61ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 1. Serviço Social Aplicado
VELHICE E APOSENTADORIA: AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS PARA PESSOAS IDOSAS APOSENTADAS E PENSIONISTAS PROVEDORAS DE FAMÍLIAS
Maria Leonice da Silva de Alencar 1
1. Programa UNITERCI / Faculdade de Serviço Social / Universidade Federal do Pará
INTRODUÇÃO:
Este trabalho configura-se como uma pesquisa sobre Aposentadoria e Velhice e sintetiza algumas observações empíricas e reflexões teóricas sobre esta temática no olhar das pessoas idosas. O envelhecimento populacional ocorreu inicialmente nos países desenvolvidos no começo do século XX, no Brasil, é somente a partir da década de 50 que se torna marcante, transformando-se em um fenômeno contínuo e representando um desafio gerado pelas demandas sociais e econômicas, principalmente da previdência e da assistência à saúde, representa significativo impacto na política financeira, fazendo com que as questões ligadas à maior expectativa de vida levem à construção de uma importante mudança na conduta social. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o envelhecimento populacional é considerado como êxito das políticas de saúde pública e social, logo a maior conquista da humanidade do século passado. Neste sentido, o objetivo desta investigação é compreender o significado da aposentadoria e da velhice para pessoas idosas aposentadas e pensionistas após a interrupção das atividades laborais, a fim de contribuir na elaboração de políticas públicas.
METODOLOGIA:
O estudo trata-se de uma abordagem qualitativa. As técnicas utilizadas foram a observação não participante e entrevista semi-estruturada, realizada no período de março a junho de 2006, na Federação de Associações de Aposentados, Pensionistas e Idosos do Estado do Pará. Participaram da pesquisa 11 pessoas sendo 5 homens e 6 mulheres. Utilizou-se como critério ser aposentado ou pensionista há mais de três anos, ser provedor da família e ter mais de 60 anos de idade. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas, “leitura flutuante”, a partir das falas, dos seus significados, contribuindo para nossa compreensão da representação social sobre a velhice e a aposentadoria a partir dos sujeitos participantes da pesquisa.
RESULTADOS:
Os sujeitos estão na faixa etária de 67 a 83 anos, oriundos na sua maioria do interior do Estado do Pará, se aposentaram a partir de 50 anos de idade. As mulheres na sua maioria são idosas viúvas, tem casa própria e moram com filhos e netos, apenas uma idosa é separada, não tem companheiro e mora com o filho. Dos homens entrevistados, três são casados e residem com esposas, filhos e netos, um é viúvo, o outro é separado e mora com parentes. A escolaridade está ao nível do primário ou superior completo. Suas rendas mensais variam entre um salário mínimo a dez salários mínimos. A aposentadoria para os sujeitos representa “Retorno à casa e Liberdade”, “Prêmio e Direito”, É meritocrática, o sujeito receberá o prêmio se tiver se esforçado em beneficio de algo maior. O trabalho, concebido como uma fase de trabalho árduo, de luta. Mas, há insatisfação pelo não cumprimento do repasse do valor devido, como também percebem a discriminação na aposentadoria, e retornam ao mercado de trabalho. A velhice é representada como “Tempo de novos conhecimentos”, é relacionada com a concepção de Terceira Idade, os sujeitos mostram dificuldades para se incluírem ao segmento o qual pertencem, por não se perceberem ou não concordarem com a visão negativa que é atribuída pela sociedade à velhice.
CONCLUSÃO:
A investigação mostra que a aposentadoria e a velhice para este grupo não está desvinculada e é heterogênea. Não se percebem na ociosidade, ao contrário, desenvolvem diversas atividades, são “produtores sociais” a velhice significa uma continuidade do tempo, da vivência e de novas experiências da vida, das alterações no corpo, uma participação ativa na sociedade. Tem consciência dessa etapa da vida, desejam ter uma velhice digna e estão buscando alternativas de inserção social rompendo com os preconceitos impostos pela sociedade, mostrando ser possível outras atitudes e iniciativas transformadoras. A aposentadoria é representada como um tempo de reconstrução de novos investimentos, de (re) descobertas, de novos conhecimentos, de novos caminhos para a realização de sonhos que não puderam ser realizados em função dos compromissos assumidos. Disponibilidade para se engajar nos movimentos sociais que lutam em defesa dos direitos dos idosos aposentados e pensionistas e em programas de atualização cultural como as Universidades da Terceira Idade. Nessa perspectiva presencia-se, contemporaneamente, uma nova forma de vivenciar a velhice e a aposentadoria que ultrapassa as imagens preconceituosas que associavam a velhice e a aposentadoria à perdas, à inatividade e ao isolamento social.
Instituição de Fomento: Universidade Federal do Pará - UFPA
Palavras-chave: Aposentadoria, velhice, representação social.