61ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 9. Artes
PROJETO BALACLAVAS
Luan Grisolia 1
1. Departamento de Artes Visuais, Instituto de Artes, Universidade de Brasília/UnB
INTRODUÇÃO:
A balaclava (máscara de lã preta com uma única abertura para os olhos)simbolicamente trabalha a idéia de defesa e invasão de fronteiras, observando que as fronteiras não mais se limitam à separação dos Estados Nação, mas agora elas cortam cidades e até mesmo bairros e construções. Todos usamos máscaras. Máscaras que nos ajudam a defender nossas fronteiras e máscaras que nos ajudam a invadir fronteiras alheias. A partir de uma leitura das forças que atuam sobre o corpo social pude pensar em formas de intervenção dentro desse, que possam produzir “lacunas” que se contraponham às modernas formas de controle da sociedade contemporânea.
METODOLOGIA:
Os trabalhos iniciaram-se com pesquisas de artistas e obras contemporâneas, principalmente do artista Cildo Meireles, que traz questões comuns às preocupações dos artistas envolvidos na pesquisa. Com ele surgiram novas questões ligadas principalmente a cinco pontos: produção artística, ética, política, história e a relação arte e vida. Em “Arte moderna”, livro de Giulio Carlo Argan podemos ter uma ampla leitura de um período dessa história da arte, que é também um período da história da humanidade. A modernidade é inaugurada por uma crise, a crise do poder transcendente divino e o desabrochar da racionalidade como força emancipatória do homem e da mulher. Para avançar e aprofundar as questões levantadas em Argan observei a necessidade de construir uma leitura mais consistente e cociente da atual organização político social da sociedade. Para esse estudo me apoiei principalmente em Focault, Deleuze e Negri. Este último trazendo contribuições importantes em sua obra “Impérrio” onde ele identifica uma mudança radical nos conceitos que formam a base filosófica da política moderna como soberania, nação e povo. A partir desta construção Investiguei algumas intervenções (artísticas e política) nessa realidade.
RESULTADOS:
Paralelo a pesquisa teórica e imagética trabalhei com a produção de duas vídeo-instalações. A primeira finalizada e apresentada em maio de 2008, no Projeto Fora do Eixo, no Espaço Piloto, na Universidade de Brasília. A segunda vídeo-instalação, realizada com a colega do grupo de pesquisa do PIC, Mayra Miranda, foi exposta no Espaço Piloto em julho de 2008. Estes dois trabalhos trazem questões e reflexões que foram geradas e aprofundadas na pesquisa do PIC. Outro desdobramento das questões levantadas no grupo de pesquisa foi o Projeto Lacuna, que consiste em exibições de vídeo-arte, seguidas de debates e tem o objetivo de colaborar com a produção e critica da cultura visual da cidade.
CONCLUSÃO:
A multidão, diferente da idéia de unidade do 'povo', encontra sua força na multiplicidade e está engajada na produção de invenções, diferenças e modos de vida. É nessa multiplicidade de singularidades que se encontram as potências/ forças da multidão, que o poder hegemônico pena em tentar abranger, controlar e des-potencializar. Maior é o poder de uma ação política quanto maior for sua diversidade interna e suas expressões de liberdade. Atualmente a vida cotidiana, dentro da sociedade de controle, encontra-se atravessada por sistemas tecnológicos e de comunicação que a mergulham em uma rede de jogos discursivos de poder. É nesse cenário que a intervenção política/artística (estética) pode assumir um papel efetivo na re-convocação dos sentidos e da reflexão sobre nossa atual condição/organização social.
Instituição de Fomento: PIC/UnB
Palavras-chave: balaclava, arte , política.