61ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 12. Engenharia Química
CULTIVO DE FUNGOS AMAZÔNICOS EM MEIO SÓLIDO CONTENDO PETRÓLEO BRUTO VISANDO A INDUÇÃO DA PRODUÇÃO DE BIOSURFACTANTES
Starley Bruno da Silva Barbosa 1
Yan da Costa Souza 1
Patrícia Melchionna Albuquerque 1, 2
Sergio Duvoisin Junior 1, 2
1. Universidade do Estado do Amazonas - Escola Superior de Tecnologia
2. Universidade do Estado do Amazonas - PPG em Biotecnologia e Recursos Naturais
INTRODUÇÃO:

Nos últimos anos tem sido crescente o interesse por surfactantes de origem microbiana, denominados biosurfactantes. Os biosurfactantes apresentam vantagens em relação aos surfactantes químicos, como por exemplo: atividade superficial e interfacial mais efetivas, maior tolerância a temperatura, pH e força iônica; elevada estabilidade térmica e de pH, biodegradabilidade, e baixa toxicidade. Estes compostos vêm sendo utilizados na área de recuperação do petróleo, biorremediação, fármacos, processamento de alimentos e cosméticos. A maioria dos estudos envolvendo a produção de biosurfactantes reporta a obtenção destes compostos a partir de bactérias. A produção de biosurfactantes fúngicos, entretanto, é pouco descrita na literatura, embora alguns trabalhos venham demonstrando a possibilidade de utilizar fungos na produção destes compostos. As fontes de carbono determinam o tipo e as propriedades dos biosurfactantes produzidos, sendo os hidrocarbonetos, os hidratos de carbono e os óleos vegetais os substratos mais usados para efeito de pesquisa. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi determinar a composição do meio de cultivo sólido contendo petróleo bruto que favoreça o crescimento de fungos Amazônicos e, consequentemente induza a produção de biosurfactantes.

METODOLOGIA:

Foram avaliados 10 fungos pertecentes à micoteca do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Recursos Naturais da Amazônia. O petróleo bruto foi cedido pela Refinaria da Petrobrás de Manaus-AM (REMAN). Para ativar o metabolismo dos fungos, antes do crescimento em meio contendo petróleo, os isolados foram cultivados em meio BDA (ágar-batata-dextrose) por 7 dias, sendo então inoculados nos meios contendo petróleo. Para o estudo da composição do meio sólido, primeiramente foi preparado um meio contendo ágar (15 g.L-1), variando a concentração de petróleo (0,1 e 0,2 g.L-1) e de uréia (0,03 e 0,06 g.L-1). A seguir foi preparado um meio contendo ágar Sabouraud (65 g.L-1), variando as quantidades de petróleo (0,2; 0,5; 0,8 e 1,0 g.L-1) e de uréia (0,02; 0,05; 0,08 e 0,1 g.L-1). O fungo que apresentou maior crescimento em meio sólido foi cultivado em meio líquido contendo MgSO4, Na2HPO4, KH2PO4 e extrato de levedura. Após autoclavagem, petróleo bruto foi adicionado ao meio. Em seguida, um disco de 5 mm2 de diâmetro do meio sólido selecionado contendo o fungo foi adicionado ao meio líquido, sendo incubado a 28°C e 170 rpm, por 36 dias. Alíquotas do meio de cultivo foram retiradas a cada 6 dias para medida da tensão superficial, utilizando um tensiômetro construído no laboratório. 

 

RESULTADOS:

Dentre as diferentes composições de meios sólidos contendo petróleo avaliadas neste trabalho, verificou-se que o meio contendo ágar Sabouraud e as maiores concentrações de petróleo (1,0 g.L-1) e de uréia (0,1 g.L-1) foi o meio que favoreceu o crescimento dos fungos. Utilizando o ágar-ágar, os fungos amazônicos não foram capazes de crescer. Entretanto, utilizando o ágar Saubouraud, que contém nutrientes, foi verificado o bom crescimento dos fungos em meio contendo petróleo. O fungo que apresentou melhor crescimento foi o isolado degradador de madeira UEA_115. Este fungo foi selecionado para ser cultivado em meio líquido. Foi observado que o isolado UEA_115 produziu uma substância com atividade tensoativa, visto que a tensão superficial do meio de cultivo diminuiu de 82,73 mN.m-1 no início do cultivo para 70,91 mN.m-1 após 36 dias de crescimento.

CONCLUSÃO:

A partir dos resultados obtidos, foi possível determinar a composição do meio sólido para o cultivo dos fungos amazônicos. O petróleo bruto mostrou-se um bom indutor da produção de biosurfactantes. Além disso, percebe-se o grande potencial do isolado UEA_115 para produção de moléculas com propriedades tensoativas. Estudos da otimização do meio de cultivo líquido ainda devem ser realizados, visando o aumento da produção de biosurfactantes.

Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
Palavras-chave: fungos amazônicos, petróleo bruto, biosurfactantes.