61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
ESTUDO DA DISTRIBUÍÇÃO DA INCIDÊNCIA DE MALÁRIA NA ZONA RURAL DO MUNICIPIO DE PARINTINS.
Elaine Pires soares 1
Adailton Moreira da Silva 2
1. Centro de Ensino Superior do Baixo e Médio Amazonas-CESBAM/Parintins
2. Centro de Ensino Superior do Baixo e Médio Amazonas-CESBAM/Parintins
INTRODUÇÃO:

Na região das Américas, o Brasil é o país que mais registra casos de malária, mais ou menos 50 % dos casos, e a região amazônica é responsável pela quase totalidade dos casos de malária, cerca de 99,7%. A malária em condições naturais é transmitida por fêmeas de mosquitos de gênero Anopheles. O principal transmissor na Região Amazônia é o Anopheles darlingi. No Amazonas os municípios com maior potencial malarígeno são: Manaus, Careiro, Presidente Figueiredo, Manacapuru, Manicoré, Humaitá, Coari, Tefé, Guajará, Barcelos, Santa Izabel do Rio Negro, São Gabriel da Cachoeira, Atalaia do Norte e Itacoatiara. O município de Parintins/AM é considerado como uma área endêmica controlada quanto aos casos de malária, pois não possui índices malarigenos na zona urbana. No entanto, a incidência de casos de malária ocorre na zona rural, nos Aglomerados de Mocambo e Cabury. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi estudar a distribuição da incidência de malaria nas localidades de Cabury e Mocambo e os fatores que contribuem para a ocorrência de casos novos, buscando viabilizar estratégias para o controle e redução da malária no município.

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METODOLOGIA:

Para análise da distribuição da incidência de malária na zona rural de Parintins/AM foram  realizadas viagens, nos meses de maio e setembro de 2008 para os Aglomerados de Cabury e Mocambo para verificação in lócus da susceptibilidade da população local e constatar os fatores contribuintes para a incidência de malária. Assim, para realizar esse estudo utilizou-se o registro de casos de malária entre 2005 e 2008 obtidos da base de dados informatizada do “Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica – Notificação de Casos de Malária” (SIVEP-Malária), gerenciado pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS). Para auxiliar na análise foram também utilizados os dados populacionais do censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Os dados do SIVEP utilizados foram: o resumo epidemiológico com os números de casos de malária por local de infecção e o registro de lâminas positivas por sexo e faixa etária de cada localidade. Os resultados obtidos foram analisados e tabulados levando-se em consideração a localização geográfica, as condições climáticas na Região Norte e a influência antropica.

RESULTADOS:

Através deste trabalho foi possível verificar que a malária nos Aglomerados de Cabury e Mocambo vêm apresentando variações nos últimos anos. De acordo com os resumos epidemiológicos em 2005 não houve ocorrência de casos em Mocambo, enquanto que em Cabury o IPA alcançou 33,3 casos/1000 habitantes. Porém, em 2006 Mocambo apresentou um acréscimo 50% na incidência e Cabury reduziu consideravelmente 72% seus índices. Nos anos de 2007 e 2008 Cabury apresenta o IPA de 28,22 casos/1000 habitantes e 12,82 casos /1000 habitantes nos anos consecutivos, sobressaindo-se sobre Mocambo que consegue reduzir seus índices, 21,52 casos/1000 habitantes e 2007 e 4,9casos/1000 habitantes em 2008. Em ambas localidades os casos são mais freqüentes no sexo masculino e a faixa etária mais atingida é dos 20 a 29 anos, indicando que a população mais exposta é a economicamente ativa, sendo preocupante a incidência na faixa etária de 1 a 4 anos. A contaminação se da principalmente pelo Plasmódium vivax. Em 2008 ocorreu a abertura de estradas em Cabury e Mocambo, para escoamento de produtos agrícolas. A população local sobrevive principalmente das atividades extrativistas.

CONCLUSÃO:

A partir do estudo realizado foi possível verificar que os Aglomerados de Mocambo e Cabury apresentam extrema susceptibilidade para o aumento da incidência da malária, pois, ambas localidades encontram-se em crescimento desordenado, estilo Agrovilas com sub-localidades adstritas, porém, Cabury apresenta maior incidência parasitária anual, seu nível de desenvolvimento sobressai-se ao de Mocambo. Desta forma, torna-se necessário um trabalho coletivo, buscando alternativas para uma assistência integrada como ações de educação em saúde e de mobilização social, visando promover a sensibilização da comunidade local para desenvolver medidas simples de manejo ambiental, uso de medidas de proteção individual e familiar, inquérito hemoscopico com busca ativa de casos, e especialmente permitir a borrifação do interior das casas, quando indicado. Pelo exposto, ficou comprovado que a distribuição da incidência de malária em Mocambo e Cabury estão relacionadas com as formas indevidas de uso e ocupação da terra, favorecendo e contribuindo com o risco de contrair malária devido a alterações ambientais causadas por atividades antropicas ocasionando o desequilíbrio dos ecossistemas, inclusive do anofelino transmissor da malária.

Palavras-chave: Malária, Anopheles darlingi, incidência.