61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
LEVANTAMENTO RÁPIDO DA QUIROPTEROFAUNA EM QUATRO LOCALIDADES DA AMAZÔNIA
Eloiza Soares Araújo 1
Fábio Sarmento de Sousa 1
Anderson José Baía Gomes 2
Fábio Augusto Teixeira Pinto 3
Luis Reginaldo Ribeiro Rodrigues 1
1. Laboratório de Genética e Biodiversidade/UFPA – Campus Santarém - PA
2. Laboratório de Citogenética/UFPA – Belém - PA
3. Centro de Controle de Zoonose/ Santarém - PA
INTRODUÇÃO:

 

O bioma Amazônia abriga uma ampla variedade de espécies da fauna e da flora, e desempenha um importante papel no equilíbrio da biosfera. Para promover a preservação da floresta amazônica é necessário o conhecimento dos ecossistemas e de suas alterações (Pedro et al. 2001), identificando assim os mecanismos associados à extinção e dos meios adequados para viabilizar a conservação das espécies. Na Amazônia Brasileira a Ordem Chiroptera compreende 40% da diversidade total de mamíferos, com aproximadamente 124 espécies de morcegos (Marinho-Filho & Sazima, 1998). No estado do Pará há ocorrência de 102 espécies, 56 gêneros e 9 famílias. A família Phyllostomidae abrange o maior número de espécies registradas no Neotrópico (Bernard & Fenton, 2002). Os quirópteros são caracterizados por apresentarem hábitos alimentares diversos, executando várias funções importantes para o meio ambiente, por exemplo, disseminação de sementes, controle populacional de insetos e polinização de muitas espécies de plantas (Reis et al. 2007). Por isso é importante conhecer a complexidade da quiropterofauna amazônica. O presente estudo visa fornecer dados sobre a quiropterofauna de quatro localidades, sendo duas no estado do Pará e duas no estado do Amazonas, atentando para sua importância ecológica.

METODOLOGIA:

As coletas ocorreram durante a estação chuvosa, entre os dias 24 de janeiro a 11 de fevereiro de 2009, nas localidades de Casinha e Maracanã no estado do Pará, Vila Marajatuba e Lindóia no estado do Amazonas. Nos sítios de coleta ocorreram vegetações dos tipos: campinarana, floresta ombrófila densa com suas várias fisionomias e vegetação secundária. Os morcegos foram capturados em redes de neblina (12 x 3m, malha 35 mm) dispostas em um módulo de cinco trilhas de 250m espaçadas a cada 1000m em um transecto de 5km. Os espécimes coletados eram acomodados em sacos de pano e analisados no campo para se obter a identificação taxonômica, registros fotográficos, coleta de dados biométricos, identificação de idade, sexo e estado reprodutivo. Os espécimes testemunho foram fixados em Formol 10% e conservados em álcool etílico 70%. Os mesmos encontram-se depositados na Coleção de Quirópteros do Museu Paraense Emílio Goeldi.

RESULTADOS:

No presente estudo, foram capturados 482 morcegos pertencentes a 42 espécies, 27 gêneros e quatro famílias: Phyllostomidae, Emballonuridae, Mormoopidae e Molossidae. As espécies mais abundantes foram Carollia perspicillata (40,46%) e Artibeus planirostris (18,5%), cuja alta ocorrência foi observada nas quatro localidades. Ambas as espécies pertencem à família Phyllostomidae e possuem hábitos frugívoros, sendo consideradas importantes para a manutenção de ambientes florestais (Uieda, 2005). Das 42 espécies registradas, 18 foram representadas por apenas um exemplar, sendo que 11 destes tinham hábito alimentar insetívoro. A baixa amostragem de morcegos com esse tipo de habito alimentar pode ser atribuída ao fato desses insetívoros voarem mais alto e detectarem as redes com maior facilidade (Muller & Reis, 1992, Sekiama 2003). A família Phyllostomidae representou 98,96% das capturas, seguida por Emballonuridae com 0,63%, Molossidae e Mormoopidae com 0,21%. A representatividade da família Phyllostomidae pode ser considerada conseqüência dos métodos utilizados na captura – disposição das redes ao nível do solo – além do fato desta família abranger a maioria das espécies de quirópteros neotropicais (Fenton et al, 1992).

CONCLUSÃO:

A família Phyllostomidae apresentou o maior número de indivíduos coletados, fato este já foi evidenciado em outros trabalhos previamente publicados. A baixa incidência das demais famílias registradas pode ser conseqüência da metodologia empregada.

Instituição de Fomento: Biodinâmica Rio Engenharia Consultiva; Aotus Consultoria, UFPA.
Palavras-chave: Amazônia, Ecologia, Quiropterofauna.