61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 1. Silvicultura
TEMPERATURA ÓTIMA PARA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Schizolobium amazonicum HUBER EX DUCKE (FABACEAE) E Swietenia macrophylla KING (MELIACEAE)
Kauê Feitosa Dias de Sousa 1
Aline Cristina Costa Silva 2
Isolde Dorothea Kossmann Ferraz 3
1. Bolsista de Iniciação Científica INPA/CNPq
2. Bolsista de Apoio Técnico INPA/FAPEAM
3. Doutora/Orientadora/INPA/CPST
INTRODUÇÃO:
A análise de sementes florestais assume um papel importante no setor florestal, sendo o sucesso de um plantio dependente, dentre outros fatores, da qualidade das sementes. O comércio de sementes certificadas é feito após a avaliação da qualidade do lote de sementes por laboratórios certificados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA. As análises são orientadas por parâmetros de avaliação das Regras para Análise de Sementes do Brasil – RAS, garantindo os mesmos resultados em diferentes laboratórios a nível nacional e internacional. Na avaliação há necessidade de conhecer a temperatura ótima de germinação, na qual a semente mostra, em menor tempo, o seu máximo potencial germinativo. Estas condições ainda não são conhecidas para Schizolobium amazonicum Huber ex Ducke (paricá) e Swietenia macrophylla King (mogno). Espécies madeireiras das florestas de terra firme da região amazônica com grande interesse em plantios comerciais, SAF’s e na exploração da floresta nativa. O objetivo desse trabalho foi determinar a temperatura ótima para a avaliação da qualidade das sementes em laboratório visando fornecer subsídios para a elaboração das RAS com espécies florestais.
METODOLOGIA:
As sementes das espécies foram fornecidas pela AIMEX (Belém – PA). Nas sementes de S. amazonicum foi quebrada a dormência física utilizando um pirógrafo (queimando um pequeno furo na parte central da semente). Nas sementes de S. macrophylla foi retirada parte da ala para reduzir o volume nos experimentos. Os testes de germinação foram realizados em câmaras de germinação com temperatura constante (±2°C) programadas para 20, 25, 30, 35 e 40°C com fotoperíodo de 12 horas fornecido por lâmpadas fluorescentes com luz branca fria (PAR: 70µmol•m-2•s-1). As sementes foram semeadas em refratários de vidro do tipo pirex (25 x 15 x 5 cm) em quatro repetições de 25 sementes para cada temperatura. Como substrato foi utilizado vermiculita fina umedecida com água destilada na proporção 1:2 (g.g-1). Os vidros foram envoltos com sacos plásticos finos e transparentes para evitar perda excessiva de água. Foi avaliado o critério fisiológico (protrusão da raiz primária ≥ 5mm) e o critério tecnológico de germinação (formação de uma plântula normal). Os dados obtidos foram submetidos à ANOVA, sendo utilizado o Teste de Tukey para comparação de médias ao nível de 5% de significância, utilizando o software SYSTAT 10.
RESULTADOS:
Avaliando o critério fisiológico de germinação, as sementes de S. amazonicum apresentaram porcentagem de germinação entre 73 a 99% para as temperaturas de 20, 25 e 30°C, sendo, estatisticamente superiores aos demais tratamentos (35 e 40°C). Estes tratamentos também foram superiores para a germinação de S. macrophylla, em que, a mesma, permaneceu entre 35 e 43%. Analisando o critério tecnológico, os resultados se mantiveram superiores nas temperaturas de 20, 25 e 30°C para S. macrophylla. Já para S. amazonicum, as temperaturas com melhores resultados foram 20 e 25°C com, respectivamente, 44 e 55% de germinação. Em temperaturas acima da ótima (30°C para S. macrophylla, e 20 e 25°C para S. amazonicum), o tempo médio de germinação foi maior. As temperaturas de 35 e 40°C ultrapassaram o ótimo para a germinação das espécies, sendo as mesmas, prejudiciais em ambos os critérios analisados. As espécies apresentam sementes grandes (comprimento médio de 2cm para S. amazonicum e 3cm para S. macrophylla). Assim, o tamanho da plântula formada é consideravelmente grande, o que prejudicou o desenvolvimento das mesmas nas condições testadas (pequeno espaço nos germinadores e no recipiente). Sendo, a parte aérea de uma plântula normal de S. amazonicum mediu em média 18 cm e de S. macrophylla 13cm.
CONCLUSÃO:
A avaliação da qualidade das sementes de ambas as espécies pode ser feita nas temperaturas entre 20 e 30°C. Porém na temperatura de 30°C o resultado pode ser alcançado em menor tempo para S. macrophylla, assim a avaliação pode ser concluída em torno de 25 dias. Para S. amazonicum, utilizando a temperatura de 20 e 25°C, a avaliação pode ser concluída em torno de 18 dias. Devido à dificuldade de fornecer espaço adequado para o desenvolvimento das sementes até a fase de plântula normal, e a facilidade de observar a protrusão da raiz, sugere-se que, seja utilizado o critério fisiológico de germinação. Neste caso a avaliação pode ser concluída em torno de 10 dias para S. amazonicum e 14 dias para S. macrophylla.
Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Qualidade das sementes, Sementes florestais tropicais, Regras para Análise de Sementes.