61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia
ATIVIDADE LEISHMANICIDA DE GUAIANOLIDEO ISOLADO DE Tanacetum parthenium
Izabel Cristina Piloto Ferreira 1
Celso Nakamura 1
Bruna Polacchine da Silva 1
Tania Ueda Nakamura 1
1. Universidade Estadual de Maringá
INTRODUÇÃO:
Tanacetum parthenium, pertencente à família Asteraceae, é popularmente conhecida como tanaceto e matricária. É uma planta medicinal tradicional, utilizada para o tratamento de febre, enxaqueca e artrite, assim como para distúrbios menstruais e picadas de insetos. Estes efeitos têm sido atribuídos às diversas lactonas sesquiterpênicas presentes. É conhecido que o extrato bruto dessa planta apresenta propriedade antimicrobiana e antiinflamatória. Diversas pesquisas indicam que o partenolídeo pode induzir a apoptose e reduzir a metástase de células cancerígenas, bem como essa substância mostra atividade contra Mycobacterium tuberculosis e M. avium. Outros estudos recentes apontam grande potencial da planta para o tratamento de doenças tropicais importantes causadas por protozoários, como em Leishmaniose, Malária e Doença de Chagas. As lactonas sesquiterpênicas compreendem os seus principais metabólitos secundários com estruturas extremamente diversificadas. O partenolídeo é a lactona sesquiterpênica mais abundante encontrada na espécie vegetal T. parthenium, seguido do guaianolídeo. Por apresentar variadas propriedades farmacológicas bem como grande número de lactonas sesquiterpênicas nesta planta, o isolamento e avaliação biológica dessas substâncias seriam de grande interesse na contribuição para a obtenção de novos agentes terapêuticos para o tratamento de doenças tropicais causadas por protozoários.
METODOLOGIA:
Para o estudo foi utilizada a cepa de Leishmania amazonensis (MHOM/BR/75/JOSEFA, que foi originalmente isolada de pacientes com leishmaniose cutânea difusa. Na avaliação do efeito do guaianolideo no crescimento de formas promastigotas, as concentrações de 0,1, 1, 5, 10,0 e 50 µg/ml foram adicionadas ao meio de cultura contendo 1,0X106 protozoários/ml na fase exponencial de crescimento. Para estabelecer um parâmetro de comparação foi utilizada como controle a cultura dos protozoários sem a adição do composto a ser avaliado. As culturas das formas promastigotas foram suplementadas com 10% de soro fetal bovino e incubadas a 25C. Os experimentos de crescimento foram realizados em placas de 25 poços estéreis e incubadas em repouso em estufa por um período de até 120 horas. O crescimento foi avaliado diariamente, através da diluição da cultura de protozoários em formalina 5% e contagem das células em hemocitômetro. Este experimento foi realizado em duplicata em momentos diferentes. Par a avaliar o efeito do guaianolideo sobre as formas amastigotas intracelulares macrófagos foram retiradas de camundongos BALB/C após receberem meio tioglicolato(5%). As células foram plaqueadas em lamínula no interior de placa de 24 poços e mantidas por 24h a 37C com 5% de CO2. Posteriormente os macrófagos foram infectados com uma multiciplicidade de 10 promastigotas por célula hospedeira e foram incubados a a 37C com 5% de CO2. Vinte e quatro horas após, os macrófagos infectados foram tratados com concentrações de 50,0, 20,0, 15,0, 10,0, e 5 µg/ml. Após 24 h a monocamada foi lavada com PBS a a 37C fixadas com metanol e coradas com Giemsa. A visualização de pelo menos 200 células foi realizada em microscópio fotônico comum. O índice de internalização foi estabelecido, multiplicando-se o percentual de células infectadas e o número médio de parasitas por célula. O experimento foi realizado em duplicata em dois momentos distintos.
RESULTADOS:
A atividade antileishmania do guaianolideo sobre as formas promastigotas foi dose-dependente. A adição de 10 µg/ml ao meio de cultura induziu efeito inibitório de aproximadamente 90% no crescimento após 72h de cultivo, mantendo este patamar até o final do experimento. A concentração de 2,6 µg/ml levou a uma percentagem de inibição de 50%(IC50) e a concentração de 95 µg/ml a uma inibição de 90%(IC90), após 72h de cultivo. No ensaio para avaliar o efeito do guaianolideo sobre as formas amastigotas intracelulares pode-se perceber que após 48 horas de incubação, o percentual de macrófagos parasitados no controle (31,91%) foi um pouco mais que o dobro em relação aquele encontrado no tratado com 10µg/ml (13,16%). Do mesmo modo verificou-se que o índice de internalização foi de 127,64 para o controle é de 21,05 para o tratado com 10µg/ml do composto isolado. A ação do composto isolado neste ensaio de interação, após 58 horas de incubação, foi dose-dependente, sendo os índices de internalização decrescente de acordo com o aumento da concentração administrada. Para as concentrações de 5,0, 10,0, 15,0, 20,0 e 50,0µg/ml os índices de internalização são respectivamente 65,20; 21,05; 15,74; 11,36; 7,7.
CONCLUSÃO:
O guaianolideo exibiu atividade significativa contra as formas promastigotas de L. amazonensis, com 50% de inibição do crescimento celular na concentração de 2,6µg/ml e um índice de seletividade> 385. Alterações morfológicas no tamanho, forma e estrutura (mais de um núcleo ou flagelo) foram evidenciadas através de microscopia fotônica comum e confirmadas com observações ao microscópio eletrônico de varredura. A avaliação da atividade sobre as formas amastigotas intracelulares mostrou que esta substância inibe parcialmente a proliferação parasitária no interior dos macrófagos.
Palavras-chave: Tanacetum parthenium, guaianolideo, atividade leishmanicida.