61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 3. Saúde de Populações Especiais
PREVALÊNCIA  DE FATORES DE RISCO CARDIOVASCULARES EM PACIENTES CARDIOPATAS DO INSTITUTO DO CORAÇÃO NO AMAZONAS
Rosemary Alves de Almeida 1
Bruno Corrêa Elamide 1
Ana Carolina Santos Silva 1
Christine Rondon Pedrosa 1
Tiago de Azevedo Maia 1
Mariano Brasil Terrazas 1
1. Universidade Federal do Amazonas/ UFAM
INTRODUÇÃO:
As doenças cardiovasculares (DCVs) assumiram papel indiscutível de morbidade e mortalidade no mundo, tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento. No Brasil, em 2008, foram responsáveis por mais de 30% dos óbitos. Deste modo, as DCVs constituem um importante problema de saúde pública, além de representarem os mais elevados custos em assistência médica. Estudos epidemiológicos destacam que estas doenças seriam relativamente raras na ausência de seus principais fatores de risco, dentre os quais se destacam: hipertensão arterial sistêmica, diabetes, obesidade, tabagismo, história familiar e sedentarismo. Considerando a doença estabelecida, estes fatores estão associados a maior número de hospitalizações e a um pior prognóstico. Assim, a análise da prevalência de fatores de riscos em populações é uma prática importante, que pode gerar informações relevantes para que diretrizes sejam elaboradas e reavaliadas em busca de melhor atender as características específicas de cada população. O objetivo do presente trabalho consistiu em conhecer a prevalência de fatores de risco associados às doenças cardiovasculares em pacientes cardiopatas atendidos no Instituto do Coração (InCor), no Amazonas.
METODOLOGIA:
Foi realizado um estudo transversal em um centro de referência no tratamento de DCVs durante os meses de junho e julho de 2008, com o intuito de conhecer o perfil da associação fatores de risco em uma população cardiopatas no estado. Os indivíduos participantes da pesquisa foram selecionados aleatoriamente a partir de uma amostra de pacientes portadores de DCVs diagnosticadas há pelo menos um ano. Foram convidados para participar do presente estudo 110 indivíduos atendidos no InCor. Um questionário padronizado foi aplicado, incluindo perguntas como: grau de prática de atividade física, níveis de estresse, hábito de fumar, consumo de bebidas alcoólicas, história familiar de doença cardiovascular, entre outros. Além disto, foi realizada a mensuração do índice de massa corpórea (IMC), a avaliação antropométrica dos participantes se deu através da tomada do peso corporal, em balança digital, e mensuração da estatura dos indivíduos, por meio estadiômetro padronizado. A circunferência abdominal dos participantes foi medida a partir da menor circunferência entre a última costela e a crista ilíaca, obtida com auxílio de fita métrica. E a aferição da pressão arterial foi realizada de acordo com as diretrizes estabelecidas pela ABH.
RESULTADOS:
A população de referência do estudo foi constituída por adultos de 32 a 86 anos, com média de 48,2 anos e mediana de 52 anos. Dos 110 indivíduos que comporam a amostra, 45,5% eram do sexo feminino e 54, 5% do sexo masculino. Quanto aos hábitos considerados de risco: 65,5% afirmaram ser sedentários, 42,7% consideram-se estressados, 48,2% relataram história de doença cardiovascular em parentes de primeiro grau, 35,5% afirmaram ser tabagistas e 26,4% relataram consumir álcool periodicamente, sendo que os dois últimos parâmetros avaliados foram significativamente mais prevalentes em indivíduos do sexo masculino.  Quanto ao IMC, 41,8% dos participantes apresentavam-se dentro dos índices de normalidade; 23,6% foram classificados apresentando sobrepeso; 25, 5%, obesidade grau I e 9,1% obesidade grau II, não foram encontrados neste estudo indivíduos portadores de obesidade grau III. A média da circunferência abdominal constou de 88,9 no sexo feminino e 104,9 no sexo masculino. Quanto à co-morbidades associadas, 41,8% dos pacientes eram hipertensos, sendo que 40% destes indivíduos realizavam tratamento visando controle; 12,7% eram diagnosticados como portador de diabetes e 36,4% já apresentaram algum tipo de alteração no perfil dos lipídeos sanguíneos.
CONCLUSÃO:
Os resultados deste estudo demonstraram que os fatores de risco associados às DCVs apresentam prevalência significativa em populações de indivíduos cardiopatas. O presente trabalho indicou índices elevados de padrões de circunferência abdominal e peso inadequados, principalmente em pacientes do sexo feminino, e ainda, uma alta prevalência de hábitos de vida considerados fatores de risco, como sedentarismo e o consumo regular de álcool e fumo, principalmente em pacientes do sexo masculino. Cabe ressaltar que estes constituem fatores modificáveis, e que, portanto pode refletir a falta de conhecimento e/ou comprometimento adequado dos pacientes diagnosticados com estas enfermidades. Outro fator que assumiu valores significativos foi a quantidade de pacientes que se consideravam estressados, sendo as causas mais atribuídas ao estresse: família, motivos financeiros e problemas relacionados à saúde, mostrando a importância da avaliação biopsicossocial do indivíduo concomitante ao tratamento. Assim, os dados apresentados assumem caráter de alerta, pois mudanças no estilo de vida de pacientes cardiopatas são fundamentais para um melhor prognóstico, assim, esses achados sugerem a necessidade uma conscientizarão mais efetiva a respeito da condição de saúde destes indivíduos.
Palavras-chave: Cardiopatas, Estilo de vida, Fatores de risco.