Na Amazônia Central, a pesca e a piscicultura geram grande quantidade de peixes e conseqüentemente, uma grande quantidade de resíduos. Uma das formas de utilização desta pele é o tratamento químico aplicado para transformação em couro, através da técnica de curtimento. Esta aplicação é uma alternativa para agregar valor ao pescado, que servirá de matéria-prima na indústria de artefatos de couro. O couro obtido a partir do pescado é considerado exótico e inovador, com grande aceitabilidade em diversos mercados, inclusive internacionais. A espécie escolhida para este trabalho é economicamente explorada nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas e possui grande potencial para exploração na piscicultura regional e nacional, possibilitando o aproveitamento dos subprodutos gerados no seu abate, tal como a pele, que poderá ser curtida e utilizada na confecção de artefatos. O presente trabalho teve como objetivo obter diversas alternativas de curtimento (natural, sintético e mineral) com propósito de reduzir o tempo de processamento bem como os custos com os reagentes químicos utilizados e proporcionar agregação de valor ao produto na confecção de artefatos recicláveis.

As peles de pirarucu receberam tratamento preliminar de descarne. Posteriormente as peles foram processadas com auxílio de fulão, obdecendo as seguintes etapas: remolho, com a finalidade repor o teor de água perdida pela pele durante o processo de conservação; caleiro: retira as escamas, age sobre as gorduras e ocasiona a abertura das fibras da pele; desencalagem: consiste na retirada do hidróxido de cálcio; purga: ocorre eliminação de substâncias queratinosas; píquel: prepara as fibras colágenas para uma penetração facilitada dos agentes curtentes; curtimento: os curtentes podem ser a base de substâncias naturais, sintéticas e minerais; rebaixamento: os couros obtém a espessura desejada; neutralização: bloqueia a ação do excesso de ácido que penetrou no couro; recurtimento: corrige defeitos e facilita o lixamento do couro; tingimento: confere cor ao couro; engraxe: confere maciez ao couro; secagem: elimina a água não combinada quimicamente com as proteínas; acabamento: confere cor e brilho aos couros. A confecção dos artefatos recicláveis regionais com os couros obtidos foi feito com utensílios de latas de alumínio, garrafas PET, sementes regionais e vários subprodutos.

Visando a importância da melhoria no beneficiamento e da utilização de diferentes tipos de curtimento na transformação da pele do Pirarucu em couro, os resultados obtidos neste trabalho mostraram-se satisfatórios. No processo de curtimento da pele do pirarucu, com diferentes métodos, verificou-se que o curtimento sintético apresentou resultado mais satisfatório em relação aos curtimentos natural (tanino) e mineral (cromo basificado), com relação à redução do tempo de curtimento e a quantidade de reagentes utilizados de acordo com as diversas analises realizadas, os couros obtidos mostraram-se satisfatórios e rentáveis economicamente sendo os mesmos aproveitados de materiais recicláveis e com boa aceitação no mercado.

Verificou-se que os couros obtidos com curtentes sintéticos apresentaram-se macios, elásticos e suaves, quanto aos curtidos com taninos apresentaram cartonados e frágeis ao rasgamento; os curtidos com cromo, mostraram-se duros, rígidos e ásperos. Com relação à confecção dos artefatos recicláveis regionais com os couros obtidos com curtentes sintéticos e minerais, a sua agregação possibilita o incentivo e a instalação de indústrias coureiras no Estado do Amazonas, bem como a geração de renda e empregos.