61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
Caracterização Molecular de amostras de Escherichia coli isoladas de crianças de 0 – 10 anos de idade, com diarréia aguda e de repetição da cidade de Manaus – Amazonas.
Raquel Oliveira Pessoa 1, 2
Andréa Fagundes Grava 1
Paula Serra Taquita 1, 2
Dayane Martins Barbosa Serfaty 1, 2
Diogo Pereira Castro 1, 2
Patrícia Puccinelli Orlandi Nogueira 1
1. Instituto Leônidas e Maria Deane - Fiocruz
2. Universidade do Estado do Amazonas
INTRODUÇÃO:

As doenças diarréicas matam mais de cinco milhões de crianças anualmente e contribuem para a desnutrição e o retardo do crescimento naqueles que sobrevivem. Por essas razões o controle da doença diarréica constitui uma importante meta da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A intensidade das manifestações clínicas pode variar bastante, dependendo das condições do hospedeiro, virulência e número do agente etiológico.  Quanto mais jovem é a criança, maior o perigo de agravamento da evolução clínica e mais freqüente as complicações.

A diarréia é uma das principais causas de mortalidade entre as crianças nos países em desenvolvimento e a Escherichia coli é um dos mais freqüentes agentes causadores. As E. coli são diferenciadas como E. coli enterotoxigenica (ETEC), E. coli enteropatogenica (EPEC), E. coli enteroagregativa (EAEC), E. coli enterohemorrágica (EHEC), E. coli enteroinvasiva (EIEC) e E. coli difusamente aderente (DAEC).
METODOLOGIA:

O estudo foi realizado nos hospitais infantis: Pronto Socorro Zona leste e Zona sul, situados em Manaus, AM. Foram estudadas crianças com idade de 0 a 10 anos, sendo utilizadas amostras de fezes de crianças de cada faixa etária dando um total de 100 amostras. As amostras foram coletadas por swab e colocadas em caldo (Luria Bertani), que após o crescimento foi inoculado em meio seletivo MacConkey (MC). Todas as colônias foram individualmente inoculadas em uma galeria de bioquímico (Citrato de Simons, TSI, EPM e Mili) e após os resultados foram separadas pelo gênero Escherichia e espécie coli e armazenados em duplicata em definitivo com óleo mineral. Os genes escolhidos para o teste de MPCR foram eae (EPEC), aa (EAEC), lt (ETEC) e stx1 e stx2 para EHEC (stx1 e stx2). O antibiograma foi realizado através do método de difusão de discos  recomendado pelo NCCLS; As bactérias foram inoculadas em Agar Muller Hunton, sendo utilizados discos antimicrobianos de Amicacina (AMI), Amoxilina/Ácido Clavulânico (AMC), Ceftazidina (CAZ), Cefalotina (CFL), Cefepime (CPM), Cefoxitina (CFO), Cefotaxima (CRX), Ciprofloxacina (CIP) e Gentamicina (GEN).

RESULTADOS:
Foram selecionadas 100 amostras de fezes de crianças agrupadas nas faixas etárias de 0-120 meses, das quais um conjunto de até 5 colônias de E. coli de cada amostra foram utilizadas num total de 385 colônias. Destas amostras, 33 continham pelo menos um dos genes de virulência testados. As E. colis, que possuíam pelo menos um gene de virulência, estavam assim distribuídas; de 0-24m 47%, 25-72m 30%, 73-120 m 23%, demonstrando assim que as crianças de até dois anos de idade são as mais acometidas pelas doenças diarréicas causadas por E. coli. Destas 33 amostras, 27% possuíam E. coli como patógeno único; em 36,3% houve associação de E. coli com Rotavírus e em 24% com Shigella. Em 6% foi associada com Rotavírus e Shigella; e finalmente  E. coli com Salmonella ou com Yersinia  em 3 % cada. No multiplex PCR o gene eae foi positivo em  32% das amostras de E. coli testadas;  stx1 (16%), stx2 (12%), stx1 e stx2 (5%) sendo este genótipo associado a síndrome hemolítica urêmica; aa (EAEC) em 14% das amostras testadas; LT (ETEC) em 9% e associada com EPEC em 5% das amostras. Sintomas foram: febre (33%), vômito (32%), desidratação (22%) e sangue oculto (13%). Foi realizado antibiograma das 33 amostras de E. coli; A Cefalotina e Amicacina foram as droga que as E. coli foram mais resistentes.
CONCLUSÃO:

O multiplex PCR para detecção dos genes de virulência escolhidos funcionou muito bem como uma ferramenta para a identificação dos 4 diferentes grupos de Escherichia coli diarreiogênicas;

Apesar de haver uma distribuição igualitária das amostras de fezes por faixa etária, o isolamento e a identificação dos genes de virulência mostraram que a população de crianças mais jovens são mais susceptíveis as E. coli diarreiogênicas;

Foi encontrada nas amostras uma alta associação entre os enteropatógenos, sendo que em apenas 27% das amostras a E.coli foi isolada como único patógeno;

Neste trabalho foi isolado amostras de Escherichia coli enterohemorrágica (EHEC) possuindo os genes de virulência stx1 e stx2 e eae relacionados com o fenômeno de síndrome hemolítica urêmica;

Cefalotina e a Amicacina foram os antibióticos que as E. coli diarreiogênicas mostraram resistências.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Escherichia coli, Genes de Virulência, PCR multiplex.