61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 4. História e Filosofia da Ciência
História da Ciência no Brasil: A Instituição das Memórias Históricas das Faculdades de Medicina no Brasil do Século XIX (1854)
Adailton Ferreira dos Santos 1, 2
Márcia Helena Mendes Ferraz 3
1. Universidade do Estado da Bahia / UNEB
2. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo / PUCSP
3. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo / PUCSP
INTRODUÇÃO:

As ciências médicas no Brasil são implantadas no século XIX com a criação e / ou oficialização das instituições de saúde após a chegada D. João VI nessas terras em 1808. Nesse mesmo ano criam-se as Escolas Médicas da Bahia e do Rio de Janeiro. O contexto precário da saúde com epidemias, além de discussões sobre o ensino médico e conflitos entre instituições de saúde na primeira metade dos oitocentos exige mudanças e, assim, são adotadas várias medidas para atender às necessidades do país e o desenvolvimento do conhecimento científico, difusão e ampliação das ciências naturais. Entre as várias iniciativas destacamos a Reforma do Ensino, Lei Nº. 1.387 de 28 de abril de 1854. A Nova Lei influenciada pelo modelo de ciências médicas desenvolvidas na França, indicou mudanças importantes para a medicina no Brasil. Especificamente, o Decreto N º. 1.381, expedido pelo Ministro dos Negócios do Império trata da Reforma dos Estatutos das Faculdades de Medicina e determina a criação das Memórias Históricas das Faculdades sobre os “acontecimentos mais importantes do ano letivo expirado”. A elaboração do documento fica a cargo de um Lente, escolhido pela Congregação de cada Faculdade e sujeita à aprovação na primeira sessão da Congregação do ano subseqüente.

METODOLOGIA:

Na elaboração do presente trabalho utilizamos como base teórica a análise documental e bibliográfica, incluindo obras clássicas do tema tratado, artigos de revista especializadas e trabalhos de pesquisadores atuais. Fizemos uma análise das pesquisas já realizadas acerca de documentações para história da ciência em relação à temática principal aqui tratada. E, por outro lado, levamos em conta as preocupações e discussões dos trabalhos realizados por historiadores da ciência dos países iberos e ibero-americanos que defendem uma metodologia própria capaz de pensar as ciências nessas regiões para além das narrativas históricas. Portanto, há uma necessidade de uma compreensão mais ampla da história da produção e difusão de conhecimentos científicos, não mais restringindo-se a uma investigação sobre o patrimônio científico e técnico, mas sim percebendo-a como um processo, onde um conjunto de fatores atuam e articulam-se entre si. Tomamos para estudos documentações da época, particularmente, as Cartas Régias, a Coleção de Leis do Império e, fundamentalmente, as Memórias Históricas das Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro.      

RESULTADOS:

Com base nos estudos desenvolvidos dentro da proposta defendida, teórico-metodológica para o campo da história da ciência, compreendemos que a primeira Memória História é apresentada pela Faculdade de Medicina da Bahia no mesmo ano da publicação da lei, ou seja, em 1854 sob a responsabilidade do professor e médico Dr. Malaquias Alves dos Santos. Essa Memória Histórica é composto por relatos dos lentes, relatórios de viagens de pesquisas, normalmente, a Europa e atividades dos médicos, informações sobre mudanças no ensino e defesas de teses, apreciações sobre as diversas cadeiras, concursos e, também diz das  epidemias reinantes, cita as providências médicas bem como os registros de acontecimentos considerados importantes para época. O Memória História ao ser aprovado pela Congregação  da Faculdade é publicado sob as normas da Faculdade de Medicina da Bahia.

CONCLUSÃO:

Do ponto de vista da abordagem metodológica das fontes para a história da ciência, especificamente, história da medicina, a criação das Memórias Históricas das Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro (Decreto N º. 1.381 de 1854) amplia o quadro de fontes para a investigação histórica neste campo de conhecimento. Ou, seja, ampliam-se os documentos aqueles que, em seus vários tipos e origens, fornecem os subsídios necessários para a reconstrução da história destas ciências, ou seja, de seus elementos constitutivos, seus atores, seus espaços institucionais e seus espaços de representação. Assim, essa documentação tomada dentro das discussões atuais para a história da ciência, possivelmente, poderá se constituí em um importante contributo para revelar parte do percurso da história da medicina do Brasil Império.

Instituição de Fomento: CAPES / UNEB
Palavras-chave: História da Ciência , Memória Histórica de Medicina, Documento.