61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 1. Biologia Molecular
OCORRÊNCIA DE OAH (OXALOACETATO ACETIL-HIDROLASE) ENZIMA ENVOLVIDA NA BIOSSINTESE DE ÁCIDO OXÁLICO NO ASCOMICETO EM MYCOSPHAERELLA FIJIENSIS  
Átila de Souza 1
Nelcimar Reis de Sousa 1
1. Laboratório de Biologia Molecular- Embrapa Amazônia Ocidental
INTRODUÇÃO:

O fitopatógeno Mycosphaerella fijiensis Morelet é o agente causal da sigatoka-negra na bananeira, que é a mais grave doença nesta cultura no mundo, podendo causar até 100% de perda na produção. Vários fungos possuem como estratégia de infecção a produção de ácido oxálico (oxalato) que acidifica o tecido do hospedeiro potencializando a atividade das enzimas poligaracturonases (endo e exopoligalacturonase), supressão da explosão oxidativa de defesa da planta e abertura das células guarda, facilitando a penetração direta pelos estômatos (Cessna, 2000). A principal via de biossíntese de oxalato em fungos ocorre pela clivagem do oxaloacetato formando oxalato e acetato pela ação da enzima oxaloacetato acetil-hidrolase-OAH (EC3.7.1.1) (Hans et al., 2007). A análise da função de resíduos específicos, usando uma abordagem baseada na superfamília, revelou que a presença de um resíduo de serina no sitio ativo que considerada um marcador é fundamental para atividade da OAH (Joosten 2007). A presença do ácido oxálico tem se revelado um componente essencial para a virulência em Sclerotinia sclerotiorum e Botrytis cinerea (Godoy, 1990). Deste modo o objetivo deste trabalho foi caracterizar as proteínas codificadas pelos genes oah em M. fijiensis.

METODOLOGIA:

A identificação do gene que codifica a putativa OAH foi realizada por meio de um BLASTP no banco genômico de M. fijiensis (http://genome.jgi-psf.org/Mycfi1/Mycfi1.home.html) usando a proteína OAH do fungo Aspergillus niger (ABD78720), os alinhamentos foram realizados com auxilio do programa clustalX versão 2.0(Larkin et al 2007), as sequencias foram editadas no software Bioedit (http://jwbrown.mbio.ncsu.edu/BioEdit/bioedit.html) e análise filogenética foi feita por meio do programa Mega 4.0 (Kumar et al 2008).

RESULTADOS:

Foram identificados quatro sequências no genoma de M. fijiensis que apresentam homologia a OAH de A. níger, que foram denominados de (oahmfA, B, C e D). Todos os genes codificam proteínas que pertencem à superfamília ICL/PEPM_KPHMT, da qual fazem parte: fosfoenol piruvato (PEP), isocitrato liase e as oxaloacetato acetil-hidrolase. As putativas OAHMFA e OAHMFB possuem na região referente ao sitio ativo a substituição da serina por prolina indicando que estas não apresentam atividades relacionadas com a clivagem de oxaloacetato a ácido oxálico e acetato. Esta mudança deve-se possivelmente pela substituição do códon TCG/TCA (serina) por CCG e CCA (prolina) respectivamente. A proteína OAHMFD tem na região correspondente ao sitio ativo um resíduo de serina característico das OAHs, enquanto que a OAHMFC apresenta uma treonina. A análise filogenética revelou que as PEPs de Talaromyces stipitatus, Penicillium.marneffei, Penicillium chrysogenum Wisconsin e Neosartorya fischeri, estão mais relacionadas com as OAHs e, além disso, apresentam o marcador (serina) na posição 514 relativo ao sitio ativo das OAHs, indicando que estas proteínas podem estar relacionadas com a produção de ácido oxálico a partir de oxaloacetato.

 

CONCLUSÃO:

Das quatro sequencias que apresentavam homologia a OAH de A. niger apenas OAHMFD conserva a serina na região relativa ao sitio ativo, indicando que este gene pode codificar uma proteína com possível habilidade de biossíntese de acido oxálico. Os genes que codificam as OAHMFA e B apresentam na região relativa ao sitio ativo uma mutação do tipo transição (T>C) levando a troca do aminoácido serina por prolina indicando que estes genes não codificam uma típica OAH, por tanto é possível que estas proteínas não atuem na produção de acetato a partir de oxaloacetato.

 

Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Fitopatogênico, Oxalacetato, pH.