61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
GEOGRAFIA ECONÔMICA DA METRÓPOLE: UM ESTUDO SOBRE O MERCADO IMOBILIÁRIO NOS PRINCIPAIS EIXOS DE EXPANSÃO URBANA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS (SP)
Guilherme Ferreira dos Santos 1
Claudete de Castro Silva Vitte 1
1. Departamento de Geografia, Instituto de Geociências, Unicamp
INTRODUÇÃO:
A Região Metropolitana de Campinas, instituída em 2000, é conhecida como uma área estratégica no mundo dos negócios. Apresenta um parque industrial diversificado, uma rede de comércio e serviços bastante dinâmica. É conhecida como um pólo de excelência em pesquisa cientifica e tecnológica e dispõe de moderna infra-estrutura produtiva. Ainda assim, é um cenário de contrastes. Se por um lado abriga algumas “ilhas de prosperidade”, municípios com alto padrão de renda e consumo e indicadores de qualidade de vida significativos, por outro, apresenta diversos problemas sociais e possui uma marcante segregação sócio-espacial. Este trabalho pretende contribuir na discussão da geografia econômica da metrópole de Campinas a partir do estudo efetuado pelo Nepo e Nesur da Unicamp que propõe 07 eixos de expansão urbana desta metrópole, com o objetivo de discutir a questão do uso da terra com finalidades residenciais e o mercado imobiliário por meio de um resgate histórico da implantação e ocupação dos eixos e uma caracterização sócio-econômica para cada um deles, no intuito de observar para onde se desloca(ra)m a riqueza e pobreza.
METODOLOGIA:
Afim de espacializar a expansão urbana ao longo de um intervalo histórico coincidente à implantação dos eixos rodoviários estudados foi utilizado o trabalho elaborado pela Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano SA) de novembro de 2005 para a Agência Metropolitana de Campinas (Agencamp), intitulado Evolução da Estrutura Urbana (Região Metropolitana de Campinas) que faz um mapeamento das áreas urbanizadas nos anos de 1978 e 2005. Também foi feito um levantamento em fontes de jornais locais, que tratavam a temática. Com relação ao método geográfico no que diz respeito à incorporação das categorias analíticas, pretendeu-se operacionalizá-las com os seguintes procedimentos: a-) valorização do espaço: pequeno estudo sobre a valorização do preço da terra (análise sucinta do mercado imobiliário); b-) fixação geográfica de valor por meio dos valores fixados (os fixos) e da transferência geográfica de valor: Rodovias, shoppings centers, grandes formas de comércio e grandes equipamentos sociais como elementos que implicam em uma valorização espacial. c-) formação territorial: contextualização histórica da urbanização, implantação dos eixos viários e planos urbanos, apontando os principais agentes do processo, os sujeitos da produção (os beneficiados e os penalizados).
RESULTADOS:
Os vetores 1 (Rodovia SP 101/ Campinas – Monte Mor) e 2 (Via Anhangüera) apresentam uma urbanização marcada pela precariedade dos assentamentos e a ocupação é praticamente ininterrupta (conurbação). Os vetores 3 (rodovia Milton Tavares – SP 332), 4 (rodovia SP340) e 5(Rodovia Dom Pedro I) apresentam ocupação diferenciada dos eixos anteriores, predominando as habitações das camadas com renda mais altas. Entre a SP 332 e Estrada da Rhodia, próximo à divisa de Campinas, nota-se, atualmente, a proliferação de vários loteamentos “fechados”. A presença dessas morfologias habitacionais também está se dá ao longo da Rodovia Dom Pedro I, utilizando como apelo os recursos naturais, principalmente no município de Itatiba. O vetor 6 (Avenida Francisco de Paula Souza) apresenta ocupação de padrão médio e presença de verticalização, no período mais recente, enquanto que em Valinhos já é notada a presença de inúmeros condomínios fechados destinados às classes mais altas. O último vetor (Rodovia Santos Dumont) apresenta um importante potencial de crescimento das atividades econômicas. Em Campinas, notam-se loteamentos precários. Já em Indaiatuba predominam chácaras de recreio e moradia. A atividade imobiliária é intensa, com abertura de loteamentos, condomínios horizontais e verticais.
CONCLUSÃO:
A Região Metropolitana de Campinas tem como principais características do seu tecido urbano o abandono da área central pelas camadas de renda mais altas e pelo comércio e serviços para essa parcela da população, com a localização dos grandes empreendimentos de comércio, serviços e habitação de padrões mais elevados localizados ao longo das principais rodovias, formando o que é chamado de “novas centralidades” (abandono do espaço público em detrimento à privatização do espaço coletivo)(CAIADO & PIRES, 2006), bem como o crescimento de favelas e ocupações, apontando para uma notada exclusão social. A metrópole tem característica de uma cidade dispersa e os eixos apresentam ocupações diferenciadas, sendo que em alguns deles há a concentração dos estratos de renda mais altos e em outros as mais baixas. Campinas e a sua região metropolitana formam, portanto, um território muito complexo e fortemente concentrador de riqueza. Pode-se dizer que os principais problemas da RMC são a presença de deslocamentos diários da moradia ao trabalho, a pobreza de parte da população metropolitana, que se traduz em uma segregação sócio-espacial, sendo necessária a adoção de políticas habitacionais e urbanas que busquem solucionar essa questão.
Instituição de Fomento: PIBIC / CNPq / Unicamp
Palavras-chave: Região Metropolitana de Campinas, vetores de expansão urbana, mercado imobiliário.