61ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 6. Serviço Social do Trabalho
O MERCADO DE TRABALHO PARA OS  ASSISTENTES SOCIAIS MASCULINOS NO ESTADO DO AMAZONAS
Sebastião Costa Barroso 1
1. Centro Universitario do Norte (Uninorte)
INTRODUÇÃO:

Sabe-se que historicamente a profissão de Assistente Social foi construída basicamente para o sexo feminino, e nessa trajetória destacaram-se formas de organização social do trabalho que estabeleceram sua identificação com os valores associados à feminilidade, de tal forma que a figura do profissional remete de imediato à mulher. O estudo ora apresentado lança um olhar sobre os diferentes momentos da profissão, no contexto da sua origem e afirmação enquanto prática integrante da divisão social do trabalho. Nessa perspectiva, o Assistente Social masculino aparece como elemento dissonante, estranho mesmo no contexto das idéias e princípios que orientaram o desenvolvimento do Serviço Social e que reproduzem as mesmas bases de organização da vida social, sob a orientação da divisão sexual de papéis que tem definido os espaços de atuação e trabalho de homens e mulheres. Nesse sentido, o presente estudo constituiu também um desafio, pela pretensão de tratar de uma temática ainda pouco explorada, embora rica em materiais pelos sentidos e significados relativos à presença masculina num espaço de trabalho socialmente definido como feminino. Definiu-se assim como objetivo geral da pesquisa, refletir sobre a trajetória do Serviço Social tomando como referência a participação masculina no seu desenvolvimento como categoria profissional.

 

METODOLOGIA:

Com relação à metodologia utilizada, a coleta de dados implicou na seleção prévia de obras para subsidiar o estudo proposto. Para o seu desenvolvimento, foram adotados os procedimentos da análise quanti-qualitativa, a qual impera grande relevância na análise da pesquisa realizada. Também ponderou-se como embasamento, a pesquisa de campo, a qual foi realizada com 05 (cinco) Assistentes Sociais masculinos,  sendo utilizado como instrumento de coleta de dados um formulário de entrevista. O aporte  utilizado como lócus de pesquisa foi o CRESS (Conselho regional de Serviço Social), que forneceu o número de profissionais masculinos inscritos na categoria, sendo que através desse suporte, chegou-se aos referidos sujeitos da pesquisa. O trabalho teve como matriz metodológica o método crítico-dialético, considerando que permite pensar as contradições da realidade enquanto movimento, conjunto de relações e interações onde podem ser destacadas idéias, conceitos, categorias enquanto referências para a compreensão do real. A temática abordada neste trabalho é atual, envolvendo questões que marcam a contemporaneidade do Serviço Social, particularmente quanto ao trabalho do Assistente Social masculino e seu espaço de atuação nesta categoria profissional.

 

RESULTADOS:

A pesquisa de campo realizada mostrou dados significativos para compreender as perspectivas quanto à atuação do trabalhador masculino na categoria do Serviço Social.  Com relação à motivação para a escolha da profissão, as respostas dos entrevistados são elucidativas para compreender a visão pessoal sobre a categoria. Identificou-se nos relatos, uma perspectiva sobre o Serviço Social como profissão, o qual envolve uma relação subjetiva entre o trabalhador social e seu objeto. Isso significa que os entrevistados se posicionaram como integrantes de uma categoria, mas também construindo sentidos e significados quanto ao seu trabalho. Observou-se ainda, que alguns dos entrevistados sofreram preconceito como trabalhadores em uma categoria profissional predominantemente formada por mulheres. Observa-se ainda que a inserção masculina no Serviço Social também envolve demarcações de classe que imprimem significados distintos à escolha da profissão, depreendendo-se dos relatos dos entrevistados que as oportunidades de profissionalização ou acesso ao ensino superior não são as mesmas entre estes profissionais, definindo assim para uns a necessidade de uma formação acadêmica como possibilidade de adentrar no mercado de trabalho, enquanto que para outros, já possuindo educação superior, a escolha deu-se pelo desejo de ampliar conhecimentos e experiências, além das outras motivações antes apontadas.

CONCLUSÃO:

Refletindo sobre a trajetória do Serviço Social, e tomando como referência a participação masculina no seu desenvolvimento, observa-se que historicamente a mulher sempre foi uma referência para a identificação social dessa categoria como profissão, em princípio por ser, desde suas origens, uma área aberta à atuação feminina. Essa predominância da participação feminina, sob a ótica da questão de gênero e divisão social e sexual do trabalho, pode ser compreendida, ao se verificar que o trabalho social envolveu em seus primórdios ações de ordem caritativa, assistencial, filantrópicas, em princípio amparadas nos valores cristãos da caridade e solidariedade, um espaço historicamente marcado pela presença feminina provedora. A pesquisa demonstrou que existe preconceito à presença masculina no Serviço Social, mas também é preciso considerar a percepção subjetiva dos próprios profissionais, influenciando sua decisão de optar pela profissão, como também de nela permanecer. Nesse contexto, mudanças em termos de novas requisições e limites à atuação do Assistente Social no mercado de trabalho contribuem para uma perda de perspectiva sobre a profissão, o que muitas vezes resulta em uma opção por outras atividades no mercado de trabalho onde os homens percebem oportunidades que, na sua visão, não podem encontrar no Serviço Social.

 

 

Instituição de Fomento: Conselho Regional de Serviço Social
Palavras-chave: Serviço Social, Gênero, Trabalho.