A criatividade segundo Ostrower (1987),é o ato de criar, de dar forma a algo novo, relacionar fenômenos de modo original e compreendê-los em novos termos. Conforme Alencar & Fleith (2003), todos os sujeitos possuem habilidades criativas, em maior ou menor nível. Nesse sentido, Amabile (1983) expõe que a motivação intrínseca é altamente positiva, pois envolve o sujeito para a resolução de um determinado problema e o impele a encontrar uma solução original fazendo-o sentir prazer e satisfação nesse processo. Porém, para a criatividade ser desenvolvida é imprescindível um contexto social favorável que estimule os processos de criação. Desse modo, este trabalho visa problematizar a criatividade relacionando-a com a atividade do Tipo III proposta pelo Modelo de Enriquecimento Curricular (RENZULLI, 2004). Este modelo representa uma proposta de atendimento às altas habilidades/superdotação de sujeitos que se destacam por sua inteligência acima da média, seu forte comprometimento com a tarefa e elevados níveis de criatividade. O trabalho originou-se das experiências vivenciadas no “Programa de Incentivo ao Talento” (PIT) que é um projeto de extensão vinculado ao Grupo de Pesquisa CNPq Educação Especial – Interação e Inclusão Social – GPESP – da Universidade Federal de Santa Maria.

Compreendendo a criatividade nessa perspectiva, o projeto PIT tem como metodologia de trabalho o Modelo de Enriquecimento Escolar supracitado. Este se caracteriza, a saber,  por atividades de três etapas: Tipo I que são atividades exploratórias destinadas a colocar o aluno em contato com uma grande variedade de áreas de conhecimento e que, geralmente, não são contempladas na escola. Nas atividades do Tipo II se busca desenvolver as habilidades de “como fazer” e a autonomia, encorajando a criança na construção de conhecimentos para a elaboração de projetos e produtos – essa criação é o Tipo III, etapa na qual a produção ganha forma. O Tipo III é conseqüência do processo de investigação e pesquisa iniciado pelo aluno no Tipo II. O produto final criado pelo educando no Tipo III começa a ser pensado no Tipo II, pois é na segunda etapa que são apresentados os conhecimentos específicos e possíveis métodos para alcançá-lo; para tanto este projeto de extensão conta com a participação dos Programas de Educação Tutorial – PETs – que trabalham as especificidades de cada área. O Tipo III caracteriza-se como um projeto pessoal que direciona as (altas) habilidades do aluno para a criação de algo novo que contemple o interesse do sujeito. A criatividade produzindo novos conhecimentos.

A criatividade é um importante recurso para o desenvolvimento da sociedade, e estimular o potencial criador dos sujeitos é tarefa de todos, tanto do ambiente familiar como do contexto escolar. A efetivação de programas e ações educativas dentro e fora da sala de aula que venham a contribuir para o desenvolvimento da criatividade por meio de técnicas, atividades e experiências plurais é de suma importância se quisermos, como educadores, atingir o objetivo de formar sujeitos ativos no seu processo de criação, intervenção e inovação social. Diante disso, as atividades de enriquecimento do Tipo III propostas pelo referido projeto de extensão se configuram como importantes aliadas ao desenvolvimento das capacidades criativas, pois oportunizam que as crianças se tornem investigadoras de problemas reais, em suas áreas de interesse, atendendo assim sua necessidade pessoal e desejo pela descoberta, atribuindo sentido à aprendizagem por meio da investigação e da pesquisa. Portanto, as atividades do Tipo III estimulam e possibilitam a criança explorar sua curiosidade e criatividade se expressando em suas múltiplas linguagens, sejam elas na elaboração de um produto da área artística, acadêmica ou científica.