61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
INFLUÊNCIA DO FLUORETO DE SÓDIO NA GERMINAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE Zea mays L. (POACEAE)
Thiago de Arruda Esper 1
Amélia Vera Guimarães de Sousa 2
1. Universidade Presbiteriana Mackenzie - CCBS (IC)
2. Profª. Drª. Universidade Presbiteriana Mackenzie - CCBS (Orientadora)
INTRODUÇÃO:
Com os atuais níveis de poluição atmosférica e do solo por substâncias tóxicas, tem havido a necessidade do estudo dos efeitos de tais poluentes no ambiente, evidenciando possíveis danos teratológicos causados pelos mesmos. A questão da chuva-ácida é muito visada atualmente em decorrência, dentre outros fatores, da poluição por fluoretos os quais têm causado sérios danos às plantações e não sofrem uma fiscalização na maior parte do Estado de São Paulo. Na verdade, a CETESB, que é responsável pelo controle de emissão de poluentes no estado, nem ao menos possui valores máximos permitidos para a emissão de fluoretos. A única restrição vinculada ao flúor seria a de Cloro-Flúor-Carbono (CFC). O flúor, objeto de estudo deste trabalho, é um elemento químico altamente reativo, mas que se dispersa a poucas distâncias de sua fonte emissora (consequência de sua alta reatividade), não sendo, por isso, considerado pela CETESB (órgão responsável pelo monitoramento de emissão de poluentes no Estado de São Paulo) um poluente aéreo que necessite de um controle de emissão; ainda assim sabe-se que graças sua alta reatividade, o flúor e seus derivados são substâncias químicas presentes na chuva-ácida, e que estes são responsáveis por causar danos como clorose e necrose foliar em plantas de cultura.
METODOLOGIA:
Para a realização da pesquisa elegeu-se como material biológico frutos (ou cariópses) de Zea mays L. (Poaceae), cultivado pela Di solo; cultivar AL BENDEIRANTE, categoria S 2. E elegeu-se como agente toxicológico, soluções de fluoreto de sódio nas concentrações de 0,1 a 0,5 g/l, progressivamente. O procedimento laboratorial consistiu em três processos de germinação in vitro e dois de análise; quanto aos processos de germinação realizou-se: um teste piloto para determinação da taxa de germinação mínima das amostras, e duas germinações com agente toxicológico em duas épocas discrepantes do ano, uma no inverno, outra no verão, afim de verificar a diferença de germinação sob a influência do agente toxixológico em ambas. Quanto a análise de resultados foram verificados: taxa mínima de germinação, morfologia externa das plântulas e análise anatômica da mesma. Quanto a análise anatômica, as lâminas foram coradas com safranina e azul de alcian (Johansen, 1940).
RESULTADOS:
Com a realização dos testes toxicológicos da germinação com NaF, observou-se que no inverno a taxa germinativa varia muito com relação as diferentes estações do ano. Observou-se também que no inverno a taxa germinativa das sementes tratadas com NaF, na sua menor concentração, é 27% menor que o valor estipulado pelo teste piloto; já no verão a taxa foi apenas 0,5% mais alto que o valor estipulado pelo teste piloto. Com relação à avaliação morfológica externa, pode-se notar diferenças no desenvolvimento conforme a variação de concentração de NaF. Desde um aparente estímulo de desenvolvimento no tratamento de menor concentração, até formação de lesão, desenvolvimento acentuado de coifas, não aparecimento de pelos absorventes e o atraso do desenvolvimento da porção aérea das plântulas. Quanto a análise anatômica comprovou-se o atraso no desenvolvimento da porção aérea, além de alterações teciduais do coleóptilo plantular, e mudanças metabólicas das folhas de Zea mays, indicadas pela mudança da coloração nas lâminas. Nas plântulas germinadas com as duas maiores doses de NaF notou-se a não formação de coleóptilo, deformação foliar e a redução no número de folhas presentes nas porção aérea.
CONCLUSÃO:
Tendo em vista os resultados, a ação toxicológica do flúor, mesmo na forma do sal NaF e em baixas concentrações, traz alterações evidentes para o desenvolvimento plantular, o que, olhando para a importância econômica da espécie, acarretaria em uma provável redução da produtividade, consequência de uma poluição não monitorada. Isto sugeriria portanto a tomada de medidas para controle das emissões de fluoretos de modo geral, que indiretamente poderia aumentar a produtividade do cultivo de Z. mays. Ainda assim, estudos mais aprofundados são necessários para constatar se efeitos teratológicos obtidos in-vitro seriam vistos quando cultivado em solo com soluções de NaF de mesma concentração.
Instituição de Fomento: PIBIC Mackenzie
Palavras-chave: ecotoxicologia, Zea mays, fluoreto.