61ª Reunião Anual da SBPC

A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências

CLASSIFICAÇÃO IÔNICA DAS ÁGUAS DE POÇOS TUBULARES DA ÁREA URBANA DA CIDADE DE NOVO AIRÃO - AM.

MÁRCIO LUIZ DA SILVA 1

1. CPCR, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA

INTRODUÇÃO:

O município de Novo Airão está localizado sobre a Formação Alter do Chão, de idade Cretácea, à margem direita do rio Negro na mesorregião do norte amazonense, com uma área de 36.706 km2. Limita-se com os municípios de Presidente Figueiredo a nordeste (NE), Manaus a oeste (W), Iranduba a sudeste (SE), Manacapuru e Caapiranga ao sul (S), Codajás a sudoeste (SW), Barcelos a noroeste (NW) e o estado de Roraima ao norte (N). Objetivando classificar as águas subterrâneas na área urbana da cidade de Novo Airão para caracterização e classificação, coletou-se amostra de água de treze poços tubulares com profundidade variando de 50 a 100 metros, em dois períodos hidrológicos distintos (enchente e segundo vazante). As variáveis analisadas foram: cátions (Ca2+, Mg2+, Na+, K+) e ânions (Cl-, HCO3-, SO42-, NO3-). As metodologias utilizadas estão descritas no Manual nº 8 do Programa Biológico Internacional (APHA, 1985 e 2000).

METODOLOGIA:

As coletas de amostras para o desenvolvimento deste trabalho foram realizadas em 13 poços tubulares na área urbana da cidade de Novo Airão – Amazonas. Os poços foram perfurados pela CPRM-AM e empresas particulares de perfuração. A seleção dos poços foi efetuada em função de acesso e funcionalidade. No campo, as amostras foram coletadas no poço, através de seu bombeamento e para evitar contaminação pela tubulação, foi deixado em funcionamento por 5 minutos antes de ser efetuada a coleta das amostras. As coletas de amostras para análise hidroquímica foram realizadas em duplicatas, utilizando-se frascos de 2 litros e tampas de polietileno. Todos os frascos novos e limpos foram previamente lavados, enxaguados várias vezes com a própria água a ser amostrada, cheios até a boca, identificados com etiquetas numeradas e em caderneta de campo. A amostragem foi cuidadosamente manuseada, para evitar contaminação. Após a coleta, foram levadas, imediatamente, ao Laboratório de Química Ambiental do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia – LQA/INPA, para serem aferidos as variáveis químicas. As concentrações de íons dissolvidos foram determinadas por cromatografia líquida em equipamento da marca DIONEX, modelo ICS1000. A detecção será feita por condutivimetria com colunas analíticas distintas para ânions e cátions, IonPac AS9HC (4mm) e CS12A (4mm), respectivamente e simultaneamente. Para o método de detecção de ânions será empregada uma solução eluente composta de carbonato de sódio (11mM) e bicarbonato de sódio (7mM). Para o método de detecção de cátions será utilizada uma solução eluente de ácido metanosulfônico a uma concentração de 20mM. As análises serão gerenciadas automaticamente por computador com o auxílio do software Peaknet 6.7, e os resultados serão obtidos através de uma curva de calibração com padrões externos. O controle de qualidade da quantificação dos resultados será feito com o uso da amostra certificada Tróis-94.

RESULTADOS:

Para o agrupamento das águas com características similares, utilizou-se o diagrama semilogarítmico de Schoeller (1962). Os valores dos cátions apresentaram concentrações de Na+ + K+ > Mg2+ > Ca2+ para as amostras nº 01, 06 e 08; Na+ + K+ > Ca2+ > Mg2+ para as amostras nº 02, 03, 04, 09, 10, 12 e 13 e Na+ + K+ > Ca2+ = Mg2+ para as amostras nº 05 e 11 para o primeiro período e Na+ + K+ > Ca2+ > Mg2+ para as amostras nº 02, 03, 04, 06, 08, 09, 10 e 11 e Na+ + K+ > Mg2+ > Ca2+ para as amostras nº 01, 05 e 12 para o segundo período enquanto que os ânions apresentaram HCO-3 > Cl- > SO2-4 para as amostras nº 03, 04 e 09; Cl- > HCO-3 > SO2-4 para a amostra nº 13 para o primeiro período e Cl- > HCO-3 > SO2-4 para as amostras 01 e 13; Cl- > SO2-4 > HCO-3 para as amostras nº 05 e 09 e HCO-3 > Cl- > SO2-4 para as amostras nº 02, 03, 04, 06, 08, 10, 11 e 12 para o segundo período. Silva (2001) também verificou o enriquecimento de sódio e potássio para águas subterrâneas de Iranduba e Manaus. Com relação ao diagrama de Piper, as águas das amostras foram classificadas para o primeiro período como clorosulfatada sódica (nº 1, 4, 5, 6, 8, 10, 11, 12 e 13), clorosulfatada potássica (nº 2) e bicarbonatada sódica (nº 3 e 9) e segundo período como clorosulfatada sódica (nº 3, 5 e 9), clorosulfatada potássica (nº 13) e bicarbonatada sódica (nº 1, 2, 4, 6, 8, 10, 11 e 12). Apenas a amostra nº 5 permanece com a mesma classificação nos períodos distintos. De acordo com os resultados obtidos, as amostras com concentrações elevadas de sais dissolvidos podem estar relacionados às águas da Formação Nova Olinda.

CONCLUSÃO:

Os resultados encontrados demonstraram que as águas estudadas são pouco mineralizadas, com predominância de Na+ + K+ nos dois períodos de coletas e foram classificadas de clorosulfatada sódica, clorosulfatada potássica e bicarbonatada sódica.

Instituição de Fomento: CNPq

Palavras-chave: Recursos hídricos, Amazônia, Hidrogeoquímica.