61ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais
CARACTERIZAÇÃO DAS DIMENSÕES SOCIAIS, ECONÔMICAS E AMBIENTAIS DAS POPULAÇÕES TRADICIONAIS AGRO-EXTRATIVISTAS DA RESEX DO RIO OURO PRETO - GUAJARÁ-MIRIM/RO
MANUEL DE SOUZA SANTOS 1, 2
ARTUR DE SOUZA MORET 1, 2
DANIELE DA SILVA MAIA 1, 2
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
2. GPERS
INTRODUÇÃO:

Este estudo objetiva caracterizar hábitos tradicionais das comunidades agro-extrativistas relacionados aos aspectos sociais, econômicos e ambientais. Este foi realizado na Reserva extrativista (RESEX) do rio Ouro Preto, composta de duas associações, ASROP -Associação de Seringueiros do Rio Ouro Preto e ASAEX - Associação de Seringueiros Agro - Extrativistas do Baixo Rio Ouro Preto. A reserva está localizada nos municípios de Guajará-Mirim e Vila Nova do Mamoré, no Estado de Rondônia, com área aproximada de 204.583 ha. A associação ASAEX, área alvo do estudo, tem uma população estimada em 132 pessoas (GPERS, 2005) e abrange quatro localidades: Nossa Senhora dos Seringueiros, Nova Esperança, Ramal do Pompeu e Nova Colônia (englobando mais duas localidades Baía Rica e Bananal).  O levantamento e a compreensão dos aspectos sociais, ambientais e econômicos por comunidades tradicionais agro-extrativistas é uma das saídas encontradas para o encaminhamento de propostas que garantam a sustentabilidade dos recursos e conseqüentemente das comunidades tradicionais. As reservas extrativistas são espaços territoriais destinados às populações tradicionais extrativistas para a exploração auto - sustentável e a conservação dos recursos naturais renováveis.

METODOLOGIA:

A pesquisa procedeu-se em várias etapas, levantamento bibliográfico, logo após foi elaborado um questionário contendo dimensões sociais, ambientais e econômicas.  Para escolha de possíveis entrevistados foi realizada uma reunião com as lideranças da ASAEX. O levantamento dos dados iniciou-se através de entrevistas semi-estruturadas com os moradores das comunidades Nossa Senhora dos Seringueiros, Nova Colônia, Nova Esperança e Ramal do Pompeu. Para coleta dos pontos georreferenciados nas propriedades utilizou-se um GPS (sistema global de posicionamento), após esse processo foram inseridos os pontos em um banco de dados de um SIG (sistema de informação geográfica), software ARC-VIEW e a ultima etapa foi a elaboração de um mapa georreferenciado das quatros comunidades da ASAEX.

RESULTADOS:
Os agricultores cultivam culturas anuais também chamadas de culturas brancas (feijão, arroz, mandioca, milho e café) e culturas permanentes (Manga, graviola, caju, abacaxi, limão, goiabeira, pupunha, cupuaçu e mamão), sendo a produção de farinha a atividade econômica mais significativa, gerando uma renda média de meio a dois salários mínimos. A População da ASAEX sofreu um processo migratório espontâneo significativo entre o período de criação e de implantação, sendo que a maioria dos migrantes deslocavam-se para Guajará-Mirim. A saúde e a educação na ASAEX vem enfrentando problemas de infra-estrutura e falta de pessoas capacitadas para desenvolverem ações que visem a melhoria das comunidades. Em relação as questões ambientais, 58,78% dos entrevistados preferem como atividade de subsistência a caça e 41,25% preferem a pesca. As comunidades que foram realizadas o estudo também sofrem com a entrada de pessoas externas para explorar recursos naturais. Em relação o item potencial florestal as espécies madeireiras com maior ocorrência são: castanheira (Bertholletia excelsea), angelim (Hymenolobium sp), itaúba (Mezilaurus itaúba), cedro (Cedrela odorata), maracatiara (Astronium lecointei ducke).
CONCLUSÃO:

A legislação delega responsabilidades ao órgão gestor da reserva, IBAMA/CNPT, disponibilizar e viabilizar a aplicação de ferramentas para ação sustentável da comunidade tais como: a extração e o escoamento de produtos não – madeireiros e turismo sustentável. Esses primeiros resultados já demonstram a necessidade de uma intervenção, visto que as atividades realizadas não são sustentáveis desde o ponto de vista ambiental, social e econômico. Apesar do anseio da comunidade ainda não se pode desenvolver atividades de caráter econômico em grande escala, pois não foi desenvolvido nenhum estudo ou levantamento que assegure a auto-sustentabilidade da reserva. Alguns produtos da floresta como frutos, óleos, essências, são extraídos para consumo dos moradores, mas a sua comercialização, bem como, a utilização de outros produtos, poderá ser feita mediante estudo que assegure a capacidade de produção sustentável.

Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Comunidades Tradicionais, Sustentabilidade, Recursos Naturais.