61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
A EPISTEMOLOGIA DE ALBERT EINSTEIN E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS
Marcel Bruno P. Braga 1
Josefina Barrera Kalhil 1
1. Universidade do Estado do Amazonas / UEA
INTRODUÇÃO:

A epistemologia einsteiniana revela-se em um processo dinâmico de amadurecimento reflexivo, filosófico e teórico, desenvolvido lentamente durante sua vida. As Influências mais profundas dentro de seu desenvolvimento científico favorecem métodos educacionais e a construção de seu olhar crítico para a ciência, propondo alguns caminhos a serem seguidos na investigação científica, e conseqüentemente, implicações significativas para o ensino de ciências na atualidade. Métodos modernos de instrução do saber desconhecem, outrora, formam idéias elementares sobre o seguinte questionamento: Como se processa o pensamento nos alunos? Até que ponto é significativo estabelecer o conceito de “verdade”, sem ao menos tentar provar alguma coisa? A intencionalidade do trabalho tem como objetivo propor uma perspectiva metodológica viável e necessária, baseada na prática dos professores de uma escola pública situada na cidade de Manaus. A intenção é buscar indicadores que venham contribuir para o problema no ensino de ciências, onde se acredita existir predominância do uso de métodos ineficazes e repetitivos, ameaçando a curiosidade científica existente entre os alunos. Nesse sentido, Albert Einstein chama atenção para a necessidade de metodologias preocupadas com a liberdade e estímulos, motivados pela exploração da criatividade, uso do livre-pensamento e a idealização de experiências pensadas, além de ressaltar que a produção do conhecimento científico é fruto de um processo histórico e epistemológico.

METODOLOGIA:

A metodologia fundamenta-se no método de pesquisa-ação, segundo Thiollent (2000), apresentando uma abordagem qualitativa e descritiva sob um enfoque crítico-dialético com os professores do ensino de ciências naturais. A motivação do trabalho partiu das observações no cotidiano escolar, onde foram realizadas entrevistas com 15 professores como sujeitos participantes, sendo 5 professores por turno (Física, Química, Biologia, Matemática e Ciências Naturais), com aplicação de questionários, buscando identificar os métodos de ensino-aprendizagem empregados, assim como os recursos pedagógicos utilizados, a linguagem adotada no ensino, planejamento das aulas, a formação do professor e apoio escolar a projetos educativos no ensino de ciências. A partir do quadro problemático, foi realizada uma pesquisa bibliográfica pautada nas obras de Albert Einstein, visando reconhecer as implicações de sua epistemologia na educação, mais precisamente, no ensino de ciências. Por fim, foi realizado um debate reflexivo, abordando a possibilidade de superar as dificuldades no ensino de ciências.

 

RESULTADOS:

Os entrevistados relataram as condições em que se realizam a práxis no ensino de Ciências, assim como os entraves encontrados nesse processo, em destaque temos: a escassez de recursos didáticos; a indisponibilização do Laboratório de Ciências Naturais para realização de experimentos; a ausência de materiais no Laboratório; tempo reduzido para planejamento de estratégias; sensação de impotência diante da desmotivação dos alunos e a falta de domínio sobre a matemática elementar. A exposição oral é o método de ensino predominante entre os professores, no entanto, existem alguns que buscam promover outros métodos como o uso de projetores, e outras atividades extraclasses, dentre elas: a utilização da Videoteca, Laboratório de Ciências ou pesquisa na biblioteca. Nesses casos, foi relatado o entusiasmo dos alunos ao saírem do ambiente de sala de aula, assim como exposição de projetos de pesquisas em eventos culturais, onde favorecem a liberdade de expressão e estímulo a criatividade. Após essas atividades, foi relatada uma melhoria significativa quanto ao interesse nos conteúdos, gerando motivação no processo de ensino. Entre as informações coletadas, constatou-se a repressão dos professores dentro de um sistema educacional engessado, onde se estabelece um equivocado processo de avaliação, que sutilmente impõe critérios que buscam justificar as ações com 100% de aproveitamento, descaracterizando assim uma das funções do educador, que é avaliar de forma qualitativa o rendimento educacional do estudante.

 

CONCLUSÃO:

Dentro do contexto analisado, visualizou-se uma solução possível dentro do próprio sistema. Os pontos positivos encontrados justificam as implicações epistemológicas de Albert Einstein, em uma proposta de ensino de ciências que contrapõe a repetição e o autoritarismo, com uma alternativa mais aberta e mais humana para a educação. A epistemologia einsteiniana sugere uma educação libertadora e dialética, sempre alimentando a sagrada sede do saber, combatendo a desmotivação no processo de ensino-aprendizagem, e favorecendo o usufruto do desejo da liberdade de expressão subjetiva. Com tudo, a perspectiva de Albert Einstein na educação incide sobre a valorização da cultura, ao espírito crítico, a busca de fundamentos, a ética e consciência social, aliados a criatividade, imaginação e intuição. Através dessa visão, sugerem-se métodos no ensino de ciências, que explorem: a utilização de materiais alternativos e de baixo custo; a realização de demonstrações simples como orientador prévio nos conteúdos; a realização de experiências pensadas, explorando a imaginação dos alunos; o uso de recursos pedagógicos de natureza animal, vegetal e mineral; uma transposição didática com relação aos fenômenos subjacentes ao âmbito escolar; a transversalidade e a interdisciplinaridade.

Palavras-chave: Epistemologia Einsteiniana, Ensino de Ciências, Métodos.