61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 11. História
“QUEM É FILHO DO NORTE É NETO DO NORDESTE”?  A PRESENÇA DE NORDESTINOS EM RORAIMA – ONTEM E HOJE
Francisco Marcos Mendes Nogueira 1
Kátia Silene de Mesquita Lima 1
Cleudimar Araújo Conceição 1
Maria Luiza Fernandes 1, 2
1. Departamento de História - UFRR
2. Professora Orientadora
INTRODUÇÃO:

Ao longo da sua história de ocupação e exploração, Roraima contou com a presença muito forte de migrantes, e uma grande parte oriunda do Nordeste, presença esta, cantada por Eliakim Rufino, poeta e cantor roraimense que diz “quem é filho do norte é neto do Nordeste”. Desta forma, o presente trabalho buscará verificar o processo migratório que o Estado de Roraima sofreu ao longo dos anos, de modo particular nas décadas de 70, 80, quando ainda era Território Federal e também no início dos anos 90, quando passa a ser Estado, e assim, constatar se “quem é filho do Norte é neto do Nordeste”. Vale ressaltar que em sua migração Roraima contou com o incentivo do Estado brasileiro com o discurso de “segurança nacional” ou, ainda, do “vazio demográfico” da região amazônica. Ademais, percebe-se que a própria delimitação de fronteiras e a constituição de seus territórios nascem através desta migração impulsionada e forçada, alicerçadas nos projetos voltados para Amazônia, em especial, a partir da década 60 e da abertura de estradas nacionais, tais como as BR’s 174 e 210.  

 

METODOLOGIA:

Procuramos destacar o crescimento populacional da cidade de Boa Vista a partir dos anos 70, através de uma revisão bibliográfica, de coleta de dados junto ao IBGE/RR, Secretaria Estadual e Municipal, além da realização de uma pesquisa quantitativa e qualitativa nas Escolas Estadual Euclides da Cunha e Camilo Dias, localizadas respectivamente nos bairros Centro e Liberdade, percebendo assim, através desta se “quem é filho do Norte é neto do Nordeste”. Ademais, se a resposta for afirmativa evidenciar as motivações que influenciaram tais deslocamentos.

RESULTADOS:

Percebeu-se que nas décadas de 1970 e 1980 o Estado exerceu um papel crucial no impulso migratório para Roraima, contudo, como na década de 1980, o número de migrantes aumentou de maneira bem significativa, tanto incentivado pela “aventura” garimpeira como pela própria necessidade de um contingente populacional, a fim da “emancipação política”, passando de Território para Estado. Hodiernamente, através dos dados obtidos nas Secretarias Estadual e Municipal, e nas estatísticas do IBGE, vimos que a migração ainda é muito intensa, de modo particular, a migração intra-regional, isto é, o deslocamento populacional nos vários estados da região Norte, a exemplo podemos citar a presença em Roraima de paraenses, amazonenses, rondonienses, entre outros.

 

CONCLUSÃO:

Mais do que buscar a terra “prometida”, muitos vêm atrás de uma nova perspectiva de vida, ou seja, da sua dignidade, que muitas vezes lhe fora roubada, devido à falta de acesso ao básico para se viver, como moradia, educação, segurança, trabalho e saúde. Portanto, a chegada na “nova” terra significa na verdade o nutrir-se da utopia que acompanha cada migrante, a conquista da casa própria, estudos para os filhos e do trabalho. Por fim, constatou-se, que mesmo na condição de migrantes, há dores latentes, pois, quando alguém migra de onde habitava ocorrem inegáveis “rupturas” afetivas e sociais, porque nenhum migrante sai da sua “terra” sem perder ou deixar um pouco de si.

 

Palavras-chave: Migração, Ocupação, Exploração.