A mosca-negra-dos-citros Aleurocanthus woglumi Ashby é uma praga proveniente do continente asiático. A qual foi registrada pela primeira vez no continente americano em 1913, na Jamaica. No Brasil foi encontrada pela primeira vez no estado do Pará em 2001 e depois em mais seis estados: Amapá, Amazonas, Maranhão, Tocantins, Goiás e São Paulo em 2008. Geralmente encontradas na superfície inferior de folhas jovens preferencialmente de citros, alimentando-se da seiva. Causa prejuízos como danos fisiológicos as plantas, definhamento do lenho e até mesmo a morte da planta. Ainda gerando danos indiretos as plantas como o desenvolvimento da fumagina (Capnodium sp.). As formas efetivas de controle no Brasil são poucas, com apenas o registro do Imidacloprido (200SC) como controle químico que apresenta alta toxidez. O controle biológico vêem sendo o meio mais indicado, pelas características de sustentabilidade e não agressão ao meio ambiente. Sendo reconhecida nesta forma de controle a eficácia de parasitóides como Encarsia opulenta, predadores (Azya sp.) e fungos entomopatógenos. Além de constantemente ser verificada em campo a associação de indivíduos da família Chrysopidae (Neuroptera) como possíveis predadores, pois são reconhecidos como predadores chave no controle de diversas outras pragas da cultura do citros. Porém, pouco conhecida sua eficiência quanto ao controle da mosca negra.

Foram realizadas coletas semanais em pomares de citros da Universidade Federal do Amazonas de agosto de 2008 a março de 2009. Nestas coletas foram retiradas folhas contendo ninfas e ovos de mosca negra, as quais eram colocadas em sacos plásticos e levados para o Laboratório de Entomologia Agrícola (INPA/ CPEN). No qual com o auxílio de um microscópio estereoscópico era feita a contagem do número de ovos e ninfas de mosca negra presentes nas folhas. Posteriormente colocadas em potes plásticos (12x8) no insetário do INPA/CPEN, juntamente com as larvas de crisopídeo obtidas a partir de ovos coletados de campo e mantidos em condições de 70±10% U.R e 25±2 ºC. Após um período de 24hs de exposição ao predador, estas folhas eram retiradas, realizando-se uma nova contagem para verificar o número de formas consumidas.

De acordo com a realização do experimento foram obtidos dados da capacidade predatória das espécies de Chrysopidae encontrados, sobre as formas imaturas da mosca negra dos citros, os quais foram realizados nos meses de dezembro/2008 a fevereiro/2009, com 12 larvas de Chrysopidae. Duas espécies foram identificadas como Ceraeochrysa claveri (5) e Ceraeochrysa cubana (3), e 4 larvas não identificadas. Sendo avaliada a predação das larvas identificadas. As quais apresentaram os seguintes resultados: consumo de ninfas e ovos de mosca negra por Ceraeochrysa claveri foi 24,61% e 0,11%; respectivamente. O consumo de ninfas e ovos de mosca negra por Ceraeochrysa cubana foi de 27,03% e 0%. Também foi observada a duração dos estágios de larva e pupa dos espécimes de Chrysopidae coletados de outubro a dezembro de 2008, alimentados com mosca negra em laboratório. A maioria dos adultos foi identificada apenas ao nível de gênero como Ceraeochrysa sp (47%). A duração observada foi de 15,36 dias para a fase de pupa (14) e 23,7 para a fase larval (7). Ainda foram obtidos parasitóides de 2 pupas de Chrysopidae, identificados a nível de família como Encyrtidae (7 indivíduos) e Eulophidae (13 indivíduos).

Apesar dos percentuais de consumo de mosca negra verificados, os crisopídeos apresentam potencial para ser utilizados no controle da mosca negra, em combinação com outros métodos dentro do manejo integrado de pragas para mosca negra na região de Manaus.