61ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 2. Arqueologia - 4. Arqueologia

Projeto Baixo Amazonas: Arqueologia e Educação Patrimonial no Município de Parintins

Helena Pinto Lima 2 Maria Tereza Vieira Parente 1 Bruno Marcos Moraes 4 Elaine Guedes Wanderley 3

1. MAE/USP 2. Universidade Estadual do Amazonas 3. Universidade Federal do Amazonas 4. FFLCH/USP

INTRODUÇÃO:

Cada vez mais se torna de conhecimento público a importância das pesquisas arqueológicas na Amazônia para o entendimento mais amplo da história pré-colonial do Brasil. Esse movimento de ‘redescoberta’ da nossa história tem sido possível através da identificação de centenas de sítios arqueológicos e da escavação e análises sistemáticas de diferentes contextos na porção amazônica do país – bem como de sua datação, com o emprego de novas técnicas e metodologias de campo que permitiram a construção de seqüências cronológicas sólidas para a região. Enquanto parte desse contexto, a pesquisa ora apresentada objetiva simultaneamente destacar o potencial arqueológico do município de Parintins/AM, região do baixo rio Amazonas, e oferecer subsídios para a criação de estratégias locais de musealização do patrimônio ali encontrado.

METODOLOGIA:

As primeiras etapas de campo, que compreenderam um mapeamento arqueológico e ações prelimilares de educação patrimonial, foram desenvolvidas na Serra de Valéria, porção do município mundialmente conhecida não só por suas belezas naturais, como também pela intensa ocorrência de vestígios cerâmicos popularmente nomeados “caretas”. A escolha da localidade respondeu pelo critério de relevância dos sítios arqueológicos (já relatada na bibliografia especializada) e intensidade dos processos antrópicos e naturais de impactação. Nesse segundo aspecto destacou-se o fato de que: (a) grande parte desses sítios está localizada sob comunidades ribeirinhas; e (b) a presença de grupos de turistas é cada vez mais freqüente e pouco organizada, culminando em quadros de comercialização (ou troca indevida) do patrimônio arqueológico. Esse quadro também nos levou a formular um programa de educação patrimonial que previu etapas diagnósticas de levantamento dos modos de vida locais. Isso foi feito através de etnografias que atentaram para as relações que os moradores estabelecem com seu universo patrimonial, para as formulações que fazem a respeito dos sítios arqueológicos, independentemente de serem estes marcadores de memória ou não e, por fim, para as interações que os comunitários estabelecem com outros segmentos da sociedade (tais como outros comunitários, cientistas, poder público, turistas etc) a partir dos artefatos arqueológicos encontrados em seus terrenos. Foram desenvolvidas também ações de divulgação científica que compreenderam a promoção de um estágio no laboratório de Arqueologia em Manaus para alunos, professores e a diretora da escola local, além da realização de palestras nas comunidades de Valéria. Por último, organizamos uma oficina de cerâmica inspirada nos artefatos konduri comumente encontrados na região.

RESULTADOS:

Como resultados preliminares obtivemos avanços na localização, georreferenciamento, cadastramento e caracterização dos sítios arqueológicos e coleções particulares da região. Paralelamente, o trabalho educativo deu início à formação de agentes que darão continuidade às discussões sobre arqueologia e educação patrimonial mesmo após findadas nossas ações. Também começamos a sistematizar dados etnográficos para a elaboração de um programa mais amplo de preservação patrimonial que atente para a realidade local.

CONCLUSÃO:

A realização de pesquisas arqueológicas na Amazônia, além de importante para o entendimento do nosso universo cultural, também abre uma série de novas demandas locais de produção e transmissão de conhecimentos, servindo como instrumento de valorização da diversidade cultural não apenas no passado mas, inclusive, no presente. Daí a necessidade de integrar ações de musealização, através de metodologias como a educação patrimonial, às pesquisas arqueológicas.

Instituição de Fomento: IPHAN

Palavras-chave: Arqueologia pré-colonial, Arqueologia Amazônica, Musealização da Arqueologia.