61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
ISOLAMENTO E PURIFICAÇÃO DE FUNGOS ENDOFÍTICOS DE Aniba rosaeodora (LAURACEAE)
Celina de Jesus Silva 1
Sandra Patricia Zanotto 1
Antonia Queiroz Lima de Souza 2
Rafael Lopes e Oliveira 1
1. Universidade do Estado do Amazonas, Mestrado em Biotecnologia / MBT-UEA
2. Universidade do Estado do Amazonas, Departamento de Genética / UEA
INTRODUÇÃO:
Aniba rosaeodora, uma planta nativa da região amazônica, é produtora de um óleo essencial rico em linalol - um metabólito secundário amplamente utilizado como fixador de perfumes. Devido à produção desse constituinte, ela tem sido intensiva e desordenadamente explorada desde a década de 1950, pois para extração de 200 L de óleo através dos métodos  tradicionais de destilação é necessário o processo de 16 a 30 toneladas de madeira. Sendo assim, é uma espécie que já se encontra em risco de extinção. Estudos com microrganismos associados às plantas (fungos e bactérias endofíticos) surgem como uma alternativa para conservação de inúmeras espécies vegetais. Estes microrganismos vivem em associação íntima com as plantas hospedeiras vivas e sadias, podendo imitá-las quanto à produção de metabólitos secundários e conferir as mesmas uma maior adaptação ao meio ambiente. Portanto, o estudo com fungos endofíticos associados à A. rosaeodora pode contribuir não apenas para identificar espécies produtoras de constituintes ativos com possível aplicação na biotecnologia, possibilitando o surgimento de outra fonte natural de metabólitos, como também pode colaborar para a preservação das espécies (planta e fungo).
METODOLOGIA:

Foram selecionados 4 espécimes de A. rosaeodora, situados na Reserva Ducke, para isolamento dos fungos endofíticos distribuídos em galho, folha, semente, fruto e flor. Após a coleta, lavou-se o material com água corrente e detergente neutro. Em câmara asséptica o material vegetal foi imerso em álcool a 70% por 1 minuto; hipoclorito de sódio 3% por 4 minutos; álcool a 70% por 30 segundos; e água destilada estéril por 2 minutos. Como prova de esterilização, foram semeadas em meio ágar-batata-dextrose (BDA), alíquotas de água da última lavagem dos fragmentos vegetais e incubados a 28°C. Em seguida, fragmentos vegetais foram inoculados em placas de petri com meio BDA e meio folha (MF), previamente esterilizados, acrescido de amoxicilina (0,5g/L), para evitar o crescimento de bactérias endofíticas e foram incubadas a 28 °C. A taxa de colonização fúngica foi observada por avaliação macroscópica dos microrganismos isolados, considerando: n° de fragmentos vegetais com crescimento fúngico dividido pelo n° total de fragmentos vegetais. Após o isolamento, a purificação foi feita pela técnica de esgotamento. Após 2 dias de crescimento foi retirado um disco do meio contendo a colônia fúngica e inoculado em outra placa com o mesmo meio de cultura, colocando o fragmento no centro da placa.

RESULTADOS:

Foi obtido um total de 262 fungos distribuídos em 56 fungos para o espécime n°1 (25% isolados de folha; 55,36% de galho e; 19,64% de semente); 86 fungos para o espécime n° 2 (30,23% isolados de folha; 51,16% de galho e; 18,61% de semente); 63 fungos para o espécime n° 3 (38,1% isolados de folha; 42,86% de galho e; 19,04% de flor) e 57 fungos para o espécime n° 4 (35,09% isolados de folha; 56,14% de galho e; 8,77% de fruto). Taxa de colonização do espécime de A. rosaeodora n° 1 foi de 0,47 nas folhas, 1,1 nos galhos e 1 nas sementes; para o espécime n° 2 foi de 1 nas folhas, 1,47 nos galhos e 0,73 nas sementes; para o espécime n° 3 foi de 1,03 nas folhas, 1,08 nos galhos e  0,8 nas flores; e no espécime n° 4 foi de 0,76 nas folhas, 1,24 nos galhos e 0,6 nos frutos. Através da observação morfológica das colônias, os fungos isolados foram agrupados em 21 gêneros diferentes, dentre esses, Guignardia sp., Phomopsis sp., Colletrotrichum sp., Alternaria sp., Fusarium sp., Pestalotiopsis sp., Xylaria sp., Aspergillus sp.

CONCLUSÃO:
A quantidade de fungos isolados de cada espécime de A. rosaeodora foi o suficiente para iniciar os primeiros trabalhos voltados para fungos endofíticos dessa planta. Observou-se que a quantidade de isolados foi diferente em cada parte da planta, permanecendo uma freqüência maior de fungos endofíticos nos galhos dos quatro espécimes analisados. Sugere-se uma justificativa relacionada com a transferência vertical de esporos fúngicos como uma maneira de disseminação desses microrganismos, tendo então os galhos como a parte da planta que mais abriga estes fungos, e principalmente por ser o tecido que apresenta maior resistência frente às alterações no habitat em que a planta está inserida ou mesmo na sua condição fisiológica, oferecendo então, um ambiente favorável para a manutenção dos fungos. Quanto aos gêneros classificados através da análise morfológica das colônias é confirmado com os dados obtidos na literatura. Os gêneros identificados já foram anteriormente isolados em outras espécies vegetais como fungos endofíticos.
Instituição de Fomento: UEA, INPA, FAPEAM, CNPq, CAPES
Palavras-chave: Fungo endofítico, Aniba rosaeodora, Linalol.