61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
ANTIBIOSE DE Penicillium spp. ISOLADOS DE Victoria amazonica CONTRA A BACTERIA FITOPATÓGENA Ralstonia solanacearum
Antonia Queiroz Lima de Souza 1
Eliana Amaro Bianco 2
José Odair Pereira 3
Liane C. R. Demosthenes 3
Jânia Liliam S. Bentes 3
Afonso Duarte Leão de Souza 2
1. 1Escola Superior de Ciências da Saúde da UEA
2. 2Departamento de Química da UFAM
3. 3Faculdade de Ciências Agrárias da UFAM
INTRODUÇÃO:
Os diferentes ecossistemas da Região Amazônica favorecem a grande biodiversidade ali existente. Nos rios ocorrem uma diversidade de macrofitas aquáticas que contribuem para o equilíbrio das cadeias alimentares, favorecendo a fixação de nitrogênio neste ambiente, abrigando e alimentando peixes e outros vertebrados aquáticos. A planta Victoria amazonica é endêmica desta região e suas folhas podem alcançar até 1,8m de diâmetro, com flores róseas polinizadas por besouros, caule e raízes submersos são um dos cartões postais da Amazônia brasileira. Neste ambiente circundado de água o homem nativo cultiva culturas de ciclo curto para sua subsistência. As duas principais são o tomate (Lycopersicon esczilentum MILL.) e o pimentão (Capsicicm unnuum L.), contudo várias pragas comprometem a produção local. Ralstonia solanacearum, uma terrível bactéria fitopatógena, causa a murcha bacteriana, com graves perdas econômicas. Sua patologia é relativamente complexa, tendo em vista, sua diversidade e a alta virulência provocada, causando reflexos negativos à produção. Estudos envolvendo a produção de extratos de fungos endofíticos de V. amazonica testados contra R. solanacearum foram conduzidos com êxito.
METODOLOGIA:
A Planta V. amazonica foi coletada no município do Carreiro da Várzea, no estado do Amazonas. O material botânico foi processado antes de 24hs e fragmentos da lamina foliar inferior, trabéculas, caules e flores foram inoculados em BDA contendo 100ug/mL de terramicina para o isolamento dos fungos; ISP2 e Aveia com 50ug/mL de cetoconozol para os actinomicetos. As placas de petri contendo os meios de culturas e os fragmentos da planta foram incubados em incubadora BOD por um mês. A cada oito dias a temperatura foi alterada para: 18oC, 26oC e 40oC. Após o terceiro dia de incubação fragmentos do meio de cultura contendo hifas foram transferidos para tubos de ensaio com meio inclinado especifico do isolamento. As culturas mitospóricas foram purificadas ela metodologia de culturas monospóricas e preservadas em Castellani, óleo mineral e água com glicerol 15%. Os ascomicetos e Micelia sterilia foram purificados por repique sucessivos e preservados das duas últimas formas acima citadas e em placas de petri 60mmx12mm a 4oC. De 22 fungos endofíticos isolados de V. amazônica, foi avaliada atividade antibiótica de 49 extratos, produzidos a partir da fermentação em meio sólido, líquido estático e sob agitação de 120 rpm, todos a temperatura ambiente contra duas linhagens de R. solanacearum, isoladas do tomateiro e do pimenteiro, pela metodologia de difusão em ágar e acompanhados até 96 hrs.
RESULTADOS:
Dos tecidos de V. amazonica foram isolados nove grupos de fungos endofiticos, totalizando 47 isolados, todos preservados e incluídos na coleção de microrganismos do grupo de pesquisa GEMA. Pelas avaliações macro e micro-morfológicas identificou-se os gêneros Trichoderma, Fusarium, Phomopsis, Pestalotiopsis, Xylaria, Penicillium e três não identificados. Dos 62 extratos obtidos 49 foram testados e 15 apresentaram antibiose, sendo que Penicillium spp., formaram os maiores halos: 20, 30 e 40mm de diâmetros, acompanhados por 96 horas certificando a atividade bactericida. Trabalhos posteriores continuarão para identificar as moléculas bioativas.
CONCLUSÃO:
A metodologia direcionada para o isolamento de actinomicetos não foi apropriada enquanto que a de fungos endofíticos esteve de acordo com os objetivos deste trabalho. Os resultados comprovam o potencial para a produção de metabólitos bioativos contra R. solanacearum. Considerando a importância deste fitopatógeno na agricultura local, nacional e mundial pode se considerar a fermentação da melhor linhagem produtora destas moléculas bioativas uma boa alternativa para o controle R. solanacearum.
Instituição de Fomento: CNPq, CAPES e FAPEAM.
Palavras-chave: Victoria amazonica, Fungos endofíticos, Ralstonia solanacearum.