61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 1. Climatologia
DIFERENÇAS INTRA-URBANAS DE TEMPERATURA: UMA ANÁLISE NO CENTRO E NO BAIRRO DE PAULO CORRÊA DA CIDADE DE PARINTINS- AM
Quetsia Soares Marinho 1
Alem Silvia Marinho dos Santos 1
1. Universidade do Estado do Amazonas-UEA
INTRODUÇÃO:
O advento da Revolução Industrial e a consolidação da economia capitalista proporcionaram o surgimento de inúmeros problemas ambientais, dentre eles, estão os relacionados ao equilíbrio atmosférico, visto que, a interação do clima regional com a cidade gera o clima urbano, por isso, a cidade deve ser analisada de acordo com as variações do ambiente em todos os seus níveis, tais como nos bairros, ruas, casas e ambientes internos. Em virtude disso, a presente pesquisa realizada na cidade de Parintins, com população segundo o IBGE (2007) de aproximadamente 102.044 habitantes sendo 66.236 na área urbana e 35.808 na área rural, torna-se relevante porque na atualidade, por ser uma cidade referência às demais, a mesma apresentou um aumento populacional significativo, o que intensificou o processo de urbanização, a circulação de veículos automotores e o desmatamento em seus arredores, fatores estes que contribuem com modificações na temperatura urbana. Nesta perspectiva, esta pesquisa analisou as diferenças intra-urbanas de temperatura no Centro e no bairro de Paulo Corrêa comparando-as, levando em consideração os fatores físicos, antrópicos e identificando a influência desta temperatura no conforto térmico dos moradores. Neste sentido, esta pesquisa se presta para o conhecimento acerca das mudanças propiciadas pelo progresso da malha urbana, a influência humana na modificação dos processos atmosféricos e a existência de micro-climas em cidades de médio porte.
METODOLOGIA:
As ações desta pesquisa se sucederam em duas etapas, que consistiram em dez dias de medições de temperatura nos bairros em horários compreendidos entre nove, doze, quinze e vinte e uma horas da noite nos dois meses mais significativas das estações inverno e verão, os quais foram setembro e fevereiro. O ponto de medição do bairro do Centro foi a Praça da Catedral, localizada em área devidamente pavimentada, com construções de médio porte em seus arredores e a aproximadamente 400 metros da margem do Rio Amazonas, o ponto de medição do bairro de Paulo Corrêa foi em uma quadra de areia localizada em meio ao bairro pouco pavimentado e com a presença da floresta a aproximadamente 500 metros. Além disso, esta pesquisa contou com a utilização dos métodos indutivo e fenomenológico como métodos de abordagem, em vista disso, foram aplicados quarenta formulários nos respectivos bairros a fim de detectar a relação dos resultados da temperatura com o conforto térmico dos moradores. Após estes passos houve a análise das medições de temperaturas e a ligação das mesmas com as respostas obtidas.
RESULTADOS:
Diante das medições de temperatura realizadas no decorrer da pesquisa, durante os dez dias na estação do verão no mês de setembro, a máxima no Centro foi 37ºC e a mínima 29.7ºC, enquanto que no bairro de Paulo Corrêa a máxima foi 36.8ºC e a mínima 30ºC, ante estes resultados pode-se inferir que a ação antrópica influencia no aumento de temperatura, visto que, o crescimento populacional da cidade propiciou principalmente nas áreas centrais uma acelerada urbanização, o que de fato perturba o equilíbrio atmosférico que reflete na superfície temperaturas elevadas. Ressalte-se, contudo, que a temperatura na área central principalmente à noite recebe forte influência das correntes de ar frio do rio Amazonas, posto que apresentam queda significativa em relação ao outro bairro e umidade do ar superior a 60% em todos os dias de medição, nesta estação o horário que apresentou a temperatura mais alta foi às doze horas com umidade do ar sempre inferior a 38%, ademais, observou-se que nas medições das nove horas da manhã o Centro apresentou temperaturas mais elevadas que o bairro de Paulo Corrêa, este resultado foi atribuído ao fato de que este horário é o de maior circulação de veículos automotores nesta área, ficando o calor concentrado próximo à superfície. No que tange, às medições realizadas na estação do inverno, precisamente no mês de fevereiro a máxima obtida no Centro foi 35ºC e a mínima 24ºC, no bairro de Paulo Corrêa a máxima foi 34.8ºC e a mínima 23.5ºC, diante destes resultados, afirma-se que mesmo em um período de friagem alguns dias a temperatura permaneceu-se elevada em ambos os lugares, afetando o conforto térmico dos moradores dos bairros, cabe enfatizar, que em aproximadamente três dias ocorreu à cena de que em um bairro a temperatura permanecia estável e no outro ocorria precipitação o que de fato proporcionou uma queda na temperatura, o que valida a hipótese da existência de variações de temperatura consideráveis em Parintins, podendo ocasionar daqui a algum tempo a existência de micro-climas em uma cidade de médio porte do interior. Em concordância aos resultados obtidos, os moradores de ambos os bairros afirmaram sofrer perturbações em seu conforto térmico principalmente na estação do verão, posto que, as altas temperaturas alteram a vivência do ser humano.
CONCLUSÃO:
Através da pesquisa desenvolvida, obteve-se como resultado a validação da hipótese de que a ação humana desenvolvida através do desmatamento, urbanização, emissão de partículas poluentes à atmosfera entre outros, possui forte influência na variação de temperatura e na geração de micro-climas em uma cidade, ficou constatado que os fenômenos do tempo exercem influência direta das ações humanas, assim como dos fatores naturais. Cumpre citar, a variabilidade de temperatura ocorrida entre ambos no horário das quinze horas, o Centro geralmente apresentava temperatura mais elevada e umidade do ar baixa, não havia a presença de ventos, todavia, no outro bairro a temperatura sempre era menor com a presença de umidade trazida pelo vento que vinha da floresta ao fundo do bairro de Paulo Corrêa. Ante o exposto, conclui-se que realmente áreas que possuem maior circulação de veículos e urbanização, possuem a temperatura mais elevada que áreas pouco urbanizadas. Dessa maneira, as altas temperaturas ocorridas na estação do verão e em alguns dias do inverno alteram o conforto térmico dos moradores, obrigando-os a fazer modificações no seu modo de vida como mudanças na sua residência, na sua vestimenta, além de ocasionar inúmeras doenças da pele e dos pulmões. Em suma, buscou-se através deste trabalho levar à sociedade o conhecimento acerca da contribuição humana para as modificações nos fenômenos atmosféricos.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Amazonas - FAEAM
Palavras-chave: Diferença de temperatura, Área urbana, Conforto térmico.