61ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 3. Engenharia Civil
IDENTIFICAÇÃO DAS BARREIRAS E DOS BENEFÍCIOS  NA MANUTENÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE NAS CONSTRUTORAS DE MANAUS
Luz Marina Maruoka 1
Róger Thury 1
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM).
INTRODUÇÃO:

A Indústria da Construção Civil-ICC é considerada um setor da economia de suma importância em níveis econômicos, sociais e político devido à contribuição 20% para Produto Interno Bruto-PIB e absorção de 6% mão-de-obra ativa. Apesar disso, apresenta questões nevrálgicas como custos elevados, grandes desperdícios, baixa produtividade,  patologias e impactos ambientais. Com a finalidade de atenuar tais questões, em 2000, o Governo Federal instituiu o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade na Construção Habitacional– PBQP-H. Entre as ações propostas pelo programa, encontra-se a qualificação das construtoras obtida através da implantação de sistema de gestão de qualidade - SGQ. Paralelamente o Estado começou a exigir certificados de qualidade nas licitações. A conformidade do SGQ das construtoras é avaliada segundo o regimento Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil – SIAC/PBQP-H, tendo como referência a NBR ISO 9001:2000. O Estado do Amazonas aderiu ao PBQP-H em 2003 e os governos estadual e municipal começaram a exigir o certificado de qualidade nas licitações a partir de março de 2006. Atualmente totalizam mais de 150 de empresas com o SGQ certificado. Dentro desse contexto, percebe-se a importância de registrar, entender e analisar esse momento do setor da construção civil do estado do Amazonas. Nesse intuito, essa pesquisa tem como objetivo analisar as barreiras e benefícios na manutenção do Sistema de Gestão da Qualidade nas construtoras de Manaus.

METODOLOGIA:

A metodologia adotada foi dividida em quatro etapas, quais sejam: i) desenvolvimento do   instrumento de pesquisa para realização da entrevistas (questionário com questões abertas para não influenciar nas respostas e conseguir captar o máximo das informações); ii) seleção e contato com as empresas; iv) realização das entrevistas com o representante da direção ou engenheiro ou técnico; v) análise dos dados coletados. Na etapa que antecede a primeira, foi necessário realizar a pesquisa bibliográfica para construção do arcabouço teórico relativo ao tema, identificando assim, estudos já realizados para balizar a construção do instrumento de pesquisa. Em relação à seleção das empresas, vale ressaltar que se buscou identificar as construtoras que já tinham SGQ implantados e amadurecidos, atuantes em Manaus e que permitissem a realização das entrevistas. Como resultado desse critério, foram selecionadas três empresas. Com objetivo de manter o sigilo e confiabilidade nas coletas das informações prestadas, foi atribuída uma letra a cada empresa (A, B, C).

RESULTADOS:

As três empresas pesquisadas possuem certificação nas normas  SIAC/BQP-H e ISO 9001 e atuam nos diversos mercados de incorporação e construção de edifícios ou de construção de edifícios comerciais e industriais para empresas públicas e privadas.A Empresa A apontou os seguintes benefícios: melhor organização interna e controle dos processos, melhoria na qualificação profissional, maior produtividade, aperfeiçoamento na seleção dos fornecedores. As barreiras citadas foram: dificuldade de integrar o SGQ a rotina das atividades, baixa qualificação da mão-de-obra e falta de interesse na qualificação, elevada burocracia, não registrar as não-conformidades dos serviços, a falta de preenchimento dos registros. A Empresa B citou como benefícios: o maior controle dos serviços, a melhoria na qualidade de produto acabado, a redução do retrabalho, a maior organização da mão-de-obra, o aumento da produtividade, a melhoria no controle de materiais e a rastreabilidade dos serviços. As barreiras listadas foram as seguintes: aumento da burocracia, demora na tomada decisão, rigidez dos procedimentos, baixa qualificação da mão-de-obra, não registrar as não-conformidades. A Empresa C apontou os seguintes benefícios: o conhecimento e a organização de cada atividade, melhoria no controle dos processos, principalmente no recebimento dos materiais e rastreabilidade. As barreiras elencadas foram: a burocracia, preenchimentos dos registros, baixa qualificação da mão-de-obra, resistência à adoção de novas posturas, os elevados custos da manutenção do SGQ e não registrar as não-conformidades.

CONCLUSÃO:

Para efeito da análise, concentrou-se nas questões mais apontadas pelas empresas. Observa-se que todas empresas entrevistadas apontaram como benefícios a melhoria do controle do processo e organização das atividades. Isso decorre pelo fato que o SGQ requer a descrição e padronização dos procedimentos das principais processos administrativos e construtivos e o estabelecimento de critérios de inspeção e todos os envolvidos devem ser treinados para saber o que e como fazer.  Em relação às barreiras encontradas, as mais citadas foram aumento da burocracia, não registrar as não conformidades das atividades, baixa qualificação da mão-de-obra. É de fato evidente o aumento da burocracia assim como não efetuar os registros, isso se deve a necessidade de padronizar os processos e controlá-los, mas há a possibilidade simplificar e condensar os  formulários. Em compensação, não apontar as não-conformidades, as empresas  perdem grande oportunidade de avançar na direção da melhoria contínua, pois um dos principais pilares da qualidade total é detectar as causas do erros para atuar  na raiz do problema. Outro ponto apontado e crucial é a baixa qualificação da mão-de-obra, isso decorre a alta rotatividade e falta da mão-de-obra como resultado do boom da construção civil em Manaus e no Brasil, do processo construtivo e a cultura do setor.

Instituição de Fomento: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM).
Palavras-chave: Sistema de Gestão de Qualidade, Construção Civil, PBQP-H.