Este trabalho faz parte do subprojeto “Escândalos no poder político na discursividade de Veja: estudo de casos”, vinculado ao projeto temático “Veja: memória discursiva sobre poder político e econômico no Brasil”, coordenado pela Profa Dra. Maria da Conceição Fonseca-Silva. Buscamos investigar, na perspectiva da Análise de Discurso (AD), de que forma a imprensa discursivisou o caso Toninho do PT, o caso Celso Daniel e o caso Escândalo dos Sanguessugas. Objetivamos apresentar resultados parciais acerca do estudo desses casos, que tiveram repercussão na mídia e, de maneira particular, em site especializados e na revista Veja. Para tanto, procedeu-se inicialmente à catalogação, à descrição e ao estudo e análise dos textos que compõem o Corpus da pesquisa. Após essa etapa, chegou-se aos resultados que serão aqui apresentados.

O corpus da pesquisa à qual está vinculado o subprojeto que originou esse trabalho é constituído de exemplares da revista Veja que têm como tema questões relacionadas ao poder político no Brasil e sites especializados na internet que também tematizam escândalos políticos no Brasil. Nessa etapa da pesquisa, foram realizadas catalogação, descrição e discussão dos escritos que compõem o corpus da pesquisa, a saber: reportagens, editoriais, entrevistas, ensaios, dentre outros, que foram veiculadas pela revista Veja e site especializados na Internet, e que tematizam escândalos políticos. Sobre o caso Toninho do PT, foram catalogados doze (12) escritos, veiculados em sites especializados; Sobre o caso Celso Daniel, foram catalogados quatorze (14) escritos: doze (12) veiculados na revista Veja e dois (2) em sites especializados; Sobre o caso Escândalo dos Sanguessugas, foram catalogados dezoito (18) escritos: dez (10) veiculados na revista Veja e oito (8) em sites especializados. A análise e discussão dos escritos catalogados teve como base teórica postulados da Análise de Discursos.

Os três casos investigados funcionaram como acontecimentos discursivos na mídia entre os anos de 2001 a 2008. O Caso Toninho do PT teve início em 10 de setembro de 2001, quando o então prefeito da cidade de Campinas foi assassinado a tiros. Na discursivização da imprensa e sites especializados, a polícia apontou crime comum e a família crime por motivação política. O Caso Celso Daniel teve início em Janeiro de 2002 quando o então prefeito de Santo André foi seqüestrado e morto em São Paulo. Na discursivização da mídia, a polícia indicou que Celso Daniel foi seqüestrado e morto por engano e a família defendeu que o assassinato teve motivação política. Esse caso foi discursivizado por Veja de 2002 a 2008. O Escândalo dos Sanguessugas teve início em 2006 com a descoberta de uma quadrilha envolvendo deputados e funcionários da Planan que desviavam dinheiro para a compra de ambulâncias. A Operação Sanguessuga foi deflagrada pela Polícia Federal em Maio de 2006 visando desarticular o esquema de fraudes e licitações na área de saúde. Veja discursivizou sobre o caso em dez (10) edições até dezembro de 2008. A análise indicou que os três casos, embora diferentes, estão ligados a crimes de corrupção.

Neste trabalho, apresentamos alguns dos resultados do estudo de três dos casos referentes a escândalos políticos no Brasil e que tiveram repercussão na mídia. Foi possível observar que: a) a imprensa, ao discursivizar sobre acontecimentos ligados a escândalos de corrupção, causa grande impacto na ação política; b) a divulgação dos escândalos políticos na vida política brasileira pela mídia indica que a vida privada das lideranças políticas deixam de ser privadas e que não existem mais segredos particulares e nem “segredos de estado”; c) apesar de toda a pressão e acompanhamento feito pela mídia denunciando e investigando por conta própria e publicizando os fatos relacionados aos casos três casos estudados, a Política possui uma certa autonomia, pois casos como os de Toninho do PT e de Celso Daniel, por exemplo, continuam sem ser esclarecidos; d) a mídia funciona como um “banco de dados” e como lugar de memória discursiva que pode ser esquecida, mas não apagada.