61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
OCORRÊNCIA DE MACRÓFITAS EM DOIS TRECHOS DO IGARAPÉ GRANDE EM BOA VISTA, RORAIMA.
Ruth Caroline Prill Gomes 1
Lorrane Aesha Malta Feitoza 1
Lucília Dias Pacobahyba 1
Vânia G. Lezan Kowalczuk 1
1. Centro de Estudos da Biodiversidade, Universidade Federal de Roraima/UFRR
INTRODUÇÃO:
Macrófitas aquáticas constituem elemento estrutural característico das áreas alagáveis e desempenham importante papel ecológico como produtores de biomassa e como estocadores de nutrientes, merecendo destaque como componentes da ciclagem destes. Devido às suas características fisiológicas e sensibilidade a variações no ambiente, podem ter o seu estabelecimento e crescimento determinados por concentração de nutrientes e pH das águas. Suas elevadas taxas de crescimento populacional favorecem a colonização de grandes áreas, afetando o uso múltiplo da água e em outra situação, podem apresentar elevadas taxas de evapotranspiração com desdobramentos relativos ao microclima local ou às perdas de água do manancial para a atmosfera. Umas das principais causas dessas infestações é decorrente da ação antrópica, devido à eutrofização dos cursos d'água que eleva a concentração de nutrientes essenciais para as macrófitas. Pelo fato das macrófitas responderem de forma rápida a gradientes ambientais e seu estudo ser um pouco escasso em ambientes alterados pela ação humana, este trabalho teve como objetivo comparar a ocorrência de macrofitas em dois trechos do igarapé, onde um deles está sofrendo ação direta do homem.
METODOLOGIA:
Foram coletados dados à montante e à jusante da Lagoa de Estabilização, de onde vem a água com alto teor de nutrientes que é depositado no igarapé. Os pontos foram selecionados de acordo com a facilidade de acesso e sua localização em relação à lagoa, sendo à montante (2° 47' 31'' N; 60° 42' 49'' W) dois pontos e à jusante (2° 47' 69'' N; 60° 43' 45'' W), também dois pontos, onde no último ponto à jusante está ocorrendo um forte impacto sobre a comunidade, uma vez que está sendo construída uma ponte na duplicação da BR-174 desde o primeiro semestre de 2008. As macrófitas foram coletadas e herborizadas para identificação; elas também foram fotogradas 'in situ', desde as mais próximas até as mais distantes das margens. A identificação foi feita no local com auxílio de um especialista e confirmadas através de material bibliográfico.
RESULTADOS:
Foram encontrados 9 gêneros de macrófitas, a saber: Salvinia, Eichhornia, Lemna, Montrichardia, Nymphea, Mayaca, Ludwigia, Bacopa e um não identificado; onde 4 estão à montante e 7 à jusante da Lagoa de Estabilização. Destes gêneros, foram amostrados quanto ao hábito: 3 submersos, 5 flutuantes e 1 emergente. Os gêneros mais ocorrentes foram a Montrichardia, que estava presente em todos os pontos estudados, e a Eichhornia, que esteve presente nos dois ambientes, sendo mais abundante na área da construção da ponte. Em estudos anteriores nesta mesma área, entre 2006 e 2007, não se visualizava nenhum exemplar desta macrófita no local. Com o acúmulo de matéria orgânica nesta área, causada pela perturbação da construção da ponte, ela multiplicou a sua biomassa, cobrindo quase todo o leito do igarapé. O primeiro ponto à jusante foi o que apresentou menor diversidade, apresentando apenas o gênero Montrichardia, que é bastante resistente a impactos; contrário do segundo ponto à montante, que apresentou 6 (Montrichardia, Nymphea, Mayaca, Ludwigia, Bacopa e Não-identificada) dos 9 gêneros encontrados.
CONCLUSÃO:
Através deste estudo, pode-se observar que na parte impactada há uma menor diversidade de macrófitas, onde no segundo ponto a presença da Eichhornia apresenta um risco à vida daquele igarapé, pois ela duplica a sua biomassa a cada duas semanas e aumenta a evapotranspiração de 5-10 vezes. A presença de Lemna também indica que o ambiente está sendo poluído, pois esta é mais freqüente em locais antropizados, além da Salvinia, que é pioneira na sucessão em locais perturbados. Nos pontos à montante a ocorrência da Nymphea, mostra que o ambiente é pouco impactado, pois este gênero é considerado indicador de ambiente conservado ou pouco poluído. Assim, nota-se que as macrófitas estão respondendo às perturbações ambientais no igarapé estudado, corroborando a hipótese de serem boas indicadoras de poluição.
Instituição de Fomento: CNPq(Processo n° 480003/2007-6)
Palavras-chave: Macrófitas, Impactos ambientais, Diversidade.