61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA, VOLUME E ÁREA BASAL DE UMA UNIDADE DE MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL NA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS, BELTERRA, PARÁ
Roseane de Siqueira Pinto 1
Lia Melo de Oliveira 2
1. Universidade Federal Rural da Amazônia/UFRA-Graduanda
2. Professora Msc/Orientadora
INTRODUÇÃO:

As florestas amazônicas, por abrigarem uma grande diversidade de espécies de árvores, são consideradas hoje umas das maiores potências na produção de madeira tropical. Porém, o volume explorado nessa região é composto por um número muito reduzido de espécies, e o consumo em larga escala de poucas espécies, além de diminuir sua ocorrência em locais de fácil acesso, pode reduzir o potencial econômico da floresta. Além disso, uma parte significativa desse volume é desperdiçada devido, principalmente, à falta de informação sobre a estrutura da floresta e à forma convencional de exploração de madeira. Para melhorar o aproveitamento dos recursos naturais, é necessário que exista um plano de utilização na área a ser manejada, e a base para o planejamento do uso desses recursos é o Inventário Florestal. Através dele é possível se obter informações quantitativas e qualitativas das espécies e das características da área, e definir as intensidades, ciclo de corte e os tratamentos silviculturais adequados. Tendo em vista essa necessidade, o presente estudo avalia composição florística, volume e área basal de uma Unidade de Manejo Florestal Comunitário, na Floresta Nacional do Tapajós.

METODOLOGIA:

O estudo foi conduzido em uma Unidade de Trabalho (UT) da Área de Manejo Florestal do Projeto Ambé, na FLONA do Tapajós, à altura do Km 83 da BR 163, Rodovia Santarém – Cuiabá, no município de Belterra – PA. Nessa UT, de 100 ha, foram alocadas, em sistema de amostragem sistemática, 36 parcelas de 0,1 ha (20mx50m), e uma subparcela de 0,01 ha (10mx10m) em cada parcela. Nas parcelas foram mensurados, com fita centimetrada, todos os indivíduos com DAP≥10cm (Classe de Tamanho 1-CT1), e nas subparcelas, todos os indivíduos com 5≤DAP<10cm (Classe de Tamanho 2-CT2). Foi estimada a altura comercial desses indivíduos para o cálculo do volume e da área basal. Foi calculado ainda o Índice de diversidade de Shannon-Weaver (H’). Os dados foram processados no programa Excel, versão 2007.

RESULTADOS:

Foram registrados 1.704 indivíduos (473 ind.ha-1), distribuídos em 206 espécies, 115 gêneros e 48 famílias. As famílias mais ricas em espécies foram Mimosaceae e Sapotaceae (18), Caesalpiniaceae e Fabaceae (10), Lauraceae e Lecythidaceae, (9), Burseraceae (7), Meliaceae (6), Annonaceae e Myristicaceae (5), que contribuíram com 47% da riqueza local de espécies. As espécies com maior densidade absoluta foram Pouteria sp (25), Minquartia guianensis (24), Protium poniculatum (18), Duguetia surinamensis (17), Sloanea longipes (17), Brosimum lactescens (12), Eschweilera odorata (12), Maquira sclerophylla (11), Pausandra macropetala (11) e Inga alba (10), que reuniram 33% dos indivíduos. Cerca de 44% das espécies ocorrem na área com apenas um indivíduo. O Índice de diversidade encontrado foi de 4,59. O volume encontrado foi 234,87m³.ha-1 e as espécies com maiores volumes foram Virola surinamensis (55,56), Sloanea longipes (43,26), Sclerolobium chrysophyllum (14,80), Pausandra macropetala (11,14) e Ormosia paraensis (10). A área basal calculada foi de 26,17m².ha-1, destacando-se Sloanea longipes (3,69), Virola surinamensis (3,19), Sclerolobium chrysophyllum (1,62), Pausandra macropetala (1,32) e Ormosia paraensis (1,02).

CONCLUSÃO:

Os resultados desse trabalho permitem concluir que a Unidade de Manejo estudada apresenta elevada heterogeneidade florística, mas o povoamento é caracterizado pela concentração de uma grande quantidade de espécies e indivíduos em poucas famílias botânicas, bem como por um número elevado de espécies localmente raras. As famílias Mimosaceae e Sapotaceae apresentaram o maior número de espécies; as espécies que apresentaram maior densidade absoluta, volume e área basal por hectare foram, respectivamente:  Pouteria sp, Virola surinamensis e Sloanea longipe. A área apresentou ótimos valores de volume comercial e área basal, porém, das espécies que apresentaram maiores valores para essas variáveis, poucas são atualmente exploradas pelo Projeto, indicando que o povoamento não se mostra com um elevado potencial para exploração em relação ao objetivo do Projeto.

Instituição de Fomento: Universidade Federal Rural da Amazônia/UFRA
Palavras-chave: Inventário florestal, Unidade de Conservação, Floresta amazônica.