61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 1. Entomologia e Malacologia de Parasitos e Vetores
OPERAÇÃO IMPACTO II – CONTROLE DA DENGUE EM MANAUS, AMAZONAS, BRASIL
Ricardo Augusto dos Passos 1
Vanderson de Souza Sampaio 1
Shelley Samia Maynarth 2
Luzia de Melo Mustafa 1
Carlós Frederico Albuquerque e Melo 3
Bernardino Claudio Albuquerque 1
1. Fundação de Vigilância em Saúde – FVS/AM
2. Secretaria Municipal de Saúde de Manaus - SEMSA
3. Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS/MS
INTRODUÇÃO:
A capital do Estado do Amazonas vem sendo considerada, nos últimos anos, como área de alto risco para o desenvolvimento de epidemia de dengue, em decorrência da alta susceptibilidade da população à infecção e a presença do vetor, que pelas condições ambientais locais encontra ambiente ideal para a sua procriação. Em 2008, a epidemia anunciada não se concretizou em decorrência das medidas de controle adotadas, principalmente em função da Operação Impacto, realizada no período de fevereiro a maio deste ano. Por ocasião da operação, o índice de infestação predial sofreu significativo impacto após a execução do plano, conseqüentemente houve uma redução da transmissão da doença, com uma ocorrência de casos muito aquém do esperado, concentrados principalmente nas zonas oeste e norte da cidade. As ações desenvolvidas enfatizaram que a dengue, antes de ser uma doença de um indivíduo, é principalmente um problema coletivo, que afeta as pessoas independentemente da idade, classe, credo e etnia. Por este motivo, foi elaborado o Plano de Ação que culminou com a Operação Impacto II, cujo objetivo foi o de reduzir a população do Aedes aegypti, principal transmissor da dengue em Manaus, buscando níveis incompatíveis com o desencadeamento de epidemias.
METODOLOGIA:
O levantamento de densidade de vetores da dengue demonstrou situação de alerta, à medida que 54 estratos, dos 55 nos quais está dividida a área urbana, encontravam-se com índice de infestação predial acima de 1%, o que tecnicamente possibilita a ocorrência de transmissão. As áreas, alvo de intervenção, foram selecionadas por meio dos indicadores: Índice de Infestação Predial (percentual de imóveis com presença de larvas de A. aegypti, segundo a metodologia do LIRAa, realizado em janeiro de 2009), Incidência de casos de dengue e o resultado de um inquérito sorológico realizado em 2008 tomando-se como unidade de análise, os bairros da cidade. Estima-se que, nas áreas selecionadas, soma-se aproximadamente 314.932 imóveis, sendo que cerca de 80% são residenciais, perfazendo uma população, a ser protegida, de aproximadamente 1.256.601 habitantes. As atividades desenvolvidas foram: Ação 1: combate ao vetor na fase de larva – foram realizadas visitas casa-a-casa para eliminação de depósitos e tratamento focal com temephós, contando com a participação dos Agentes de Endemias, Forças Armadas e Corpo de Bombeiros; Ação 2: combate ao vetor na fase adulta – aplicação de inseticida a Ultra Baixo Volume (UBV). As ações aqui apresentadas foram realizadas no período de 26 de janeiro a 03 de abril de 2009.
RESULTADOS:
A Ação 1 foi realizada em toda área urbana, abrangendo 38 bairros e totalizando 321.894 imóveis visitados. Destes, 68.991 (21%) imóveis estavam fechados, em 2.438 (0,76%) houve recusa e foram identificados 5.331 (1,7%) terrenos baldios. Foi inspecionado um total de 455.165 recipientes, sendo eliminados 306.203 (67%) e tratados com larvicida 148.962 (33%). A Zona Oeste teve o maior número de imóveis inspecionados, com 92.392, seguidos pelas Zonas Leste, Sul e Norte, com 86.082, 74.615 e 68.805, respectivamente. Do total de imóveis fechados, 33% estavam localizados na Zona Oeste, 25% na Sul, 24% na Leste e, 18% na Norte. Quanto às recusas, 33% ocorreram na Oeste, 29% na Sul, 27% na Zona Leste e 11% na Norte. Na identificação dos terrenos baldios, 50% estavam localizados na Zona Oeste e 26%, 21% e 3% nas zonas Leste, Norte e Sul, respectivamente. O maior número de depósitos eliminados ocorreu nas Zonas Oeste (34%) e Norte (31%), seguidos por Leste (21%) e Sul (14%). O maior número de focos tratados foram das zonas Oeste (38%) e Sul (35%), seguidos por 19% e 8% das Zonas Leste e Norte. Na Ação 2 foi realizada aplicação de inseticidas nos estratos selecionados perfazendo uma cobertura de 188.884 imóveis distribuídos nas Zonas Norte (69.537), Sul (27.114), Leste (45.371) e Oeste (46.862).
CONCLUSÃO:
A Operação Impacto II, que contou com um efetivo de 454 agentes, entre servidores do Estado e Município, Corpo de Bombeiros e Forças Armadas, obteve êxito ao realizar a visita a 321.894 imóveis, número maior que a meta estipulada de 314.932 imóveis. A estratégia educativa e de mobilização social foi fundamental para o baixo número de recusas (0,76%). Em relação aos casos de dengue, no período de janeiro a março de 2008 foram notificados 5.166 casos, sendo 4.421 casos confirmados. Em 2009, no mesmo período foram notificados 500 casos com 222 confirmados, mostrando que a estratégia de controle evitou a esperada epidemia, reduzindo o número de casos notificados em 90,3% e os confirmados em 95%, em relação ao mesmo período do ano anterior. Ressaltamos ainda que a estratégia depende muito da participação popular, tendo em vista que os principais depósitos encontrados no LIRAa são do tipo D2 (Lixo) e A2 (Depósitos de água ao nível do solo), reflexo da precariedade na coleta de lixo e distribuição de água encanada. Compreende-se, pois, que a metodologia aplicada foi adequada à realidade ambiental de Manaus e que se mostrou uma importante estratégia no combate a dengue.
Instituição de Fomento: GOVERNO DO AMAZONAS / PREFEITURA MUNICIPAL DE MANAUS
Palavras-chave: Dengue, Aedes aegypti, Controle Vetorial.