61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia
Construção e Validação de um teste psicológico para avaliação da Inteligência.
Adriano Silva Sampaio de Souza 1
Luiz Pasquali 1
1. Universidade de Brasília
INTRODUÇÃO:
A avaliação da inteligência é um tema que, ao longo de sua história, sempre foi controverso e divergente uma vez que não existe um sentido unívoco. Em 1904, Sperman propôs um modelo bifatorial de inteligência, o primeiro fator é específico e relaciona-se diretamente com o comportamento e, o segundo fator é geral e inter-relaciona-se com os fatores específicos, influenciando-os diretamente. De acordo com essa teoria, apesar de indivíduos apresentarem mais habilidade para determinadas atividades, existe um aspecto (o fator g) que abrange a capacidade intelectual geral das pessoas. Em 1938, Raven construiu o Teste das Matrizes Progressivas, baseado no princípio da Dedução de Correlatos, para medir o fator geral de Spearman. Todos os itens do teste foram projetados de forma que a solução dos mesmos ocorresse dentro da percepção, espacial ou lógica, de uma configuração (Gestalt). A literatura aponta para a necessidade de uma definição constitutiva e operacional desse construto de forma que permita uma avaliação adequada do mesmo. Além disso, acredita-se que é de fundamental importância o processo de criação e validação de novos testes que medem esse construto. Existem poucos testes psicológicos disponíveis no mercado que medem a inteligência, sendo os que existem são aplicados apenas aos indivíduos com nível médio e superior de escolaridade. Nesse sentido, a avaliação dos indivíduos com nível fundamental de escolaridade fica prejudicada, o que confirma a necessidade de um instrumento que avalie esta escolaridade.
METODOLOGIA:
O teste de Raciocínio Analógico-Dedutivo forma B (TRAD-B) foi construído com base no TRAD e no teste das Matrizes Progressivas de Raven. O TRAD-B é composto por um caderno de teste com 30 itens e uma folha de respostas. Cada item é composto por figuras distintas que apresentam entre si uma correspondência ou relação de semelhança. Dentre seis opções de resposta, o sujeito deve deduzir a única opção correta, sendo aquela que é análoga ao conjunto de figuras do item. Para sua validação, foi aplicado em uma amostra de 5690 participantes. Dentre eles, 5190 eram alunos de cursos profissionalizantes do estado de São Paulo e os outros 500 eram estudantes do Ensino Médio de escolas particulares e públicas do Distrito Federal. Foram realizadas análises estatísticas como Teoria de Resposta ao Item (TRI) e Elaboração de Normas percentílicas para verificar o nível de dificuldade do teste e adequação das normas a população de validação.
RESULTADOS:
As análises de validação apontaram para a qualidade do teste proposto, mostrando-se válido e preciso, ou seja, o instrumento realmente mede o construto que se propõe a medir. Além disso, foram criadas as normas percentílicas com base na população utilizada para a validação. A partir da análise das normas, foram realizadas análises de TRI para verificar a adequação do teste ao nível de escolaridade dos participantes. As análises revelaram que este é um teste de fácil resolução para a população com o ensino médio completo de escolaridade, praticamente todos os participantes acertavam todos os itens, não medindo assim, o construto de forma adequada para esse tipo de população. Foi verificada também uma discrepância na disposição dos itens, ou seja, os mesmos não estavam ordenados de acordo com os índices de dificuldade. Assim, todos os itens foram reordenados de forma crescente, do mais fácil para o mais difícil. Após verificado que o teste não estava adequado para indivíduos com nível médio de escolaridade, as instruções de como responder ao teste foram adaptadas para uma melhor compreensão da população de nível de escolaridade mais baixo, no caso fundamental. Foram acrescentados dois exercícios ao caderno de teste com a finalidade de simular a resolução do teste antes que esta se dê de fato. Estas medidas foram adotadas para melhorar a compreensão global do teste, adaptando-o para uma população com nível de escolaridade mais baixo.
CONCLUSÃO:
Os resultados obtidos na fase de validação do teste de Raciocínio Analógico-Dedutivo forma B - TRAD-B, apontaram para a sua validade e precisão na mensuração da inteligência, com índices muito robustos. Após a análise das normas percentílicas, que foram criadas, juntamente com a análise da TRI, verificou-se que a população a que se destina o teste está errada, quer dizer, o mesmo é adequado para população com um nível de escolaridade inferior a população no qual o mesmo foi validado, no caso o nível fundamental de escolaridade. Por esse motivo o teste foi reestruturado, com uma nova ordenação dos itens, adaptação das instruções e criação de novos exemplos. Novas pesquisas devem ser realizadas com indivíduos com o ensino fundamental para verificar adequação do mesmo a essa população, a criação de normas percentílicas e a verificação novamente de sua validade e precisão. Ressalta-se a importância de disponibilizar ao mercado testes de inteligência, uma vez que esta é uma área ainda muito carente no Brasil.
Instituição de Fomento: CNPQ
Palavras-chave: Teste psicométrico, Validação de teste, inteligência, Testes de inteligência.