61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
Assistência de Enfermagem aos pacientes com Insuficiência Renal Crônica em tratamento de hemodiálise, em uma clínica de nefrologia de Rondônia: Visão dos pacientes e profissionais de enfermagem.  
Juliana Silva Pinheiro 1
Arethusa de Lima Bezerra 2
Adriana Aparecida Costa Bueno 3
Jandra Cibele R. de Abrantes P. Leite 2
1. Faculdade de Pimenta Bueno/FAP
2. Faculdade São Lucas/FSL
3. Universidade Luterana do Brasil/ULBRA
INTRODUÇÃO:

As doenças consideradas crônicas promovem mudanças socioeconômicas e emocionais, o que requer um cuidado especializado. É o que acontece, por exemplo, com os pacientes que têm insuficiência renal crônica (IRC), indivíduos que são submetidos à tratamento dialítico constantemente, passando por alterações no cotidiano, por colocar suas vidas à disposição de uma máquina. A hemodiálise é um tratamento que força os pacientes a um ritual repetitivo e de dependência a uma máquina que toma muito de seu tempo e provoca alterações físicas, psicológicas e comportamentais. Além disso, esses pacientes têm que se submeter a um regime de restrição hídrica e dietética e ainda podem perder o emprego e a liberdade. A importância desse estudo é investigar se a assistência de enfermagem oferecida aos pacientes com insuficiência renal crônica que estão em tratamento de hemodiálise, contribui para minimizar as dúvidas e dificuldades vivenciadas por eles, devido à importância desta função para o organismo e por trabalhar em conjunto com os demais órgãos. Foi investigado o nível de conhecimento dos pacientes sobre a função renal, causas da IRC, mudanças geradas pelo tratamento de hemodiálise, assistência realizada pela equipe, e qualificação da mesma para propor conhecimentos necessários aos pacientes.

METODOLOGIA:

Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, que utilizou o método exploratório-descritivo, cujo campo de investigação foi a Clínica de Nefrologia de Rondônia. A população deste estudo foi constituída por 126 pacientes em tratamento de hemodiálise e 22 profissionais de enfermagem. Visando atingir os objetivos da pesquisa, utilizaram-se dois questionários semi-estruturados com perguntas abertas e fechadas aplicados em um universo empírico de 60 pacientes e 20 profissionais de enfermagem. A coleta de dados foi obtida de forma que não alterasse a resposta final dos sujeitos da pesquisa. A análise dos resultados foi feita a partir das respostas dos mesmos, sendo lançadas em planilhas no Excel e também, em respostas mais destacadas, fazendo confronto com a literatura consultada. Primando pelas questões éticas que envolvem pesquisas com seres humanos conforme a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade São Lucas (FSL) de Porto Velho- RO.

RESULTADOS:

De acordo com a entrevista feita com os pacientes, quanto ao nível de conhecimento sobre as funções dos rins, 75% afirmaram ser a filtração do sangue, da água, 13% eliminação das impurezas, 5% formação da urina, controle da pressão arterial, produção de hormônios e equilíbrio dos líquidos corporais e 7% negaram conhecer as funções dos rins. Quanto às causas que os levaram a desenvolver a IRC, 37% HAS, 15% DM, 10% HAS/DM, 8% Glomerulonefrite, 5% doenças auto-imunes e 25% negaram saber sobre a causa. As respostas sobre as mudanças geradas pela hemodiálise, demonstraram as alterações na rotina, preocupação em conciliar o trabalho, o lazer, a dependência da máquina para sobreviver, bem como as mudanças físicas, como o cansaço, a fadiga e conviver com a fístula. O tempo de tratamento varia entre 6 meses e 18 anos. Quanto à realização de palestras pela equipe de enfermagem, 80% negaram existir essa atividade e 20% afirmaram existir. Quanto à entrevista realizada com os funcionários, 15% têm especialização em nefrologia e 85% negaram ter especialização.

CONCLUSÃO:

Tendo por base os dados apresentados e discutidos, observou-se que os pacientes possuem algum conhecimento sobre a problemática, apesar de ser bastante superficial e, às vezes, errônea. Assim, será pertinente que a equipe de enfermagem que assiste esses pacientes tenha compreensão exata da dimensão e da complexidade de problemas que podem ser vivenciados por eles, o que contribuirá muito para a prática assistencial da equipe de enfermagem, assim como de todas as equipes profissionais que trabalham diretamente com esses pacientes, pois, pelas suas respostas há que se oferecerem mais informações sobre os assuntos que envolvem esses pacientes, tendo em vista, por exemplo, que 80% dos pacientes responderam que a equipe de enfermagem não fornece atividades educativas, como a realização de palestras e que a equipe deve estar qualificada para isso, sendo que 85% dos funcionários não possuem nenhum curso de capacitação para lidar com esse tipo de paciente. Sem dúvida é importante destacar o papel que a enfermagem pode desempenhar junto a esses pacientes, seja na orientação, na avaliação e no acompanhamento efetivo. Sugere-se a utilização efetiva da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) que constitui uma ferramenta para a prática profissional ao cuidado prestado.

Palavras-chave: Enfermagem, Insuficiência Renal Crônica, Hemodiálise.