61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências
ESTUDO DA DINÂMICA DO CARBONO ORGÂNICO EM IGARAPÉS DE MICRO-BACIAS INTACTAS E MANEJADAS NA AMAZÔNIA CENTRAL
Elisama Franco BEZERRA 1, 4
Luiz Antônio CÂNDIDO 2, 3, 5, 6
Maria Terezinha F. MONTEIRO 3
Javier TOMASELLA 3, 6
1. Centro Universitario do Norte- UNINORTE;
2. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazonia;
3. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais –INPE –
4. Bolsista Fapeam/LBA
5. projeto LBA
6. CPTEC
INTRODUÇÃO:
A floresta tropical amazônica representa um grande estoque no ciclo de carbono global, e o complexo funcionamento de seus ecossistemas contribuem sensivelmente nos ciclos hidrológico e biogeoquímico do sistema climático planetário. O uso/ocupação do solo na Amazônia tem promovido importantes mudanças nos processos exercidos pelos ecossistemas terrestres e aquáticos e influenciando os ciclos de água e carbono. Embora grande parte das trocas físicas e químicas entre ecossistemas e atmosfera ocorra na terra firme, o regime anual das chuvas intensifica esses mecanismos de troca com as áreas inundáveis e igarapés através do transporte de matéria orgânica acumulada na terra firme. Medidas realizadas em áreas de floresta mostram que a evasão de carbono dissolvido através das águas dos igarapés pode representar de 5% (4) a 15% (2) da troca líquida de carbono entre a floreta e a atmosfera. O transporte de carbono pelas águas de igarapés pode ajudar a explicar o desbalanço existente nas medidas de troca líquida de carbono entre a floresta e atmosfera (1,3). O fluxo de água, solutos e material particulado nos rios é produto da integração dos processos hidrológicos, biológicos, físicos e biogeoquímicos da bacia. Desta forma, qualquer alteração nos ecossistemas, como ocorre no desmatamento, pode levar a mudanças nessa dinâmica. Este trabalho tem como objetivo avaliar a concentração de carbono orgânico dissolvido (COD) em igarapés de áreas florestadas e manejadas e como a sazonalidade do clima influencia no processo de evasão.
METODOLOGIA:

O estudo foi realizado na região central da Amazônia em dois sítios experimentais, sendo um de floresta e outro manejado (pastagem/capoeira). Foram coletadas amostras de águas dos igarapés de 1a e 2a que compõem cada micro-bacia. As coletas abrangeram os períodos chuvoso, seco e de transição de 2007 e 2008. No total foram coletadas  300  amostras de água para a analise de COD. A concentração de COD foi obtida através de TOC (Total Organic Carbon Analyzer). Outros elementos químicos e físicos foram determinados nas amostras coletadas, entre eles o PH e a condutividade elétrica da água. No estudo estatístico dos dados utilizou-se análise não paramétrica ANOVA, teste Tukey e correlação linear, no nível de significância de p< 0.005.

RESULTADOS:
As maiores concentrações de COD foram encontradas nos igarapés circundados por floresta, e em função da maior área de drenagem, os igarapés de 2a ordem tiveram sempre maiores concentrações de COD. No ambiente de floresta a concentração de COD mostrou forte dinâmica associado à precipitação e aumento do fluxo no igarapé, aumentando no período chuvoso, atingindo valores de 10,0 a 12,0 mg/l. A concentração de COD nos igarapés das áreas de pastagem/capoeira apresentou diferença significativa quando comparada aos da área de floresta, com valores entre 2,0 e 4,0 mg/l. Pouca variação foi observada com o ciclo anual da chuva. Na área de floresta, a condutividade elétrica da água mostrou-se um forte indicador da concentração de COD (r>0,72) nas águas dos igarapés.
CONCLUSÃO:
O tipo de ambiente influencia nas concentrações de COD e na quantidade carbono transportado para os igarapés da Amazônia. A substituição de floresta por pasto reduz a formação e deposição da camada de material orgânico no solo e diminui a ¼ a concentração de carbono na água dos igarapés. Na floresta, o período das chuvas intensifica o transporte do carbono depositado sobre o continente para os rios através do lixiviamento do material orgânico. No período de fluxo de água baixo nos canais, áreas de pastagem e floresta se comportam de forma semelhante quanto ao carbono dissolvido na água do igarapé.
Instituição de Fomento: FAPEAM
Palavras-chave: Carbono organico , Transporte Carbono, Amazonia Central.