61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 3. Recursos Pesqueiros de Águas Interiores
CAMINHOS PARA CONSTRUIR A SUSTENTABILIDADE: CONHECIMENTO DETALHADO DOS PESCADORES RIBEIRINHOS SOBRE A ECOLOGIA TRÓFICA DOS PEIXES – LAGO MANACAPURU, REGIÃO DO BAIXO SOLIMÕES.
Ana Theodora Gonçalves Monteiro 1
Therezinha de Jesus Pinto Fraxe 2
1. Universidade Federal do Amazonas-UFAM, Faculdade de Ciências Agrárias.
2. Núcleo de Sócioeconomia-NUSEC, Universidade Federal do Amazonas-UFAM.
INTRODUÇÃO:
A necessidade de conservar os recursos naturais e de associar o conhecimento dos atores envolvidos nas pesquisas, se tornou um impulso para geração de um sistema integrado de formas de manejo, bem como novas práticas definidas para desenvolver atividades sustentáveis nos ecossistemas. Deste modo, diferentes formas de manejo podem surgir conforme novos estudos e alternativas para a conservação dos recursos ictiofaunísticos. Avaliando o conhecimento empírico dos pescadores ribeirinhos acerca dos recursos pesqueiros do Lago Manacapuru e propondo a colaboração dos envolvidos na conservação dos estoques pesqueiros, foram identificados os itens alimentares e, por conseguinte a ecologia trófica dos peixes. Nesse contexto, o conhecimento empírico dos pescadores ribeirinhos envolvidos na pesquisa é significativo, pois fornece elementos que contribuem para valorizar o conhecimento etnoecológico, gerando informações necessárias que possam servir como subsídios na gestão participativa e ambiental, no manejo e uso sustentável dos recursos pesqueiros.
METODOLOGIA:
Esta pesquisa faz parte de uma investigação interdisciplinar maior cujo título é Bases para a sustentabilidade da pesca na Amazônia. A coleta de dados se estendeu de maio de 2006 a setembro de 2007, onde diversas viagens a campo foram realizadas em diferentes épocas do ano, levando-se em consideração o período hidrológico, atividades socioculturais e a importância da atividade pesqueira para as comunidades. Também foram realizadas observações diretas sobre a atividade pesqueira artesanal, com o acompanhamento de pescarias. Foram utilizadas para a coleta de dados as técnicas de entrevistas, que foram realizadas com informantes-chaves, os quais foram os chefes de famílias e as pessoas mais antigas, e com base em um roteiro semi-estruturado, cujos objetivos foram à caracterização das principais motivações, sazonalidade pesqueira, história de vida e contextualização socioambientais das comunidades. O universo da amostra foi censitário, abarcando todas as famílias situadas na área da pesquisa. Os formulários aplicados levaram em consideração a variação sazonal dos rios e os aspectos socioculturais. Os mapas mentais foram confeccionados por crianças, jovens e adultos. Nestes, observou-se a organização sócio-espacial das comunidades, áreas de trabalho e ambientes de pesca.
RESULTADOS:
Segundo as entrevistas feitas com os pescadores artesanais das três comunidades da pesquisa e as informações contidas nos formulários do BASPA, foi possível observar que no período da enchente, que se estende do mês de dezembro até abril, o item alimentar mais consumido pelos peixes estão os frutos/sementes (24,6%) que na opinião dos pescadores tiveram um percentual maior em relação aos demais itens alimentares neste período. É relevante observar que, no período da cheia, o principal alimento continuará sendo os frutos/sementes (27,4%), com base nos formulários e opiniões de pescadores. Este apresentou um aumento de aproximadamente 3% em relação ao período anterior. Na vazante é possível afirmar com base nas opiniões dos pescadores, que o item alimentar mais abundante para as espécies de peixes são os peixinhos com aproximadamente 20%, em seqüência o item camarão (13%) e o item limo/lodo (10,8%). É possível observar no período da seca, que os alimentos estão reduzidos em apenas três itens, respectivamente. São eles: o item peixinhos (26,5%), lodo/limo (21,6%) sempre presente nos ambientes aquáticos e o item camarão (17,3%).
CONCLUSÃO:
Os itens alimentares dos peixes demonstram a diversidade de alimentos, ou seja, o conhecimento dos pescadores ribeirinhos sobre a alimentação dos peixes é muito diversificado. Os pescadores da pesquisa informaram nas entrevistas que conhecem o item alimentar dos peixes pelo contato no dia-a-dia, tanto pela observação no comportamento das espécies ou devido à utilização de iscas apropriadas para as capturas das espécies em pescarias. Os pescadores ribeirinhos afirmam nas entrevistas que a maioria das espécies de peixes apresenta uma considerável plasticidade em sua dieta alimentar. Contudo, é possível administrar os recursos naturais, visando a indispensável disponibilidade para futuras gerações. Fazendo-se perceber os estudos relativos a etnoecologia e incluindo aspectos cognitivos de conservação para as alternativas da sustentabilidade.
Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Sustentabilidade, Pescadores ribeirinhos, Lago Manacapuru.