O sucesso na polinização das plantas vai depender do seu sistema de reprodução e da disponibilidade e eficiência do polinizador (Fenner, 1985 apud Nogueira & Arruda, 2006). Assim, dar a devida importância aos processos de interação das plantas é possibilitar a reprodução dessas espécies e permitir seu uso nas mais variadas formas e, sobretudo, impedir o aniquilamento da diversidade biológica. O interesse pelo estudo do Sansão do campo, Mimosa caesalpiniaefolia, deu-se por seu comportamento fenológico, seu uso medicinal como tratamento para os males dos pulmões, segundo Corrêa (1984), reflorestamento de áreas degradadas e ainda podendo ser usado como uma excelente cerca-viva. Sua floração abundante e folhagem verde são ornamentais e valorizam propriedades, principalmente de grande extensão. Dessa maneira o conhecimento de seus eventos fenológicos nos fornece dados preciosos acerca do estabelecimento e da dinâmica das espécies, período reprodutivo, alocação de recursos para polinizadores e dispersores, e uma melhor compreensão das cadeias alimentares disponíveis para a fauna (Locatelli & Machado, 2004). Esta pesquisa teve por objetivo investigar características da biologia floral e visitante florais do Sansão do campo (Mimosa caesalpiniaefolia), também conhecido por sabiá.

O estudo foi realizado em Abril de 2009, em uma área de floresta no município de Altamira-Pará . A região apresenta precipitação e temperatura média anual de 1.885mm e 26°C (Pereira, 2006), respectivamente. Durante 10h de observação, 15 inflorescências foram marcadas aleatoriamente em três indivíduos de Mimosa caesalpiniaefolia. Para as observações foram marcados 3 botões florais em pré-antese, que permaneceram ensacados com saco de tecido tipo voal, para que se evitasse o contato com os visitantes florais até o momento da observação. Foram observados e registrados: aspectos da sua morfologia, biologia floral, comportamento dos visitantes florais, recurso floral procurado e horário de visita.

A espécie pertence à família Leguminosae - Mimosoideae é uma planta amplamente provida de espinhos que atinge de cinco a oito metros de altura e tronco que chega a 30 cm de diâmetro. Suas folhas são compostas bipinadas, geralmente com seis pinas opostas, cada uma com quatro a seis folíolos glabros, de três a oito cm de comprimento. As flores das plantas são melíferas, a inflorescência é do tipo racemo apresentando brácteas. As flores são bissexuais, zigomórficas, com cinco sépalas unidas; corola com uma pétala superior maior de cor branca chamada estandarte. A antese de Mimosa caesalpiniaefolia acontece em horários variados. As sépalas que recobrem androceu e gineceu, lentamente se abrem. Uma pétala aparece e, gradativamente, se ergue. Conseqüentemente, surgem os estames superiores e inferiores, ambos de cor esbranquiçada. Sua flor exuberante exala um odor suave com duração média de 24 horas, onde ocorre seu murchamento.  Por volta das 9h, abelhas das espécies Trigona sp. e Partamona sp. recolheram pólen das anteras deiscentes e depositaram nas corbículas; deslocavam-se pelos estames e sobre as sépalas, não havendo nenhum contato com o estigma. A média de permanência na flor foi de 1,98 minutos e o período de maior freqüência foi de 10 às 14h.

Nas observações realizadas em Mimosa caesalpiniaefolia verificou-se que os visitantes florais, Trigona sp. e Partamona sp. realizaram somente coleta de pólen, pousando sobre e entre os estames e sépalas, sendo considerados pilhadores. Todas as flores observadas caíram após senescência, indicando assim ausência de fecundação na planta. Mimosa caesalpiniaefolia possui pólen e néctar como recursos aos visitantes, morfologia e odor como atrativo. No entanto há ainda aspectos a serem analisados no que diz respeito à sua antese e seu fechamento, visto que as flores aparentemente possuem horários diversos quanto a esses caracteres.   Deste modo, verifica-se a importância da continuidade destas análises para subsidiar estratégias de conservação, papel ecológico e manejo de Mimosa caesalpiniaefolia.