61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 6. Genética
ESTUDO DE MICRONÚCLEOS E OUTRAS ALTERAÇÕES NUCLEARES EM GIRINOS DE Rana catesbeiana EXPOSTOS AO SULFATO DE COBRE.
Carlos Alberto Machado da Rocha 1
Artur da Silva Costa 1
Ana Luiza de Carvalho Bandeira 1
José Corrêa Sagica-Junior 1
Raul Henrique da Silva Pinheiro 2
Yslaine Soraya Rocha de Souza 1
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - IFPA
2. Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
INTRODUÇÃO:

A contaminação ambiental com compostos contendo metais pesados é preocupante, pois além da alta toxicidade, eles têm capacidade de bioacumulação e potencialidade de induzir danos ao material genético. Contatos com o cobre podem ocorrer na agricultura em decorrência do uso de fungicidas e algicidas e nas indústrias de produção de cobre, fabricação de fungicidas e na fundição de metais. O sulfato de cobre é amplamente empregado na aqüicultura para o controle de blooms de algas e de infestações por macrófitas aquáticas. É o algicida mais utilizado. O cobre também pode atingir os ambientes lênticos e lóticos pelo escoamento e/ou carreamento com as águas da chuva, estando adsorvido ou dissolvido na matéria orgânica presente. Diferentes organismos aquáticos, como moluscos bivalves, peixes e anfíbios têm sido usados para investigação da genotoxicidade na água. Os bioensaios permitem o estudo de efeitos tóxicos de diversos contaminantes de maneira isolada ou associada, de modo a reduzir significativamente a influência de variáveis ambientais. O teste do micronúcleo é um dos mais simples e rápidos para o biomonitoramento da genotoxicidade de ambientes aquáticos. Neste trabalho, nós investigamos a freqüência de micronúcleos e outras anormalidades nucleares em eritrócitos periféricos de girinos da rã-touro Rana catesbeiana, com o objetivo de avaliar os efeitos genotóxicos e mutagênicos do sulfato de cobre.

METODOLOGIA:

Girinos de Rana catesbeiana, com comprimento médio de 61,98 mm e peso médio de 1,66 g, foram obtidos do ranário Rãmazon, em Belém (PA). O ensaio foi realizado no Laboratório de Biologia Aquática do IFPA após uma semana de aclimatação, em aquários de 15 L, com dois grupos de cinco girinos submetidos ao sulfato de cobre 1,25 x 10-6 M e 2,5 x 10-6 M, respectivamente. Outros cinco girinos constituíram o grupo controle. Após 48 horas de exposição, os girinos foram anestesiados com gelo por aproximadamente três minutos e as amostras de sangue obtidas por punção cardíaca, sob uma lupa. Um esfregaço de sangue periférico de cada animal foi imediatamente preparado em lâmina limpa, fixado em etanol absoluto por 10 minutos, e seco ao ar. As lâminas foram coradas com solução de Giemsa 10% por 10 minutos e as freqüências de micronúcleos e outras anormalidades nucleares determinadas em 1.000 eritrócitos de cada girino usando ampliação de 1.000X. As freqüências de anormalidades nucleares dos grupos contaminados e controle foram comparadas pelo teste do qui-quadrado.

RESULTADOS:

As freqüências de micronúcleos típicos foram baixas tanto no grupo controle quanto nos contaminados, o que poderia dificultar as análises estatísticas. Entretanto, de acordo com nossa proposta, os micronúcleos foram reunidos às alterações morfonucleares, que apareceram com freqüência um pouco maior. Os percentuais de células alteradas foram: 4,04% no grupo controle, 5,52% no grupo exposto ao CuSO4 1,25 x 10-6 M e 10,9% no grupo exposto ao CuSO4 2,5 x 10-6 M. De acordo com o teste do qui-quadrado, não houve diferença significativa entre o controle negativo e o grupo exposto à menor dose. Já o grupo de girinos exposto à maior concentração apresentou diferença estatisticamente significativa tanto em relação ao controle quanto ao tratado com menor concentração de CuSO4.

CONCLUSÃO:

As freqüências de micronúcleos e outras alterações nucleares aumentaram com o aumento da concentração de sulfato de cobre. O registro da ocorrência de outras anormalidades nucleares, além dos micronúcleos, também tem sido considerado como um real indicador útil na avaliação de efeitos genotóxicos e mutagênicos de contaminantes em organismos aquáticos. Neste sentido, os resultados que obtivemos com girinos de Rana catesbeiana expostos ao sulfato de cobre confirmam o poder mutagênico desse contaminante, pelo menos na concentração de 2,5 x 10-6 M, reforçam a importância do teste do micronúcleo na avaliação de efeitos genotóxicos e indicam que esta espécie é um modelo experimental adequado para o monitoramento da poluição de ecossistemas aquáticos.

Palavras-chave: Mutagênese, Teste do Micronúcleo, Rana catesbeiana.