61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 2. Manejo Florestal
AVALIAÇÃO DO EMPREGO DE UMA SERRARIA PORTÁTIL E DOS IMPACTOS FLORESTAIS ASSOCIADOS AO MANEJO FLORETAL COMUNITÁRIO EM UM ASSENTAMENTO RURAL NA AMAZÔNIA CENTRAL
Paulo Eduardo dos Santos Massoca 1, 2
Gil Vieira 1, 2
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)
2. Coordenação de Pesquisas em Silvicultura Tropical (CPST)
INTRODUÇÃO:

Atividades relacionadas à exploração madeireira se destacam na economia da Amazônia brasileira. Procedimentos e tecnologias adaptados à atividade florestal nos trópicos são desenvolvidos procurando suprir principalmente a demanda de grandes empresas do setor, reduzindo custos e danos aos ecossistemas florestais. Praticada também em pequena escala em pequenas propriedades ou comunidades rurais amazônicas, a atividade acarreta impactos que podem modificar substancialmente os recursos florestais e os ecossistemas locais. Tais recursos constituem, direta ou indiretamente, fontes críticas para a geração de renda e sobrevivência dessas famílias. Identificar os problemas na exploração madeireira em pequena escala e desenvolver tecnologias apropriadas ao contexto trazem benefícios que contemplam tanto aspectos ambientais como sociais. Nesse sentido, este trabalho analisou a utilização de uma serraria portátil para a exploração florestal em pequena escala numa comunidade rural de um assentamento rural na Amazônia Central.

METODOLOGIA:

O estudo foi conduzido em um Projeto de Assentamento (PA) rural localizado ao sul do município de Presidente Figueiredo, Amazonas, Brasil. A extração madeireira é realizada pelos moradores e supre a demanda de quatro serrarias instaladas no assentamento, constituindo fonte de renda para os mesmos. Pelo período de uma semana foi acompanhada a exploração madeireira praticada em uma floresta de terra-firme do PA utilizando-se uma serraria portátil adquirida no âmbito de um projeto de manejo florestal comunitário em desenvolvimento desde o ano de 2004 no local. Sua utilização em pequena escala por comunidades rurais e pequenos proprietários constitui alternativa eficiente à motosserra no desdobro das toras. Procurou-se avaliar as atividades realizadas e os impactos à floresta a partir do desdobro das toras com a utilização do equipamento, analisando-se aspectos gerais sobre sua eficiência e seus impactos à vegetação.

RESULTADOS:

A serraria portátil mostrou-se útil no processo de exploração florestal em pequena escala. Seu emprego reduziu volume de combustível e tempo dispensado no desdobro das toras. Também permitiu a obtenção de peças em menores dimensões de modo mais refinado e uniforme, dispensando etapas de desdobro posteriores nas serrarias do assentamento. A redução significativa do volume e massa de material retirados da mata dispensa a abertura de grandes ramais para a entrada de maquinário pesado. Complicações foram observadas no deslocamento da serraria em meio à mata densa em função do terreno irregular e dos obstáculos que galhos, árvores e troncos caídos constituem. Seu transporte, montagem e operação exigem força e trabalho conjunto de ao menos 3 pessoas. Sua instalação necessita limpeza de uma faixa mínima de 2 metros paralelos à tora derrubada. A montagem da serraria sobre a tora exige sua divisão em toretes menores (4-6 metros) que devem ser movimentados lateralmente com auxílio de alavancas e matracas para o seu desalinhamento em relação à tora principal. Dependendo das dimensões dos toretes, foi necessário auxílio de até 7 pessoas nesta etapa do trabalho. Roletes são utilizados para suspender à tora, mantendo-a acima do solo e maximizando sua serragem. O tempo médio para a montagem e o desdobro da tora variou em função de aspectos como o número e a prática dos operadores, as dimensões da árvore, aspectos físicos da madeira e dimensões das peças serradas. Em geral, 1mfoi serrado entre 1-2 horas.

CONCLUSÃO:

O processo de extração madeireira tornou-se mais eficiente, com a serraria imprimindo maior velocidade às operações e elevando a produção de madeira serrada, favorecendo os ganhos relacionados à atividade. Além disso, aspectos ambientais devem ser ressaltados, como a redução de efeitos negativos na compactação do solo e regeneração natural, já que é dispensado maquinário pesado para o arraste das toras. Também é reduzida a exportação de nutrientes e o volume e peso de material transportados, visto que somente peças processadas e aproveitáveis são retiradas. Resíduos como serragem, costaneiras e peças danificadas permanecem, embora pudessem ser melhor aproveitados para geração de renda, que também seria incrementada com a utilização de orquídeas, bromélias e cipós derrubados junto às árvores. Alguns impactos poderiam ser minimizados com treinamento do pessoal encarregado pelas operações. Melhor planejamento na derrubada das árvores, considerando-se os locais de instalação posterior da serraria, evitaria a derrubada de novas árvores para abertura de espaço ao longo das toras. No mesmo sentido, poderia ser evitado o corte de indivíduos adicionais para alavancas e roletes que movimentam e sustentam as toras em processamento. Por fim, a descentralização espacial da extração madeireira evitaria a abertura de grandes clareiras na mata, muitas vezes sobrepostas, em virtude também da dificuldade de movimentação da serraria e da retirada de material de regiões mais interiores da floresta.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM)
Palavras-chave: LucasMill, extração madeireira, impactos florestais.