61ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
AVALIAÇÃO QUALI-QUANTITATIVA DA ÁGUA DO CÓRREGO DO CAJU, CUIABÁ-MT, E DE SUAS FONTES POTENCIALMENTE POLUIDORAS, NO PERÍODO DE CHUVA E ESTIAGEM.
Leandro Obadowiski Bruno 1
Felipe de Almeida Dias 1
Leonardo Benedito Silva 1
Teófilo Pereira Fonseca 2
Bruno Ramos Brum 2
João Batista Lima 3
1. Mestrando - Universidade Federal de Mato Grosso
2. Graduando - Universidade Federal de Mato Grosso
3. Prof. Dr. - Universidade Federal de Mato Grosso
INTRODUÇÃO:
O acelerado crescimento populacional e da urbanização, sem planejamento adequado tem resultado em conseqüências desastrosas aos recursos naturais, bem como na qualidade da água que vem sendo cada vez mais comprometida. Segundo JORDÃO & PESSOA (2005), uma das principais causas de poluição das águas é o lançamento de esgoto doméstico e por outras fontes potencialmente poluidoras diretamente nos mananciais. Prática que acaba comprometendo a qualidade da água não apenas no local onde o esgoto é despejado, mas toda a sua bacia hidrográfica. Esta é uma realidade vivenciada em praticamente todas as capitais brasileiras e em Cuiabá não é diferente, como observado no córrego do Caju. Com o monitoramento, é possível conhecer como atuam os agentes causadores da degradação ambiental e minimizar seus efeitos, criando instrumentos de gestão integrada (DEMUYNK et al., 1997). Neste contexto, o presente trabalho visa avaliar quali-quantitativamente a água do córrego do Caju e de suas fontes potencialmente poluidoras, no período de chuva e estiagem.
METODOLOGIA:
Este trabalho foi feito em um trecho do córrego do Caju considerando dois pontos potenciais de poluição: a ETE CPA III e as ligações clandestinas de esgoto. Foram realizadas coletas para definir o caráter físico-químico e microbiológico, além de medição de vazão, feitas mensalmente no período compreendido entre Fevereiro e Agosto de 2008. Para tanto, foram coletadas amostras a montante das fontes potencialmente poluidoras, nas fontes poluidoras, e a jusante das fontes potencialmente poluidoras. As coletas e análises foram realizadas seguindo a metodologia preconizada pelo Standard Methods of the Examination Water and Wastewater, 20ª edição (1998). Para a medição de vazão foi utilizado o método convencional descrito por Santos et al (2001) apud PIMPÃO, H. CUTRIM, J. F. e LIPORONI, L.M. (2007). O trabalho contou ainda com dados secundários obtidos junto à orgãos da administração municipal, como o IPDU e a SANECAP, além de dados disponibilizados pelo “Projeto Piloto para Operação, Otimização e Urbanização das Lagoas de Estabilização do Bairro CPA III”. Considerando-se que muitas variáveis apresentaram ampla faixa de variação optou-se por apresentar os valores das mesmas como médias, exceto para coliformes totais e Escherichia coli, onde se utilizou médias geométricas. As coletas foram descriminadas de acordo com a data de coleta, em períodos sazonais do ciclo anual (chuva ou estiagem).
RESULTADOS:
A área de drenagem do córrego do Caju possui aproximadamente 2,5 km² e população de 5 mil habitantes, e está toda localizada no interior do perímetro urbano do município de Cuiabá. Em 10% da bacia não há rede coletora de esgotos, parcela que representa 23,76 kg.DBO/dia lançados no córrego. Não obstante, a ETE CPA III - responsável pelo tratamento de esgotos da região – encontrava-se desativada durante o período de estudo, o que significou lançamento de esgoto in natura no córrego, contabilizando uma carga de 1389,31kg.DBO/dia no período de chuva e 1512,42 kg.DBO/dia no período de estiagem. Dessa forma, a carga orgânica do Caju no trecho a montante das fontes potencialmente poluidoras que, no período chuvoso era de 238,85 kg.DBO/dia e 212,31 kg.DBO/dia no período de estiagem, teve um aumento de 82,8% e 85,96% respectivamente, no trecho a jusante das fontes potencialmente poluidoras. As variáveis físico-químicas e microbiológicas apresentaram correlação direta com o ciclo anual de chuvas, sendo suas concentrações mais elevadas no período de estiagem: turbidez, pH, alcalinidade, sólidos totais, DQO, DBO, nitrogênio total, fósforo total coliformes totais e E. coli. Outras, correlação inversa (OD e temperatura da água), sendo as suas concentrações, na sua totalidade, mais acentuadas nos locais onde os lançamentos são pontuais e em pontos a jusante de suas contribuições.
CONCLUSÃO:
Foi possível constatar neste trabalho que a situação atual da microbacia do Caju contribui diretamente para a qualidade da água de seus recursos hídricos. Através dos resultados obtidos conclui-se que a qualidade da água do córrego do Caju encontra-se comprometida, uma vez que os valores de matéria orgânica carbonacea e de nutrientes se apresentaram acima dos valores estabelecidos pela Resolução Conama 357/05 para rios de classe II. Foi possível observar também a importância de sistemas de tratamento de esgotos para a qualidade dos recursos hídricos bem como para saúde humana, visto que no período estudado em que a estação de tratamento da microbacia esteve desativada, a carga de poluentes emitidos quadruplicou em relação ao período que esta estava em funcionamento. Contudo, a microbacia do Caju possui toda a infra-estrutura básica necessária para a mitigação dos impactos ambientais existentes, sendo necessário para tanto investimentos de infra-estrutura, recuperação das APP's (áreas de proteção permanente), reativação imediata do sistema de tratamento de esgotos do bairro CPA III, educação ambiental da população, entre outras medidas.
Instituição de Fomento: FAPEMAT, SANECAP
Palavras-chave: poluição, córrego do Caju, qualidade da água.