61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
FAUNA ANOFÉLICA EM UMA ÁREA DE TRANSMISSÃO DE MALÁRIA NO MUNICÍPIO DE PRAINHA, PARÁ, BRASIL
Lorena Loureiro Coelho 1
Wanderli Pedro Tadei 1
Bernardo Silva Cardoso 2
Manoel Djalma Costa 3
1. Laboratório de Malária e Dengue/INPA
2. Núcleo de Medicina Tropical - UFPA
3. 9º Centro Regional de Saúde/Secretaria de Saúde do Estado do Pará - 9ªCRS/SESPA
INTRODUÇÃO:

A malária constitui uma das mais expressivas endemias da Amazônia. Terceira unidade mais importante no tocante à malária, o Estado do Pará distingue-se nas últimas décadas como exemplo típico da pressão das migrações humanas sobre o quadro de condições favoráveis à transmissão de malária na região. Inúmeras pessoas atraídas pelos garimpos, projetos agro-pecuários, instalação de hidrelétricas e projetos de colonização tornaram-se vulneráveis à doença. Fruto de um projeto de colonização espontâneo, a comunidade de Igarapé das Pedras, no município de Prainha, constitui uma área suscetível à ocorrência de casos de malária. A região situa-se às proximidades do rio Curuá-Una e é circundada por coleções de água que possibilitam a ocorrência de criadouros naturais de mosquitos do gênero Anopheles Meigen, 1818. No entanto, para esta localidade são escassos os registros sobre o conhecimento da diversidade de espécies. Nesse sentido, iniciou-se um levantamento entomológico com a finalidade de fornecer informações relacionadas à fauna anofélica existente no local.

METODOLOGIA:

Os anofelinos foram coletados no período de setembro de 2008 a março de 2009, em condições intra e peridomiciliares das áreas povoadas, sendo os dados computados de hora em hora. Para o procedimento das coletas de alados, após a sua localização com auxílio de uma lanterna, os exemplares foram obtidos através de um capturador manual, tanto no intra como no peridomicílio. Após a captura, os espécimes foram acondicionados em frascos e transferidos para depósitos de poliestireno contendo identificação do local, data, horário e modalidade de captura. Com o apoio técnico do 9º Centro Regional de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde Pública (9ª CRS/SESPA), foram realizadas capturas de 4 horas (18 às 22 horas), observando-se sempre a temperatura ambiente e a umidade relativa do ar. No processo de identificação, utilizou-se as chaves taxonômicas para anofelinos de Gorhan et al. (1967) e Consoli & Lourenço-de-Oliveira (1994).

RESULTADOS:

Foram coletados 1.219 exemplares do gênero Anopheles, todas pertencentes ao subgênero Nyssorhynchus Blanchard, 1902, distribuídos nas seguintes espécies: An. albitarsis Lynch Arribálzaga, 1878; An. darlingi Root, 1926, An. nuneztovari Gabaldón, 1940; An. braziliensis Chagas, 1907 e An. deanorum Rosa-Freitas, 1989. An. albitarsis s. l. foi a espécie mais freqüente na área de estudo, representando 94,8% da amostra total. Na ordem de importância, segue An. darlingi, representando 3,6% da amostra. As demais espécies – An. nuneztovari, An. braziliensis e An. deanorum representaram juntas 1,6% do total de exemplares coletados. Os anofelinos foram mais freqüentes no intradomicílio, sendo que do total de espécimes capturados, 84,7% foram coletados em casas com paredes incompletas. Anopheles darlingi, considerado principal vetor da malária na Amazônia brasileira, foi a segunda espécie predominante nos locais de coleta. Sobre a importância desta espécie na transmissão de malária na Amazônia, uma extensa literatura sugere que existe uma fração residual da população deste mosquito, em contato com o homem em períodos de baixa densidade, provavelmente suficientes para sustentar a transmissão da malária na região, apesar de se considerar a diversidade biológica e epidemiológica de outras espécies envolvidas na transmissão local.

CONCLUSÃO:

A existência de casos positivos para malária dentro da área estudada, aliada à ocorrência de espécies de Anopheles na região desencadeou os trabalhos de borrifação residual na localidade estudada, bem como a adoção de medidas de proteção individual e coletiva. Para a consolidação do inquérito entomológico, novas coletas devem ser realizadas para que se possa avaliar, efetivamente, o grau de incidência e distribuição das espécies de anofelinos e sua relação com a transmissão de malária, considerando-se sua distribuição, incidência, sazonalidade, bem como o grau de infecção natural das espécies coletadas.

Instituição de Fomento: CAPES/ADAPTA/INPA
Palavras-chave: Malária, Anopheles, Prainha.