61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
CURRÍCULO E TRANSVERSALIDADE: A COMPLEXIDADE NO ENSINO DE CIÊNCIAS
Karla dos Santos Guterres Alves 1
Luciana da Cunha 1
Elisabeth Santos 1
1. Universidade do Estado do Amazonas / UEA
INTRODUÇÃO:

Ao pensar na aplicação da transversalidade no currículo do Ensino Fundamental, tendo como foco aspectos epistemológicos, políticos e metodológicos da prática educativa, constata-se a precariedade na formação dos docentes a respeito do tema. Políticas públicas para educação, geralmente elaboradas por estrangeiros com ideologia neoliberal, buscam de forma descontextualizada adaptar experiências de outros países a realidade brasileira, dificultando a adoção efetiva de práticas transversais, principalmente na região amazônica. O estudo visa compreender como vem se efetivando a transversalidade nas escolas da rede pública estadual do município de Manaus, compreendendo a aplicação da transversalidade no currículo do Ensino de Ciências e contribuindo para a reflexão sobre sua eficiência e aperfeiçoamento.

METODOLOGIA:

Primeiramente foi realizada uma pesquisa preliminar, com uma amostra coletada através de entrevista realizada com professores de ciências (Química, Física, Ciências Biológicas e Matemática) do Ensino Fundamental, escolhidos aleatoriamente, constituindo-se em referencial para a elaboração da fase definitiva da pesquisa. A parir das respostas coletadas na pesquisa preliminar, foi elaborada uma entrevista constituída de 13 perguntas sobre a Transversalidade, com questões abertas. A entrevista foi realizada com professores de qualquer área de ensino, nas escolas da Zona Leste - Distrital 05, da rede pública estadual de ensino. Foram escolhidas para análise as escolas com maior número de turmas do Ensino Fundamental e a série com maior quantitativo de alunos. As perguntas foram realizadas nas escolas selecionadas durante o mês de dezembro de 2008, no turno vespertino, com todos os professores do 8º ano. De posse das informações coletadas, tabularam-se os dados e elaboraram-se gráficos e considerações a cerca dos dados que contribuíram na análise qualitativa das informações obtidas e conclusões sobre a Transversalidade e o Ensino de Ciências na rede estadual de ensino da cidade de Manaus.

RESULTADOS:

O público alvo caracterizou-se, em sua maioria, constituída de professores do sexo feminino, graduados, entre 31 e 40 anos, concursados, com jornadas de trabalho de 40 horas e tempo de serviço entre 11 a 20 anos de trabalho. |Muitos reconheceram desconhecer o termo Transversalidade, outros destacaram palavras como atravessamento, enlaçamento, ponto de encontro de disciplinas, envolver, ensinar a desvendar. Na maioria das escolas a Transversalidade não está contemplada no Projeto Político Pedagógico e apresenta como dificuldades para sua efetivação a falta de trabalho em equipe, a articulação com a equipe pedagógica e a sistematização das reuniões pedagógicas. Os temas trabalhados mais citados pelos professores foram planeta terra; sexualidade, tabagismo; meio ambiente; geometria/com artes; desmatamento; efeito estufa, aquecimento global, colonização e movimentos (Ciências ou Física). Quanto à periodicidade, em sua maioria os Temas Transversais são trabalhados semestralmente, quando contemplados pelas escolas, pois muitas não prevêem este tipo de atividade. A receptividade dos alunos, segundo os docentes, é boa, pois apreciam novidades, porém, para muitos professores, os Temas Transversais para o currículo de ciências estão muito relacionados a feiras de ciências.

CONCLUSÃO:

Os professores, em sua grande maioria, não têm clareza sobre o que seja transversalidade. Mesmo estabelecendo relações com expressões relativas à temática transversal, não sabem como começar e acomodam-se nas rotinas e estruturas já estabelecidas na escola. Em um universo tão rico e complexo, repleto de temáticas próprias à realidade local, as escolas exploram pouco a realidade da Amazônia como temática transversal, reduzindo-se a questão ambiental e, quase que prioritariamente, a questão do ambiente físico. Transversalisar não somente os conteúdos, mas também as práticas pedagógicas, promovendo a dialogicidade que atravesse os limites dos papéis estabelecidos socialmente para cada membro da comunidade escolar, subvertendo relações de poder e ordem em um “caos educativo” que envolva um desequilíbrio alimentador, dinâmico e estabilizado, ou seja, a auto-organização da escola e seus membros é o ideal de um currículo baseado na transversalidade e na complexidade.

Palavras-chave: Currículo, Transversalidade, Ensino de Ciências.