61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
Avaliação da atividade no sistema nervoso central da FRAÇÃO BUTANÓLICA de Ampelozizyphus amazonicus Ducke (Rhamnaceae)
Karla Barroso Feitosa 1, 2
Thereza Christina Monteiro de Lima 3
Antonio José Lapa 1, 4
Mirtes Midori Tanae 4
1. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
2. Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), Manaus
3. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
4. Depto. de Farmacologia, UNIFESP/EPM, São Paulo
INTRODUÇÃO:

Ampelozizyphus amazonicus Ducke (Rhamnaceae), conhecida como saracura-mirá ou cerveja de índio, é endêmica na América do Sul, possui ampla distribuição na Amazônia brasileira, venezuelana, colombiana e peruana e também no Equador. No Brasil, é encontrada em florestas de terra firme nos Estados do Amazonas, Pará e Roraima, onde a casca da raiz e do caule é utilizada para o tratamento de febre e sintomas da malária e também como antídoto contra veneno de cobra. O presente estudo investigou os efeitos centrais da fração butanólica (FBut) de A. amazonicus.

METODOLOGIA:

O caule foi coletado na comunidade Nova Esperança no Município de Manacapuru (AM). O material foi cortado e seco a temperatura ambiente ao abrigo do sol, triturado e guardado em saco plástico. A FBut foi obtida por partição do extrato hidroalcoólico (EHA 2,5%) em butanol. A fração FBut foi filtrada, concentrada e liofilizada (rendimento de 30%). Foram usados camundongos Swiss machos e fêmeas de 30-40g (n=8) fornecidos pelo biotério do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA). Os procedimentos realizados foram previamente aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa UNIFESP (CEP 0760/07). Os animais foram tratados por via oral com a FBut 0.1, 0.3 e 1g/Kg e veículo (água 10mL/Kg) 60 minutos antes dos experimentos. No teste de potencialização do sono induzido por barbitúricos, foi administrado pentobarbital sódico (50mg/Kg, i.p) 60 min após os tratamentos.

RESULTADOS:

No labirinto em cruz elevado (LCE), o tratamento com FBut 0,3g/Kg aumentou a freqüência de entrada nos braços abertos (FBut 0,3g/Kg = 34,43±4,43, controle = 7,45±2,99), o tempo de permanência nos braços abertos (FBut 0,3g/Kg = 12,12 ± 2,56; controle = 1,34 ± 0,65 %) e o número de imersões de cabeça (FBut 0,1g/Kg = 16,5 ± 1,98; FBut 0,3g/Kg = 17,37±0,98; controle = 8,29 ± 1,41),  enquanto os outros parâmetros não foram alterados de modo significativo. No teste da suspensão pela cauda houve diminuição da latência para imobilidade (FBut 0,1g/Kg = 47,59 ± 4,25; FBut 0,3g/Kg = 33,20±3,24; FBut 1,0g/Kg = 27,38±2,33; controle = 78,62 ± 6,97) e aumento no tempo de imobilidade (FBut 0,1g/Kg = 75,10± 4,56; FBut 0,3g/Kg = 115,69±10,49; FBut 1,0g/Kg = 140,03±7,71; controle = 43,25 ± 5,02 segundos). O tratamento prévio com FBut 1,0g/Kg aumentou o tempo para recuperação do sono para 75,0± 7,82 minutos em relação ao grupo controle (34,54 ± 3,86 minutos) e reduziu o tempo de indução ao sono (FBut 0,1g/Kg = 3,37± 0,11; FBut 0,3g/Kg = 3,37±0,13; FBut 1,0g/Kg = 3,32±0,10; controle = 5,31 ± 0,12 minutos).

CONCLUSÃO:

No teste do LCE o tratamento com FBut 0,3g/Kg aumentou a freqüência e o tempo de permanência no braço aberto, bem como o número de imersões de cabeça, parâmetros que indicam um perfil ansiolítico, efeito que deve ser melhor investigado. No teste da suspensão pela cauda a maior dose do extrato apresentou um efeito depressor. O teste do sono induzido por barbitúrico também sugere uma ação depressora central, embora este efeito possa ocorrer devido uma interação farmacocinética.

Instituição de Fomento: CBA, PPGBIOTEC-UFAM, FDB.
Palavras-chave: Ampelozizyphus amazonicus, sono induzido por barbitúrico, labirinto em cruz elevado.