61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 3. Recursos Pesqueiros de Águas Interiores
PESCA E EXTRAÇÃO DE AÇAÍ NO MUNICÍPIO DE MUANÁ – PA
Oriana Almeida 1
Sérgio Rivero 2
Harrison Nascimento 3
Anderson Saldanha 4
Tássia Ferreira 5
Luiz Augusto Mascarenhas Leite 6
1. NAEA-UFPA (orientadora)
2. Economia (PhD) -UFPA
3. NAEA (mestrando)- UFPA
4. Emater
5. Economia (Ac) UFPA
6. Matemática - UFPE
INTRODUÇÃO:

A pesca tem sido uma atividade extremamente importante para as famílias residentes na várzea e estuário da Amazônia. Na região do Baixo Amazonas, estudos intensivos têm sido feitos para se entender a economia familiar, os sistemas de manejo, custos de monitoramento de sistemas voluntários de manejo comunitário e os impactos dos acordos de pesca inclusive para regular criação do gado na várzea através de acordos de pesca.  No entanto, pouco se fez na tentativa de entender o estuário amazônico, uma região onde a economia familiar se diferencia essencialmente da economia familiar do Baixo Amazonas.

Na região do Baixo Amazonas a atividade pesqueira é extremamente importante, mas também a agricultura e criação de gado têm um papel relevante. Diferentemente, na região do Estuário, predomina a extração do açaí, pesca e a captura de camarão.

A presente pesquisa tem como objetivo fazer uma caracterização das famílias da várzea do estuário e entender a pesca de pequena escala como uma das atividades da economia familiar na várzea amazônica, avaliando o impacto da pesca sobre sua renda familiar. O trabalho foi feito no município de Muaná, na Região do Arquipélago de Marajó, estado do Pará.

METODOLOGIA:

O presente estudo foi baseado em dados da economia familiar  conseguidos através de entrevistas semi estruturadas realizadas nos anos de 2007 e 2008 que visavam obter informações sobre características sociais do pescador, status da posse da terra, produção agrícola, pecuária, pesca para região de Muaná. Além de uma entrevista formal sobre aspectos gerais da economia familiar, também foram distribuídos às famílias, em parceria com a Emater, mais de 50 formulários individuais para a coleta diária de captura de camarão com matapi[1] durante o período de dois meses.

Estes dados foram analisados para se fazer uma caracterização geral do pescador artesanal da região de Muaná. Também foram sumarizados e agregados de forma a se entender a proporção de renda oriunda de cada atividade: pesca, pecuária, agricultura e salários e aposentadoria.  As análises resultantes desta base de dados foram comparadas com a renda gerada no Baixo Amazonas.



[1]    Matapi é a armadilha tradicional de captura de camarão utilizada pelos pescadores familiares na várzea amazônica feita de talas de palmeira.

RESULTADOS:

Grande parte das famílias pesca (98%) tanto para consumo quanto para venda e se concentra na pesca de peixes e camarão. Destas famílias, 81% possuem bote, mais de 50% possuem canoa e 19% possuem rabeta. A pesca do camarão no município de Muaná é feita com o matapi.  No ano de 2007, as famílias pesquisadas informaram que capturaram em média 316kg de camarão. Desse total, consumiram mais de 80kg e destinaram à comercialização mais de 200kg, a um preço de venda de R$ 3,59 o quilo. O consumo anual médio familiar foi de 87kg e, a captura semanal foi de 27kg. Do total de famílias entrevistadas, 27% produzem matapi para a venda a um custo de R$ 3,72 por unidade, com venda anual média de 41 unidades.

A extração do açaí é uma atividade muito importante para grande parte das famílias.  Em 2007, as famílias colheram em mais de 300 latas de açaí. O número de latas vendidas em 2007 foi de 270.

Nenhuma das famílias entrevistadas realizava atividade relacionadas a agricultura, criação de gado ou búfalo. Em termos de rendas mais de 50% recebem seguro defeso e bolsa família. Salários que representam um valor maior é recebido por menos que 10% das famílias e em torno desse valor recebem aposentadoria.

CONCLUSÃO:

Para as famílias que vivem na área analisada a colheita do açaí e a captura de camarão funcionam de maneira complementar para a geração de renda. Devido às suas características de sazonalidade, nos meses de  abril, maio e junho as famílias são mantidas pela venda  e consumo de camarão já nos meses de julho até dezembro a principal fonte de renda passa a ser a comercialização de açaí. Basicamente nenhuma dessas famílias possui agricultura ou pecuária, nem mesmo nos pequenos níveis de subsistência. Também é grande a renda oriunda de aposentadoria e salário para suprir as necessidades dos períodos onde as rendas do açaí e camarão são menores.  Comparando com a região do Baixo Amazonas, há grandes diferenças nas características e comportamento das famílias pesquisadas. No Baixo Amazonas a captura da pesca é maior e não há captura do camarão nem extração do açaí. Ao mesmo tempo as famílias praticam agricultura e pelo menos mais de 40% possuem ao menos uma cabeça de gado. Aposentadoria também é extremamente importante na região do baixo Amazonas onde 60% das famílias tem pelo menos um aposentado na família, o que não parece acontecer ainda no estuário, onde esse número varia de 6 a 7%.

Instituição de Fomento: SEPAq, CNPq
Palavras-chave: Pesca na Amazônia, Economia familiar , Estuário.