61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
RESPOSTA DE ESPÉCIES LENHOSAS DA CAMADA RASTEIRA À IRRIGAÇÃO E ADUBAÇÃO EM UMA ÁREA DE TRANSIÇÃO ENTRE CERRADO E FLORESTA EM RELAÇÃO À ÁREA FOLIAR ESPECÍFICA E CONCENTRAÇÃO DE NUTRIENTES
Yamara Alves de Macedo 1
Mundayatan Haridasan 2
1. Universidade de Brasília, Dept. Ecologia/ UnB-IB-ECL (Bolsista de IC)
2. Prof. Dr. Universidade de Brasília, Dept. Ecologia/ UnB- IB- ECL (Orientador)
INTRODUÇÃO:

A transição entre as fitofisionomias do cerrado, mais abertas e com menor biomassa e as mais fechadas e com maior biomassa, é atribuída de modo geral a variações nos fatores edáficos como fertilidade do solo e regime hídrico. Um melhor entendimento do papel dos componentes da vegetação desta transição é essencial para entender a dinâmica de expansão ou retração das florestas uma vez que estes ecossistemas apresentam alta biodiversidade. A área foliar específica (AFE) é uma característica ecofisiológica importante, pois integra vários aspectos relacionados à estrutura e fisiologia da folha em resposta às variações do meio ambiente como a disponibilidade de água e de nutrientes no solo. Está relacionada à alocação de biomassa por unidade de área, à longevidade e custo de construção foliar, e pode ser utilizada para comparar possíveis estratégias adaptativas de espécies que coexistem em uma mesma comunidade. O objetivo deste estudo foi analisar a resposta - em termos de variação nutricional e AFE - de espécies lenhosas da camada rasteira de uma transição cerrado-floresta, à manipulação da disponibilidade de nutrientes e água. Testou-se a hipótese de que a variação entre espécies na AFE está relacionada à concentração de nutrientes nas folhas.

METODOLOGIA:

Foram selecionadas 16 espécies lenhosas comuns da camada rasteira de uma área de transição entre cerrado e mata de galeria na Reserva Ecológica do IBGE, Distrito Federal. A área de coleta consistia em parcelas de 10x70m separadas por área controle de igual tamanho, totalizando 9 parcelas: 3 com adição de nutrientes (N, P, K, micronutrientes e calcário dolomítico), 3 com adição de nutrientes e irrigação e 3 sem tratamento (controle). As fertilizações foram feitas em novembro de 2007 e em fevereiro de 2008. A irrigação teve como objetivo evitar o estresse por evaporação durante a época seca e consistiu na irrigação de 240 mm por mês, durante os meses de junho a setembro de 2007. Em outubro de 2007 e janeiro de 2008 foram feitas amostragens de 3 folhas maduras de 3 indivíduos de cada espécie por tratamento. A área e massa foliares foram determinadas individualmente para cada folha para o cálculo de AFE. Foram calculadas médias de AFE por planta e as amostras compostas de folhas de cada planta foram analisadas por nutrientes. O teor de nitrogênio foi determinado pelo método de micro-Kjeldahl. Para os elementos Ca, Mg e K utilizou-se espectrofotometria de absorção atômica ou emissão de chama e para P, colorimetria, a 410 nm, utilizando-se vanadomolibdato de amônia.

RESULTADOS:

A AFE não variou significativamente em resposta aos tratamentos aplicados e, de modo geral, não foi observado aumento significativo no teor de nutrientes foliares com a adição de fertilizantes. Entretanto, houve variação entre espécies na resposta a esse tratamento. A ausência de resposta na concentração foliar pode ser devido ao efeito da diluição do nutriente em outros compartimentos da planta, refletindo no aumento da biomassa total. A média de AFE foi de 86,0 cm² g-¹. Os menores valores corresponderam às espécies Anemopaegma arvense (55,2 cm² g-¹) e Miconia albicans (62,8 cm²g-¹) e os maiores à Sabicea brasiliensis (132,8 cm² g-¹) e Baccharis salzmannii (131,3 cm² g-¹). Não houve correlação significativa entre AFE e concentração foliar de nutrientes. Apesar disso, a concentração de nutrientes variou significativamente entre as espécies e houve correlação significativa entre N e P e entre Ca e Mg. A média de [N] foi de 1,56±0,82%, variando de 1,0% em Ouratea floribunda a 4,1% em Neea theifera. A [P] variou de 0,06% em Erythroxylum campestre a 0,14 % em N. theifera, com média de 0,08±0,02%. A razão entre a maior e a menor concentrações de nutrientes entre as espécies foi de 4,54 para N, 2,57 para P, 7,73 para K, 6,21 para Ca e 5,2 para Mg.

CONCLUSÃO:

As faixas de valores encontradas para área foliar específica e concentração foliar de nutrientes foram semelhantes às obtidas em estudos anteriores com o estrato arbustivo-arbóreo de cerrado. As correlações entre macro-nutrientes obtidas neste trabalho também estão de acordo com dados encontrados na literatura para esse bioma. A AFE não apresentou correlação significativa com a concentração foliar de nutrientes. A adubação não alterou as relações entre N e P, Ca e Mg e entre AFE e nutrientes.

Instituição de Fomento: CNPq- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Palavras-chave: Transição cerrado-floresta, área foliar específica , nutrição mineral.