61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
Projeto Ciência - Sangue e Cidadania
Fabio Alexandre Brunis Falcão 1
Gustavo Prado 1, 3
Richard Oliveira 1, 2
Gustavo Rubini 1
Eleonora Kurtenbach 1, 4
Luís Cristóvão de Moraes Sobrino Porto 2, 5
1. Espaço Ciência Viva
2. Universidade Estadual do Rio de Janeiro
3. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
4. Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, UFRJ
5. Laboratório de Histocompatibilidade e Criopreservação HLA-UERJ
INTRODUÇÃO:

Este trabalho consiste na elaboração e avaliação de recursos e metodologias utilizados no projeto Ciência - Sangue e Cidadania, do Programa de Biologia Humana e Experimental da UERJ associado ao HEMORIO e ao Espaço Ciência Viva (ECV), um espaço pioneiro de ensino não formal brasileiro. Este vem sendo realizado com alunos do ensino médio em visitas semanais de escolas públicas ao ECV desde 2008 (www.cienciaviva.org.br/eventos). A primeira fase da pesquisa foi a avaliação do vídeo “Jovens Salva Vidas” elaborado pelo HEMORIO, que pretende incentivar e demonstrar as etapas do processo de doação de sangue bem como esclarecer a veracidade de alguns mitos. A investigação foi conduzida por meio de questionários abertos distribuídos de outubro a dezembro de 2008 antes e após a exibição do vídeo. A análise semi-quantitativa dos questionários indicou uma melhora no conhecimento dos requisitos básicos necessários para a doação, na linguagem científica utilizada e na correlação entre doenças e os componentes do sangue. Iniciamos ainda a elaboração de “kits didáticos” que têm como finalidade a discussão e apresentação de conceitos científicos importantes para a compreensão de temas como grupos sanguíneos, doação de sangue e medula óssea, seus componentes celulares e produção de anticorpos.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi desenvolvida no Espaço Ciência Viva, localizado no bairro da Tijuca na cidade do Rio de Janeiro, nos dias de visita de alunos do 1º ao 3º ano das escolas de Ensino Médio da rede pública do Estado do Rio de Janeiro, em outubro de 2008 totalizando 4 visitas.Um questionário aberto contendo 5 perguntas foi elaborado e respondido pelos alunos antes (GRUPO I, n = 14) e após (GRUPO II, n= 23) exibição do vídeo “Jovens salva vidas” elaborado pelo HEMORIO de duração de 10 minutos (N = 37 ). Após a exibição do vídeo foi realizado um debate mediado por um monitor do ECV da área de ciências biológicas. As perguntas do questionário contemplavam os seguintes aspectos: qual a importância de doar sangue, os requisitos básicos para ser um doador, qual a importância de testar o sangue do doador, quais são os componentes do sangue e quais doenças afetam quais componentes do sangue. Os questionários respondidos foram alvos de análise, com uma abordagem qualitativa, apoiada em dados quantitativos.

RESULTADOS:

O projeto atendeu 1784 alunos de 38 escolas públicas, em 2008. Em outubro foram atendidas 4 escolas, gerando 37 questionários, 14 respondidos pelo grupo I e 23 pelo grupo II onde 11 eram maiores de 18 anos e 20 menores, sendo 6 não identificados. Na primeira pergunta, “Por quê doar sangue é importante?” 21%  do grupo I, especificou alguma causa (ex: hemofilia) no grupo II apenas 12% (ex: leucemia). Em requisitos para a doação, ninguém do grupo I citou a necessidade de apresentar carteira de identidade, 10% errou o peso e 5% a idade limite. Já no grupo II todos acertaram o peso (52Kg) e a idade (65 anos) limite e 13% citaram o documento necessário. Sobre “Quais são os componentes do sangue?”: 28% do grupo I não respondeu, 40% indicou nomes populares (glóbulos brancos e vermelhos) e 12% as plaquetas. No grupo II, apenas 10% não soube responder, 42% citou os nomes científicos (leucócitos e hemácias) e 34% citou as plaquetas e o plasma. Demonstrando ganho de conhecimento e de linguagem científica.  Na questão “Relacione uma doença do sangue e o principal componente afetado” 7% do grupo I acertou (Anemia/glóbulos vermelhos). Enquanto que 50% do grupo II correlacionou corretamente a doença ao componente afetado (ex: dengue hemorrágica/plaquetas com 37,5%).

CONCLUSÃO:

Alunos do grupo II, que responderam ao questionário após o vídeo, apresentaram uma melhora no vocabulário científico, no entendimento do que é sangue, na percepção da importância da doação e sobre os requisitos básicos para a mesma quando comparados aos do grupo I, que responderam ao questionário antes de assistirem o vídeo. Este resultado demonstra a eficácia do vídeo na compreensão de conceitos e a quebra dos mitos, que segundo relatos do Hemorio e do INCA, dificultam a doação de sangue e medula óssea (www.hemorio.rj.gov.br e www.inca.gov.br). O projeto prevê para 2009 a elaboração e avaliação de recursos educacionais interativos a fim de melhorar a compreensão e disseminação dos temas. Entre eles, o jogo “Salve vidas em 8 minutos” e a prática de extração e observação ao microscópio de medula óssea do fêmur de boi. Os novos produtos serão avaliados numa segunda etapa, por entrevistas. Assim, o projeto poderá ser redimensionado para alcançar escolas no interior do estado, alunos do turno noturno e a população em geral, uma vez que 70% do público escolar visitante do projeto é menor de idade, ou seja, um futuro doador. Acreditamos que este projeto auxiliará para que no futuro o número de doadores aumente para 5% da população, como recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

Instituição de Fomento: FAPERJ, PIBEX-UFRJ
Palavras-chave: Sangue, Divulgação científica, Ensino não formal.