61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 2. Fisiologia Comparada
SENSIBILIDADE E ALTERAÇÕES NA ATIVIDADE ENZIMÁTICA DA GLUTATIONA S-TRANSFERASE E CATALASE EM TAMBAQUIS (Colossoma macropomum) EXPOSTOS AO COBRE EM ÁGUA DO RIO NEGRO
Vivianne da Silva Fonseca 1
Ronildo Oliveira Figueiredo 1
Karen Yuri Suguiyama da Silva 1
Manoela Meyersieck Jardim 1
Fabíola Xochilt Valdez Domingos 1
Adalberto Luís Val 1
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)
INTRODUÇÃO:
Os ecossistemas aquáticos são vulneráveis a contaminação por metais oriundos da descarga de efluentes da agricultura, das atividades industriais e urbanas. Dentre os diferentes tipos de água existentes na Amazônia as águas do rio Negro possuem em sua composição grande quantidade de matéria orgânica. A presença de tais sustâncias exerce influência sobre a biodisponibilidade de alguns metais, podendo diminuir sua toxicidade. O cobre é um metal essencial, utilizado como co-fator enzimático e está envolvido no processo de transferência de elétrons na cadeia respiratória. Alterações na quantidade de cobre existentes no organismo podem modificar a atividade de enzimas do sistema antioxidante como a catalase (CAT) e de biotransformação como a glutationa S-transferase (GST). A atividade destas enzimas tem sido utilizada como biomarcador de contaminação aquática em peixes. O tambaqui, Colossoma macropomum, é uma espécie nativa da bacia Amazônica e tem um alto valor comercial. Esta espécie foi escolhida como modelo de estudo para determinar a sensibilidade aguda e avaliar o efeito crônico da exposição ao cobre na presença de carbono orgânico dissolvido que ocorre naturalmente nas águas do Rio Negro.
METODOLOGIA:

Para a determinação da sensibilidade ao cobre (CL50-96h), juvenis de tambaqui (8,27±0,99cm e 12,51±3,65g) foram expostos a 8 concentrações de cobre que variaram de zero a 3000 µg/L durante 96h em água do rio Negro. A mortalidade dos peixes foi mensurada e a CL50 calculada por meio do programa computacional “LC50 Program JSPear Test” baseado no método trimmed Spearman–Karber. Para avaliar o efeito crônico, os animais foram expostos a 35% da CL50-96h (360 µg/L) determinada no experimento de sensibilidade, por um período de 28 dias. Os animais foram expostos a dois tratamentos: água do Rio Negro na ausência ou presença de cobre em tanques de 500L com renovação de 50% da água a cada 48 horas. No tempo 0 (zero), 7, 14, 21 e 28 dias, seis exemplares de cada tratamento foram coletados, anestesiados, medidos e pesados para retirada do fígado. Posteriormente, a atividade das enzimas GST e CAT foi determinada. Diferenças na atividade de cada enzima entre os diferentes tempos de exposição foram detectadas por meio de análise de variância (ANOVA de uma via com medidas repetidas) e, se necessário, discriminadas por meio do teste de comparações múltiplas de Holm-Sidak.

RESULTADOS:

A CL50 96h obtida experimentalmente em tambaquis foi de 1024 µg Cu/L em água do Rio Negro. Com relação aos parâmetros antioxidadntes ambas as enzimas apresentaram tendência de aumento em sua atividade ao longo do período experimental. Após 21 e 28 dias de exposição ao cobre, ocorreu aumento significativo da atividade enzimática da CAT quando comparado ao tempo zero, e indução da enzima GST observada após 28 dias de exposição. 

CONCLUSÃO:

A presença de carbono orgânico, que é uma das características da água do Rio Negro, promove efeito protetor com relação à toxicidade do cobre na espécie Colossoma macropomum. A exposição crônica de tambaqui ao cobre induz a atividade de enzimas relacionadas ao estresse oxidativo e biotransformação.

Instituição de Fomento: INPA, International Copper Association – ICA
Palavras-chave: metais, atividade enzimática, contaminação aquática.