61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade
INVERTEBRADOS ASSOCIADOS A Myrciaria dubia (MYRTACEAE) EM UMA ÁREA EXPERIMENTAL DE TERRA-FIRME NO MUNICÍPIO DE MANAUS, AM.
Esmeraldina da Gama Bomfim 1
Andrey Luis Bruyns de Sousa 2
Elisiana Pereira de Oliveira 3
Kaoru Yuyama 4
1. INPA/Ecologia, Caixa Postal 478, CEP 69060 020, Bolsista PIBIC INPA/FAPEAM
2. INPA/Agronomia, Caixa Postal 478, CEP 69060 020, Bolsista PCI INPA/CNPq
3. INPA/Ecologia, Caixa Postal 478, CEP 69060 020, Pesquisador/Orientadora
4. INPA/Agronomia, Caixa Postal 478, CEP 69060 020, Pesquisador/Orientador
INTRODUÇÃO:

Os invertebrados compõem o maior grupo dentro do filo animal, encontrados em diferentes ambientes, muito eficientes em suas funções naturais e alimentam-se de grande variedade de plantas.

Entre todos os grupos, os insetos são os mais numerosos e mais diversificados e por sua antiguidade conseguiram explorar diferentes ecossistemas, principalmente os alados. Alguns vivem uma parte de sua vida no solo, exemplificando-se aqui alguns imaturos de Diptera, de Coleoptera e de Lepidoptera. Os invertebrados terrestres têm o solo como seu hábitat natural, entretanto alguns grupos têm a capacidade de dispersão e são encontrados em diferentes extratos das plantas, destacando-se aqui os Collembola.

            O camu-camu (Myrciaria dubia) é uma planta nativa da Amazônia, encontrada nas margens dos rios e lagos das áreas de várzea com potencial econômico para a agroindústria, pelo seu alto teor de ácido ascórbico com 2,95 gramas de vitamina C em cem gramas em polpa integral. O cultivo em solos de terra firme mostra um bom comportamento, tanto no desenvolvimento da planta como na produtividade do fruto, com vantagem para o ciclo de produção que se estende praticamente por todo o ano, mesmo em baixa produtividade.

            Este trabalho teve como objetivo determinar a diversidade de grupos dos invertebrados associados a copa do camu-camu.
METODOLOGIA:

Este estudo foi desenvolvido na Estação Experimental de Hortaliças (EEH) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), localizada na Torquato Tapajós, em Manaus, Amazonas. A área experimental está constituída por dois plantios de camu-camu, distantes entre si por 20 m, com espaçamento de cinco m entre linhas e dois m entre plantas, árvores, com oito anos de idade, denominados neste trabalho de Parcela I e Parcela II. com 141 e 157 plantas respectivamente

As plantas são originárias de várias localidades do Amazonas, heterogêneas quanto ao porte, expressando grande variabilidade genética. Foram realizadas duas coletas

A metodologia utilizada foi o guarda-chuva entomológico, coletando-se nas árvores de inteiramente ao acaso, com cinco repetições em cada parcela. O guarda-chuva entomológico foi posicionado debaixo de cada copa do camu-camu agitando-se os ramos vigorosamente, provocando a queda dos invertebrados no guarda-chuva, coletando-os manualmente com pinças e/ou em algodão umedecido com álcool comercial e armazenados em vidros contendo álcool 80%. Em janeiro de 2009, o camu-camu encontrava-se em fase de frutificação e maturação. Em março de 2009, na segunda coleta, a produção de frutos estava em declínio. Os insetos alados, apesar de caírem na armadilha, dificilmente foram coletados. Após a coleta os mesmos foram levados para o laboratório de Pedobiologia, triados e identificados ao nível de grandes grupos.
RESULTADOS:

Foi obtido um total de 459 invertebrados nas duas visitas ao campo com 181 indivíduos na fase em plena frutificação, com 11 grupos na parcela I e 10 na parcela II. Na segunda visita ao campo, quando a frutificação estava em declínio, foi obtido um total de 278 invertebrados, com 13 grupos em cada parcela. As ordens Araneida e Formicidae foram dominantes na parcela I da primeira coleta, enquanto na parcela II Collembola também aparece com elevada densidade nas duas parcelas. Este grupo tem o solo como seu hábitat natural, embora seja normalmente encontrada explorando extratos superiores das plantas. Acari é o outro grupo encontrado no solo, mas também encontrado em folhas de plantas, algumas vezes como pragas de determinadas culturas, principalmente de citrus.

Neste estudo, algumas ordens se destacam em densidade citando-se Araneida, Formicidae, Collembola, Psocoptera, Blattodea e Lepidoptera.

Na época de plena frutificação a densidade total de indivíduos foi menor quando comparada a época de menor frutificação. E destaca-se que, na época de frutificação do camu-camu, Coleoptera aparece com elevado número de indivíduos podendo ser considerado como um visitante potencial apenas quando tem os frutos, isto porque, na visita quando tinha menos frutos os Coleoptera aparecem com baixa densidade. Os invertebrados predadores aparecem sempre com maior densidade, que deve estar associado a disponibilidade de alimento, principalmente Collembola que faz parte do hábito alimentar de muitas formigas e aranhas.

CONCLUSÃO:

A armadilha utilizada pode ser considerada eficiente na coleta de artrópodes associados a copa do camu-camu, porém, devido as suas características, os insetos alados e de grande mobilidade não foram o alvo deste tipo de armadilha.

Os resultados mostraram uma elevada diversidade de invertebrados nas duas parcelas, assim como diferenças funcionais dos grupos aqui presentes, exemplificando-se Acari e Collembola. Isto pode caracterizar que os invertebrados respondem de maneira heterogênea às condições do ambiente presentes tanto na época da frutificação e maturação dos frutos, quanto na época da frutificação em declínio, pois alguns destes invertebrados podem estar apenas visitando as plantas, outros realizando seu papel de predador e outros se alimentado dos frutos maduros.

Instituição de Fomento: INPA
Palavras-chave: diversidade de grupos, terra firme, insetos.