A piscicultura é a atividade zootécnica relacionada com a criação de peixes em condições controladas ou semicontroladas, tendo em vista a qualidade do produto somado à produção em massa (Freitas, 2002).

Na região amazônica a pesca é basicamente uma atividade extrativista, condicionada, portanto, pelo nível das águas dos rios, com superprodução na época da “seca” e escassez durante a época da “cheia” o que influi decisivamente no preço final do produto. Uma alternativa para minimizar os efeitos desta sazonalidade é a criação de peixes em cativeiro, que além de propiciar um equilíbrio entre oferta e demanda no mercado regional, também poderá contribuir para incrementar a exportação (Suframa, 2003).

Segundo FERNANDES et al. (2000), o tambaqui, Colossoma macropomum (Cuvier, 1818, Characiforme, Characidae) é uma das espécies nativas tropicais que apresenta grande potencial para o cultivo em cativeiro, uma vez que possui carne de excelente qualidade e facilidade de adaptação ao cultivo em tanques-rede.

As densidades nas quais as diferentes espécies podem ser estocadas é um importante fator na determinação do custo de produção em relação ao capital investido e depende também das condições ambientais, fluxo de água e nível tecnológico empregado na criação.

O trabalho foi realizado em um lago de água clara, localizado na margem direita do baixo rio Tapajós entre as coordenadas S 02⁰ 25’ 40,5’’ e WO 54⁰ 46’ 41,9’’, o qual apresenta características limnológicas típicas dos sistemas de águas claras com um potencial hidrogeniônico (pH) em torno de 6,0, perfil de oxigênio ao longo da coluna d`água em média 4 mg/l, turbidez em torno de 13 NTU e profundidade média do disco de Secchi no período de cheia de 1,8 m.

Dois mil e quatrocentos alevinos de tambaqui (Colossoma macropomum), foram estocados ao acaso em seis tanques-rede com malha de multifilamento e volume de 1m³, a abertura da malha dos tanques foi de 5mm. Nos tanques os peixes foram distribuídos em um delineamento experimental inteiramente casualizado nas densidades de 200, 400 e 600 peixes/m³, com duas repetições para cada tratamento.

Foram analisados o crescimento em peso e em comprimento e o crescimento específico em peso aos 30 e 60 dias, além dos parâmetros de produtividade: sobrevivência, conversão alimentar, ganho de peso e produção por área. Os parâmetros físico-químicos da água foram analisados a cada sete dias e, os resultados foram analisados estatisticamente pelo software BioEstat 4.0.

Os parâmetros de qualidade da água não apresentaram diferenças significativas entre os tratamentos contendo as diferentes densidades de estocagem, também não foram observadas diferenças significativas entre os valores médios dos parâmetros limnológicos (Oxigênio dissolvido, pH, Condutividade, TDS e temperatura) determinados na água do interior dos tanques em relação aos valores médios aferidos externamente a estes.

A temperatura variou de 28 a 29,5ºC, ideal para a criação de peixes tropicais (CENTEC, 2004). Os teores de oxigênio estiveram entre 5,3 a 5,7 mg/l, dentro do limite considerado ideal para o cultivo em tanques-rede (Boyd & Tucker, 1998). A variação dos valores de pH entre os tanques foi relativamente pequena, mantendo-se o caráter original, levemente ácido, da água do lago.

A densidade de 200 peixes/m³ apresentou o melhor desempenho em relação ao ganho de peso e crescimento, enquanto a densidade de 400 peixes/m³ apresentou os melhores resultados de sobrevivência, produção por área e também alcançou o tamanho desejado para a fase de engorda do tambaqui. A densidade que apresentou a melhor conversão alimentar foi a de 600 peixes/m³, que também apresentou o melhor ganho de peso (g/m³). O Coeficiente de variação foi superior a 10% em todas as densidades testadas.

Os parâmetros limnológicos monitorados, não apresentaram diferenças significativas nas diferentes densidades de estocagem, mantendo-se dentro da faixa ideal não comprometendo a saúde dos peixes, evidenciando que as densidades de estocagem testadas não causaram efeito negativo na qualidade da água dos tanques.

Os resultados dos parâmetros limnológicos verificados externamente aos tanques também não apresentaram diferenças quando comparados com os valores médios obtidos no interior de todos os tanques, assim as densidades de estocagem testadas não influenciaram na alteração desses parâmetros.

O crescimento em peso e em comprimento foi maior na densidade de 200 peixes/m³ do que na de 400 e 600peixes/m³. O coeficiente de variação e a taxa de crescimento específico não diferiram entre as densidades aos 30 e 60 dias. A sobrevivência final e a produção por área foram maiores na densidade de 400 peixes/m³.

Os resultados evidenciaram que a densidade de 400 peixes/m³ é a mais indicada para a recria de juvenis de tambaqui em tanques-rede instalados no sistema aquático em teste.