61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
ANÁLISE QUALITATIVA DA PRODUÇÃO DE ENZIMAS POR BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS ISOLADAS DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz - Euphorbiacea)
Lucivana Prata de Souza Mourão 1
1. Centro Universitário do Norte (UNINORTE)
INTRODUÇÃO:

Os microrganismos constituem uma das maiores fontes de recursos naturais pouco explorada na Amazônia e de grande valor biotecnológico, principalmente os que vivem em habitats específicos, como o interior das plantas. Endófitos são microrganismos que habitam o interior das plantas, sendo encontrados em órgãos e tecidos vegetais como folhas, ramos e raízes sem causar doenças e sem produzir estruturas externas visíveis. A comunidade endofítica é constituída principalmente por fungos e bactérias. Embora as enzimas originadas de animais e vegetais sejam preferidas no mercado mundial, existe por parte da indústria a tendência de substituir certas fontes enzimáticas por aquelas de origem microbiana devido a sua ampla diversidade bioquímica e susceptibilidade à manipulação genética. Devido à existência de variedades de mandioca no estado do Amazonas e também ao grande potencial microbiológico da região e a crescente aplicabilidade de enzimas na área biotecnológica viu-se necessário investigar a potencialidade de bactérias endofíticas isoladas de mandioca na produção de enzimas de interesse biotecnológico. Este trabalho teve como objetivo analisar qualitativamente a produção de enzimas por bactérias endofíticas isoladas de mandioca (Manihot esculenta Crantz).

METODOLOGIA:

O isolamento bacteriano endofítico foi realizado de folhas aparentemente sadias de mandioca (Manihot esculenta Crantz), onde foi realizada a desinfecção superficial das folhas para eliminação dos microrganismos epifíticos sendo em seguida realizado o controle da assepsia. O isolamento prosseguiu cortando-se as folhas em pequenos fragmento (4 x 6 cm2), os quais foram plaqueados em forma seriada em placa de Petri contendo meios de cultura LB-ágar. Após o crescimento das colônias, os isolados endofíticos bacterianos foram purificados pela técnica de estrias por esgotamento. Todos os isolados foram submetidos análises que consistiram na coloração de Gram, resistência a antibióticos através de antibiograma pelo método de difusão para quatro diferentes tipos de antibióticos: Ampicilina (100 μg/ml), Cloranfenicol (20 μg/ml), Tetraciclina (20 μg/ml) e Canamicina (15 μg/ml) e análise qualitativa da produção de enzimas das classes amilases, celulases e proteases utilizando a técnica de análise em meio sólido suplementado de substrato (amido, carboximetilcelulose e gelatina-leite modificado) onde a cultura bacteriana foi adicionada em “Cup plate”. Ao término do período de incubação, quando necessária solução reveladora foi acrescentada na superfície do ágar, específica para cada enzima, assim determinando atividade enzimática. A atividade enzimática foi determinada pelo diâmetro do halo de degradação do substrato em centimento (cm), medindo-se o reverso da placa de Petri.

RESULTADOS:

Foram obtidos um total de 22 isolados, 64 % foram caracterizados como Gram positivos e 36 % Gram negativos em relação à morfológia das bactérias notou-se a presença de bastonetes (95,5 %) e cocos (4,5 %). No antibiograma observou-se que 21 isolados (95 %) foram resistentes aos antibióticos testados, sendo que 33 % foram resistentes a cloranfenicol, 29 % tetraciclina, 23 % ampicilina, e 15 % canamicina. Onde 5 (24 %) apresentaram resistência a somente um dos antibióticos testado e 16 (76 %) apresentaram múltipla resistência, dos quais 25 % foram resistente a dois antibióticos, 56% a três antibióticos e 19 % a quatro antibióticos. Nos resultados da atividade enzimática dos 22 isolados analisados foi possível constatar que 35 % apresentaram degradação do substrato, 87 % apresentaram atividade proteolítica e 13 % amilolítica. O diâmetro do halo para a enzima protease variou entre 1,4 - 2,6 cm dos quais 11 apresentaram halo entre 1,4 - 2,0 cm e 6 com halo entre 2,1 - 2,6 cm, enquanto para amilase somente em três isolados foi observado a formação de halo de degradação, o qual variou entre 1,5 - 2,1 cm. A atividade celulolítica não foi observada por nenhum dos isolados bacterianos o que já tinha sido observado em outros estudos com endofíticos por outros autores.

CONCLUSÃO:

Foi possível constatar que ocorrem bactérias endofíticas em folhas aparentemente sadias de mandioca, com capacidade produzir enzimas de interesse biotecnológico. Maior parte dos isolados bacterianos endofíticos apresentou resistência aos antibióticos testados, sendo que a maioria deles apresentou múltipla resistência. Nas análises qualitativas enzimáticas a maioria dos isolados bacterianos produziu protease, nenhum dos isolados bacterianos foi capaz de produzir celulase o que já foi observado por outros autores. A atividade das diferentes enzimas testadas variou entre os isolados bacterianos estudados. Por fim, pretende este trabalho ser uma contribuição para a compreensão das interações endófitos e plantas e abrir novas perspectivas sobre o potencial biotecnológico dos microrganismos endofíticos de plantas da Amazônia o qual é praticamente inexplorada neste campo, porém, como já constatado, por outros autores com grandes potencialidades.

Palavras-chave: Bactéria endofítica, Ensaios enzimáticos, Manihot esculenta Crantz.