 1
1. Universidade do Estado do Amazonas / UEA
INTRODUÇÃO:

Alguns fungos filamentosos têm em comum a habilidade de produzir enzimas extracelulares que oxidam compostos fenólicos relacionados à lignina e são particularmente úteis na bioconversão da madeira, como por exemplo, no pré-tratamento biológico de cavacos de madeira na indústria de papel e celulose, o que permite a economia de energia no processo mecânico e termomecânico de produção de pasta celulósica  (CASTRO E SILVA, 2001;2002). Reis et. al. (2001), demonstrou que algumas enzimas, entre elas as celulases, reúnem propriedades que indicam seu potencial de uso na alimentação animal.  Eles avaliaram as propriedades bioquímicas de quatro celulases recombinantes e, concluíram que apresentam perfil de atividade que indicam seu potencial de uso na suplementação de dietas para frangos. Recentemente, uma nova fonte de a-amilase foi identificada em Pycnoporus sanguineus (DE ALMEIDA,1982). Este fungo possui um “pool” enzimático que de acordo com Castro e Silva et al, (1993), que estudaram uma cepa amazônica deste fungo, passa pela produção em meio “agar-malte” de lignina-peroxidase, peroxidase, lacase- Mn-peroxidades, b-glicosidase, celulase e xilanase. Portanto, dada a importância industrial de fungos como o  Pycnoporus sanguineus,  buscou-se  através deste projeto estudar a produção enzimática do referido fungo, através da determinação  da enzima  b-Glicosidase, sendo os  resultados oriundos do presente projeto de grande importância para o estado incipiente da biotecnologia no Estado do Amazonas, uma vez que volta-se a aplicação industrial  de fungos que notadamente são reconhecidos apenas como deterioradores de madeira.

 

METODOLOGIA:

A linhagem utilizada neste estudo foi do fungo Pycnoporus sangüíneus, coletada nas serrarias e em áreas ao redor de Parintins. A coleta foi realizada durante o período de verão e os fungos foram armazenados em sacos de papel e mantidos em temperatura ambiente no Laboratório de Biologia do CESP-UEA. O desenvolvimento metodológico do trabalho, após a coleta dos fungos, foi dividido nas seguintes etapas.

1ª Etapa: Trituração

            Após serem devidamente desidratados os corpos frutíferos do fungo foram  triturados até se obter uma quantidade suficiente para preparar o extrato (em média 900g em pó).

2a Etapa: Preparação do Extrato

Segundo metodologia proposta por Castro e Silva, (2002), o extrato fungico foi preparado de duas maneiras diferentes, uma usando água destilada e a outra usando álcool 70%. O fungo triturado foi colocado em dois recipientes opacos, cada um com 450g, em seguida foi adicionado 1000 mL de água destilada em um deles e 1000 mL de álcool 70% no outro. Nestas condições permaneceram por 7 dias. Posteriormente, o extrato foi  diluído nas  concentrações  [2], [4] e [6], o pH foi ajustado para 5, para realização dos ensaios.

3ª Etapa: Formigas cortadeiras

As formigas cortadeiras foram coletadas de ninhos e partes diversas de árvores de diferentes espécies. Para evitar o estresse, as formigas foram coletadas somente próximo ao período do teste e armazenados em vidros com passagem de ar, pois devem ser mantidas vivas.

4a Etapa: Ensaio

O ensaio  foi realizado sempre em placas de Petri, com triplicatas, para todas as concentrações usadas, sempre usando-se para cada amostra uma placa controle. Cada placa foi forrada com papel filtro, e colocados cerca de 10 espécimes de formigas em cada uma delas, sendo borrifados 5 mL de extrato, com exceção da placa controle, que foi borrifada com água. Em seguida, as placas foram levadas para encubadora, onde foram mantidas em 300C. Este procedimento foi realizado tanto para o extrato aquoso quanto para o etanólico.

 

RESULTADOS:

Meio Aquoso

 

 Neste meio, os resultados foram satisfatórios para todas as concentrações testadas, pois houve morte significativa de formigas cortadeiras em todas as placas com extrato e na placa controle a maioria dos espécimes permaneceram vivas. Porém, o melhor resultado obtido foi com o extrato na concentração 4, pois ocasionou a morte de um maior número de espécimes em menor intervalo de tempo, ou seja, 12 horas após a borrifação do extrato.

Meio Alcoólico

 

 O extrato em meio alcoólico, mostrou-se mais eficiente que o extrato em meio aquoso, pois utilizando as mesmas concentrações, os cupins morreram mais rapidamente, ou seja 8 horas após a borrifação do extrato. Sendo a concentração 4 também considerada a ótima, porém, muito mais eficiente, uma vez que a morte foi quase total em todas as placas borrifadas.

CONCLUSÃO:
Entre todas as concentrações testas, o extrato em meio alcoólico e concentração 4 mostrou-se mais eficiente que o extrato em meio aquoso, uma vez que o índice de mortandade das formigas cortadeiras foi maior em um menor intervalo de tempo, o que torna o uso do extrato fungico de P. Sanguineus viável como bioinseticida, podendo ser utilizado no controle biológico de pragas que causam danos ao homem.
Instituição de Fomento: FAPEAM/UEA
Palavras-chave: FUNGO, EXTRATO, FORMIGA.