61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 2. Biologia - 3. Biologia Geral
O FUNGO AMAZÔNICO P. SANGUINEUS COMO POTENCIAL PARA USO EM BIOPOLPAÇÃO
Solange Pires de Araujo 1
Marcela Amazonas Cavalcante 2
Maria Dolores Pinheiro Fonseca 1
Ademir Castro e Silva 1
1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA/MBT
2. Laboratório de Celulose e Papel- CPPF/INPA
INTRODUÇÃO:
O Brasil está entre os principais produtores mundiais de celulose e papel, sendo referência internacional nesse setor e ao longo de anos vêm se buscando processos eficientes, que diminuam o impacto ambiental pelo consumo energético e geração de resíduos, melhorando a qualidade e a competitividade do produto. Entre as alternativas estudadas recentemente, o processo de biopolpação tem se destacado, com a utilização de fungos de podridão branca agindo como agentes de tratamento prévio da madeira, degradando a lignina e facilitando o processo de polpação. Dentre os fungos desta classe o Pycnoporus sanguineus da região amazônica tem se mostrado bastante promissor, pela sua capacidade de produzir enzimas ligninolíticas, capazes de emprego no processo de biopolpação. Portanto, o presente trabalho objetiva avaliar o potencial do fungo P. sanguienus no tratamento biológico da madeira amazônica Simarouba amara – aubl – Simaroubacea para posterior produção de papel.
METODOLOGIA:
P. sanguíneus (l.Fr) foi cultivado em meio de cultivo batata-dextrose-ágar (BDA), em placas de petri, durante sete dias, a temperatura de 30ºC. Amostras de cavacos da madeira de Simarouba amara – Aubl, foram classificados nas peneiras 40 e 60 MESH. Foram retiradas amostras para determinação química da lignina e celulose (TAPPI, 1996). Cavacos de S. amara foram mantidos imersos em água durante 24 horas, secos em ambiente natural, pesados a cada 200gr e armazenados em sacos plásticos de 5 kg, e autoclavados a uma temperatura de 121ºC durante 15 minutos. Após resfriamento em condições ambientais, cada saco recebeu um disco de micélio de P. sanguineus de 5mm de diâmetro. O material foi acondicionado em câmara BOD a 30ºC durante 60 dias. Após este período, a madeira foi lavada e seca em estufa a 60ºC para seguir com o cozimento soda. Foram desenhados dez tratamentos, sendo cinco com cavacos bio-tratados  e depositados em digestor acrescido licor de cozimento (NaOH) e água e cinco tratamentos com cavacos não-tratados acrescidos no digestor licor de cozimento (NaOH) e água, seguidos pelo aquecimento gradual do conjunto até 170ºC durante 150 minutos. Cada tratamento foi realizado na concentração de teor de álcali nas proporções 20,24,28,32 e 36%, para obtenção do nº. kappa desejado.
RESULTADOS:
O P. sanguíneus apresentou uma intensa atividade micelial a partir do décimo quinto dia de crescimento nos cavacos de S.amara. O teor de lignina dos cavacos não-tratados foi de 29,64%, passando para um teor de 11,47% após tratamento com o fungo P. sanguineus. Os cavacos não tratados apresentaram 52,25% de celulose bruta e 49,18% de celulose corrigida. Após tratamento com o fungo a celulose bruta apresentou um teor de 59,49% e celulose corrigida 56,38%. No entanto, os testes de cozimento soda (cavacos tratados e não-tratados) com diferentes concentrações de álcali não apresentaram diferenças estatísticas significativas ao nível de 5% de probabilidade (ANOVA), ou seja, o grau de deslignificação tem a mesma magnitude.  A média dos cavacos biotratados foi de 39,48% de deslignificação, enquanto que para os cavacos não tratados foi de 39,88%.
CONCLUSÃO:

Considerando o percentual de deslignificação da madeira bio-tratada com o fungo P. sanguineus, este apresenta potencial para uso em etapa de biopolpação.

O tratamento com soda (NaOH) comparado com aquele bio-tratado não apresentou diferenças no grau de deslignificação. 
Instituição de Fomento: CAPES / FAPEAM / MURAKI
Palavras-chave: deslignificação, processo soda, madeira da Amazônia.